Cinco passageiros e a motorista do ônibus que caiu de um viaduto na manhã desta quinta-feira (9) e acabou atingido por um trem seguiam internados em hospitais do ABC por volta das 16h. A maioria deve passar a noite sob cuidados médicos. Quatro dos pacientes estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No total, 15 pessoas ficaram feridas.
O ônibus da EMTU caiu em cima dos trilhos da Linha 10-Turquesa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) por volta das 9h30 desta quinta-feira (9), no limite entre os municípios de São Caetano do Sul e Santo André.
O veículo foi atingido por um trem. Segundo a CPTM, o acidente aconteceu entre as estações Utinga e São C O Hospital de Emergências Albert Sabin, em São Caetano do Sul, recebeu 14 feridos. Nove deles receberam alta até as 15h. Duas mulheres foram transferidas para outros hospitais. Carolina Pereira Guimarães sofreu uma lesão renal e acabou levada nesta tarde para a UTI do Hospital Maria Braido. Ela recebeu uma transfusão de sangue nesta tarde e os médicos avaliavam a necessidade de cirurgia. O estado de saúde era considerado estável.
Com uma luxação no quadril, Márcia Aparecida Beraldo Vicentini foi transferida para a Beneficência Portuguesa do mesmo município. No momento em que era levada para a ambulância, Márcia abanou a mão e disse que estava bem. O pai dela, o aposentado Sérgio Beraldo, de 68 anos, contou que ela passará por uma tomografia no outro hospital.
Três pessoas permaneceram internadas no Albert Sabin, segundo a Prefeitura de São Caetano. Gabriela Peralta Belvis teve uma fratura na costela e está na UTI, assim como Tiago Augusto de Paula, que sofreu uma fratura de coluna lombar, sem compressão medular. O terceiro paciente é Sírio Gonçalves de Souza, de 82 anos, com um traumatismo craniano leve. Ele deve permanecer em observação por mais 12 horas.
Além dos atendidos do Albert Sabin, uma mulher acabou levada pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar, para o Hospital Estadual Mario Covas, em Santo André. Ela é a motorista do ônibus e sofreu uma contusão torácica e trauma de crânio leve. A vítima ficará em observação e tem o estado de saúde considerado estável, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde.
Momentos de pânico
O cobrador do ônibus, Clóvis Santos Galdino Júnior, de 38 anos, machucou a perna e o braço e recebeu alta no início desta tarde do Hospital Albert Sabin. Ele contou como aconteceu o acidente “Foi muito pânico e desespero. A gente pensava que o ônibus ia explodir [após a queda] e tentamos sair. Quebramos o vidro de trás”, lembrou.
Ele afirma que a motorista viu um carro na contramão e tentou desviar. Chovia no momento do acidente e ela não conseguiu frear. O ônibus rompeu a mureta de proteção da Rua Felipe Camarão e caiu sobre a linha férrea. “Foi terrível, um barulho muito forte”, lembrou Júnior.
O assistente de cabeleireiro Eduardo Guilherme Scavassa, de 23 anos, estava no coletivo. “O ônibus virou e caiu. Em seguida, o trem bateu. O pessoal gritava ‘vai bater, vai bater’”, contou. Ele disse que havia sofrido um outro acidente há poucos dias. “Há duas semanas, eu tinha capotado o carro. Agora, aconteceu isso”, lembrou.
O ônibus foi retirado dos trilhos por volta das 13h40. Bombeiros, funcionários da CPTM, da Defesa Civil e dos departamentos de trânsito de São Caetano do Sul e de Santo André auxiliaram na remoção. No horário, o trecho da linha férrea onde aconteceu o acidente continuava interditado.
Busca de informações
Parentes buscavam informações na manhã desta quinta sobre feridos que foram levados para o Hospital Albert Sabin.
