Seus pensamentos giravam numa velocidade extraordinária; em poucos momentos fez uma retrospectiva de sua vida.
Aquela espera estava deixando-o nervoso. Seus pensamentos não paravam. Lembrou-se de seu tempo de namoro, de seus sonhos, posteriormente do noivado e do casamento.
Do acidente que sofreu e do problema que veio com ele.
Como era diferente sua esposa da namorada doce que conheceu. Eram jovens e gostavam de “matar a aranha” todo dia.
Porém Rapa não conseguia se desligar de seus problemas da delegacia, e sofria de “sindrome de telefone celular”.
Era o mesmo tocar e ele o sacava rapidamente pensando ser algo relacionado com sua atividade policial.
E foi numa dessas vezes em que matava uma aranha com uma tesão de “motoboy”, sendo correspondido pela fogosa esposa, quando tocou o telefone.
Sem recuar desviou o corpo para atender o fone, quando sofreu uma fratura peniana.
Nunca mais ficou bom.
Passou por diversas cirurgias, ficou debilitado, depauperado, e o tal ficou meia bomba, nunca mais foi o mesmo.
Mas a esposa continuava fogosa; passou a “lavar roupa pra fora”, com a inatividade do marido.
E se este a princípio desconfiava, com o passar do tempo teve certeza.
De fato, a mulher o matriculou na “Irmandade de São Cornélio”.
A principio Rapa não concordou com a galhada exposta na testa, mas foi cedendo, pelos filhos, pela sua situação, enfim, por puro comodismo.
Fazia bem uns 25 anos que a mulher o traía. Considerava aquilo um problema eterno, estava completando “bodas de prata”.
Pensou melhor e achou que o termo eterno era muito forte para sua situação, na verdade só nos últimos 25 anos que era corno.
Tentou se esquecer desse problema, voltando o pensamento para os filhos.
Filho sim é problema eterno: antes de nascer, durante o nascimento, quando bebê, na adolescência, nos namoros, enfim, mesmo depois de casados continuam a dar problemas.
Filho é problema eterno, não os chifres, estes só existem há 25 anos!
Continuava a refletir e se entristeceu, mas de repente se alegrou, ao constatar que nos últimos tempos a mulher se condoeu de seu problema e sossegou a periquita, inclusive estava junto a ele naquele momento da consulta.
Acreditava que ela tinha dado um tempo nos “pulos fora de casa”.
Seus pensamentos agora se dirigiam para o médico, que logo mais enfrentaria.
E o problema? Um caroço que nasceu acima dos olhos, quase na testa, parecia um “unicórnio”. Coisa horrorosa!
De repente, a atendente chamou seu nome. Rapa caminhou pelo pequeno corredor como se fosse pra morte, como se fosse ser executado.
O médico o examinou e o tranquilizou: não era nada, era só um acúmulo cebáceo, e seria removido com facilidade. Até brincou com o mesmo, dizendo: “parece um mini chifre de rinoceronte”.
Rapa ficou desconfiado que o médico sabia de algo a mais e não queria lhe falar.
Após marcar a micro cirurgia, ficou mais tranqüilo.
Seu pensamento voltou-se para a esposa e tinha uma certeza: era outra pessoa.
Não encontrou a na sala de espera, e após conversar com a atendente se dirigiu para a rua e a viu do outro lado debruçada dentro de um carro, conversando com um rapagão.
Ela não havia percebido que seu marido a via, mas o rapaz a avisou. E ela virou-se para e gritou:
- Ammmmooooorrrr, ele quer nos vender esse carrão.
Rapa fez um gesto qualquer de desdém, continuou a caminhar em direção ao seu Fusca, e seus pensamentos retornaram com velocidade.
Ela sim, também era um problema eterno ou eternamente adultera!
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