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Cientistas da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e da Administração de Veteranos, estavam trabalhando com ratos geneticamente alterados que desenvolvem naturalmente a calvície da cabeça à cauda, como resultado da superprodução de um hormônio do stress.
O experimento não era focado na perda de cabelo. Em vez disso, buscava estudar um composto químico que bloqueia o efeito do stress nos intestinos. Os pesquisadores trataram os ratos carecas com o composto durante cinco dias, e depois os devolveram às gaiolas – onde eles se misturaram a diversos ratos peludos de um grupo de controle.
Três meses depois, os cientistas retornaram à gaiola para conduzir experimentos adicionais. E se surpreenderam com o que viram — todos os ratos estavam cobertos de pelos, da cabeça à cauda. Os ratos antes carecas, identificados por etiquetas nas orelhas, estavam indistinguíveis de seus colegas peludos comuns.
O Dr. Million Mulugeta, co-diretor do programa de biologia do stress pré-clínico da UCLA, diz ter olhado o interior da gaiola e pensado por que os ratos carecas não estavam ali. “Perguntei a meu colega: ‘Por que estes ratos não são diferentes dos outros?’”, disse ele. “Voltamos ao nosso registro de dados, e percebemos que os ratos haviam ganhado pelos. Foi uma descoberta completamente inesperada”.
A inesperada descoberta foi relatada na publicação científica online PLoS One.
A pesquisa já começou a gerar reações de dermatologistas e pesquisadores da perda de cabelos. A Dra. Melissa Piliang, dermatologista da Clínica Cleveland, advertiu que a descoberta de um estudo com ratos pode não se aplicar a humanos. Mesmo assim, afirmou que os resultados podem estimular mais estudos sobre o papel do stress na calvície humana.
“Certamente já vimos pacientes cuja queda de cabelo piorou em períodos de muito stress”, disse Piliang. “Mas não sabemos se parte dessa calvície genética é especialmente afetada pelo stress. Acho que isso é muito promissor para pesquisas e tratamentos futuros”.
Mas o Dr. George Cotsarelis, presidente do departamento de dermatologia da Universidade da Pensilvânia, disse que qualquer tratamento desenvolvido a partir dessa pesquisa provavelmente se aplicaria apenas à queda de cabelo por stress, como aquela causada por eventos pontuais, e não como tratamento para a calvície genética.
“É difícil dizer que isso possa levar a um novo tratamento”, disse ele.
Efeito preventivo também contra perda da cor – Mulugeta aposta que a descoberta possa levar a novos caminhos na pesquisa sobre a queda de cabelos. A equipe decidiu repetir o experimento diversas vezes. A cada vez, os ratos carecas tratados por cinco dias com minúsculas doses do composto, cultivaram pelos novos em apenas algumas semanas. Em outra série de experimentos, o composto foi injetado em ratos jovens, antes que seus pelos caíssem. Esses ratos nunca ficaram carecas, sugerindo que o composto também teria o potencial de evitar a calvície relacionada à idade.
O efeito também pareceu persistir após somente uma série de tratamentos. Os cientistas continuaram a observar os ratos por quatro meses – um período bastante longo, considerando-se o ciclo de vida de dois anos de um rato. Os pelos novos permaneceram nos ratos ex-carecas, e aqueles tratados para prevenir a queda de cabelo nunca ficaram carecas.
A duração do efeito é importante, pois os remédios atuais de prevenção à calvície – incluindo minoxidil e finasterida – exigem o uso regular para manter o que geralmente se descreve como um resultado apenas modesto.
Ainda assim, Cotsarelis advertiu que o ciclo de crescimento de cabelos é muito diferente em ratos e humanos, então as conclusões tiradas a partir da pesquisa são limitadas.
Mulugeta concorda que qualquer tratamento para humanos está, na melhor das hipóteses, a alguns anos de distância. “Estamos nos estágios iniciais do trabalho”, explicou ele. “Conseguimos uma observação muito forte, mas não sabemos se esse efeito poderia ser repetido em humanos. Como ele funciona? Tudo isso precisa ser desvendado, e nossa intenção é prosseguir com os estudos”.
Os ratos usados nos experimentos foram geneticamente alterados para superproduzir um hormônio do stress, chamado fator liberador de corticotrofina (ou CRF, da sigla em inglês). Para bloquear a ação do CRF, os pesquisadores injetaram nos ratos um peptídeo chamado astressin-B. O experimento foi criado para medir o grau em que o peptídeo inibiria os efeitos do stress nos intestinos.
O mecanismo usado pelo peptídeo para estimular o crescimento de pelos não é conhecido, segundo Mulugeta. O agente parece agir em receptores de hormônios de stress na pele e perto, ou dentro, do folículo capilar. “O folículo capilar desses ratos é inativo”, disse ele. “Algo iniciou um ciclo para colocá-lo em fase de atividade, uma fase de crescimento capilar”.
Mulugeta também apontou que, além de evitar a calvície, o agente afetava o pigmento de pele dos ratos – sugerindo que o composto pode ter o potencial de afetar a cor do cabelo, incluindo cabelos grisalhos.
“As evidências deste estudo mostram com segurança que a queda de cabelos não é uma perda permanente, e isso já é importante por si só”, disse ele. “A substância antagonista realmente ativa um mecanismo que abrange diversos fenômenos biológicos, incluindo crescimento e coloração dos cabelos. Nós seguramente pretendemos continuar com a pesquisa”. (Fonte: Portal iG)
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