Lúcia Peralta chegou ao hospital para ver a sobrinha. Segundo ela, a mulher seguia para o serviço quando ocorreu o acidente. “Ela só disse que o ônibus bateu na mureta e caiu para baixo”, contou. Segundo Lúcia, a sobrinha conseguiu ligar pelo telefone celular para avisar a família. Ela passa bem. Claudio de Paula também esteve no Albert Sabin em busca de informações sobre um parente. “Estou meio desnorteado, não sei como ele está”, comentou.
A auxiliar geral Sueli Souza Pereira, de 51 anos, é filha de Sírio de Souza. Ela chegou chorando no início da tarde ao hospital. “Ele tinha saído para dar uma voltinha porque não aguenta ficar em casa. Era para eu estar com ele no ônibus”, disse.
Passageiro sentiu baque
De acordo com Roberto Barroso, que seguia pelos trilhos da CPTM, quem estava na composição sentiu um baque repentino. “Olhamos pela janela e vimos um ônibus tombado.” Barroso, que estava no primeiro vagão, disse que ninguém no trem ficou ferido. Assim como os demais passageiros, abriu as portas do trem, “para ajudar os feridos”. “Tinham muitas vítimas sobre os trilhos, ensanguentadas, no meio do barro, gritando de dor”, afirmou. “Uma situação bem feia, bem triste.” Barroso correu para ajudar uma passageira do coletivo que estava muito nervosa. “Ajudei a acalmar a vítima, que estava com muita dor.”
O porteiro Francisco Carvalho, de 63 anos, também estava no trem. Ele contou que a composição não estava muito veloz e parou de repente. Quando os passageiros desceram, viram que havia um ônibus na frente do trem.
A atriz Aline Pelegrini, de 21 anos, saiu da Estação da Luz, no Centro de São Paulo, e iria descer na Estação Santo André, no ABC, rumo ao trabalho. Sentada no primeiro vagão, ela dormia no momento do acidente. “Acordei com a movimentação dos passageiros. Não sabia o que estava acontecendo. O que mais me impressionou é que não deu para perceber o impacto. Até sair do trem, não tinha ideia do que tinha acontecido.”
Segundo a jovem, o maquinista saiu da cabine, abriu a porta e pediu para os passageiros saírem. Antes de descer, ela viu bombeiros descendo o barranco. “Fiquei impressionada, pois o ônibus ficou praticamente destruído e o trem tinha apenas um amassadinho.”
O comerciante José Onias de Barros, de 65 anos, ouviu o barulho do ônibus quebrando a barreira de proteção do viaduto e foi até o local do acidente. “Fui até lá para ver o que estava acontecendo e já vi o ônibus lá embaixo. Eu e mais pessoas fizemos sinal para ele [maquinista] parar. Ele veio maneirando. Se o trem tocou no ônibus, eu não vi. Para mim, ele encostou só”, afirmou. O comerciante contou que o socorro chegou muito rápido e ele voltou para o bar onde trabalha, não acompanhando o atendimento aos feridos.
A designer de interiores Vivian Cristina Frizon, de 44 anos, mora em um prédio do qual pode visualizar o viaduto e o local do acidente. Ao ouvir o barulho da queda do coletivo, ela correu para a janela de seu apartamento. “Pensei que fosse um trem descarrilando. Jamais pensei que fosse um ônibus. Fiquei desesperada e liguei rápido para os bombeiros.”
Segundo ela, cerca de dois minutos depois, ela ficou espantada ao ver que um trem seguia na direção do veículo tombado. “Ele vinha com velocidade. Todo mundo começou a gritar e ele foi parando. Fiquei bem chocada.”
Ônibus passou por inspeção em fevereiro
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) informou que o veículo que se acidentou pertence à empresa Interbus e operava a linha 101 São Caetano do Sul (Vila Prosperidade)/ São Paulo (Vila das Olarias). “Como gerenciadora do sistema de transporte metropolitano por ônibus, a EMTU/SP está apurando as responsabilidades junto à empresa permissionária e acompanhará com rigor a assistência às vítimas. O veículo foi inspecionado em fevereiro e estava em perfeitas condições de operação”, diz a nota. (Fonte: Caroline Hasselmann, Letícia Macedo e Glauco Araújo / G1 SP)
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