Na noite da última sexta-feira, 5 de setembro, começaram a surgir na imprensa informações sobre os nomes que Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras, teria falado em sua delação premiada. Após algumas informações desencontradas entre cada veículo, a Revista Veja publicou em sua edição deste sábado(6), uma matéria de 13 paginas em que são divulgados os nomes de diversos políticos envolvidos em propinas e corrupção dentro da estatal.
Segundo a publicação, a lista de nomes envolvidos conta com nomes importantes da política brasileira. Entre os citados pelo executivo estão os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA).
Do Senado, estão na lista Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados estão Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC), além do ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, também do PP. Vacarezza já teria aparecido nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef.
Entre os governadores, a lista tem Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto em um acidente de avião no dia 13 de agosto.
Todos os envolvidos negaram conhecimento do esquema para a Veja.
Lula sabia de tudo
Para piorar, segundo informa a Veja, os esquemas de propinas envolvendo a Petrobras teriam durado pelo menos dois anos do governo Lula, se estendendo pelo atual governo de Dilma Rousseff. Além disso, Paulo Roberto teria dito que o ex-presidente sabia de todo o caso: "Por várias vezes, tratei diretamente com o presidente Lula", teria afirmado o executivo em sua delação.
Apesar de não ter citado o nome de Dilma, a revista conta que o executivo já se mostrou bastante chateado com a atual presidente, já que, segundo ele, ela estaria atacando e criticando os ex-diretores da estatal, sem considerar que ela própria era a maior beneficiária dos esquemas, já que o dinheiro servia para ajudar a manter o apoio ao seu governo.
A revista diz que nem tudo sobre o assunto foi dito e que Paulo Roberto prometeu detalhar as conversas que teve com o ex-presidente Lula.
O esquema
De acordo com a revista, Paulo Roberto admitiu pela primeira vez que as empreiteiras contratadas pela Petrobras tinham, obrigatoriamente, que contribuir para um caixa paralelo, que tinha como destino os partidos e políticos da base aliada do governo. No caso do PT, o executivo contou que o operador encarregado de fazer a ponte com o esquema era o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto.
Os desvios nos contratos da estatal envolviam a empresa como um todo, desde funcionários de terceiro escalão até a cúpula da empresa, mantendo-se no cargo com o apoio dos três partidos: PT, PMDB e PP. Segundo Paulo Roberto, estes três partidos seriam os maiores beneficiários dos esquemas envolvendo a estatal.
A publicação ainda fala sobre as semelhanças entre este escândalo e o caso do mensalão. Segundo a Veja, o esquema, basicamente, servia para arrecadar caixa para as siglas aliadas e conseguir manter as alianças do governo.
Mais bombas pela frente
De acordo com a Veja, os depoimentos estão sendo feitos por assunto e um dos temas que tem sido destaque nos noticiários ainda não foi tocado, o caso da Refinaria de Pasadena. Apesar disso, em algumas conversas preliminares ele já teria confirmado que a aquisição foi fraudulenta e serviu para alimentar o esquema.
Os políticos e agremiações teriam recebido uma porcentagem de comissão sobre o valor de cada contrato firmado durante a sua passagem pela companhia estatal, afirmou a publicação. Até o momento, seriam mais de 40 horas de conversas e a delação deve durar ainda mais 3 semanas.
Recentemente, Paulo Roberto teria dito na prisão que se contasse tudo que sabe "não teria eleição este ano". Porém, a Veja diz que ele corrigiu sua frase ao iniciar a delação: "Pode até ter eleição, mas o estrago será grande", afirmou.
O delator
Paulo Roberto Costa (Foto) foi diretor de abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, ocupando o cargo em sete dos oito anos do governo Lula e em quase dois de Dilma.
Costa decidiu fazer a delação premiada no último dia 22 de agosto, após a Polícia Federal fazer buscas em empresas de suas filhas, de seus genros e de um amigo dele, no Rio de Janeiro. Em uma das companhias, foram encontrados indícios de que o ex-diretor da Petrobras teria várias contas no exterior.
Além de Pasadena, ele foi responsável pela obra mais cara da Petrobras, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, com preço podendo superar os R$ 40 bilhões. Os contratos seriam superfaturados e o dinheiro ilícito era repassado pelas empreiteiras ao doleiro Alberto Youssef, segundo a Polícia Federal. (Fonte: Lara Rizério/Rodrigo Tolotti Umpieres/infoMoney)
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