...Jr, saiu ao contrario do pai, era malandro, vagal, cometia pequenos delitos e sua trajetória criminosa era preocupante, até que seu pai, resolveu agir.
Semana do carnaval, era o ideal para por em pratica um plano, para ver se o seu menino, como carinhosamente o chamava, tomava jeito; pois nosso herói estava ligadíssimo, atrás de tóxico, para usar durante os festejos momísticos.
Seu pai, sabendo disso resolveu agir, executando um plano máster, que incluía, se fosse necessário, a prisão do filho.
A finalidade era dar-lhe um grande susto. Para tal conversou com os policiais Quero o Meu, Alongado e Alongadinho.
Nada percebendo Jr, pediu uma verba pro pai para gastar no Carnaval; pediu logo R$5 mi, e o pai lhe deu, sem choro.
Isso causou uma certa desconfiança no Jr. – O que será que esta ocorrendo?
Na sexta feira de carnaval, de posse da grana Jr. se dirigiu a uma boca de droga, onde adquiriu pó.
Mal tinha dois fora preso em flagrante. Argumentou que seu pai era policial aposentado, que era filho do grande Ausêncio; mas tudo em vão.
Os tiras lhe colocaram algemas, mandaram-no calar a boca e o conduziram para a DP, para a lavratura do flagrante.
Na lavratura do flagrante é indispensável que se verifique se realmente aquele pó apreendido, era mesmo droga, para não perderem tempo.
Essa verificação é simples para os policiais; o tira Alongadinho enfiou o dedo no pó e o colocou na gengiva. Em seguida aproximou-se do chefe e falou baixinho: Não tem nada de droga aí, não é tóxico, tá com jeito de bicarbonato de sódio.
A Autoridade Policial resolveu ligar para o colega Ausêncio, comunicando os fatos.
Ausêncio atendeu ao telefone e conversando com o colega explicou o trato que havia feito, com o traficante e com o tiras, para dar uma lição no filho, e pediu que fosse lavrado o flagrante contra seu o filho assim mesmo.
E assim foi feito, sem que Jr soubesse do “marmelo”.
Ausêncio calculou bem: ele é autuado na sexta feira de carnaval, antes de quarta feira ele não sai!
Era hora de colocar em pratica a segunda parte do plano. Para tal dirigiu-se à Cadeia Publica, onde foi recebido com festa pelos carcereiros e presos lideres dos xadrezes, e conversou com os mesmos explicando o “marmelo” e pedindo colaboração no plano: eles deveriam dar um grande susto no filho, mas sem machucá-lo, alias, protegendo-o, caso alguém quisesse fazer-lhe mal.
Todos concordaram e fizeram um pacto de silencio, incluindo ai os carcereiros. Logicamente que Ausencião deixou um pedágio suficiente para um mês de erva e cachaça.
Quando Jr. chegou à Cadeia, encontrando-se ainda no hall, já ouvia os gracejos dos presos.
- Dou cinco maços por essa gracinha, essa carninha fresca. Venha aqui, tesão, aqui não lhe faltara carne nem leite; raspa essa perninha branca; quero que você vista essa calcinha preta aqui; você vai ser eleita a nossa rainha do carnaval ...
Jr. se apavorou ao perceber que estava sendo leiloado. Ao entrar no xadrez, o chefe do mesmo, chamou-o num canto; tratava de um elemento alto, forte, e com um forte tique nervoso nos olhos, não parando de piscar e falou-lhe ao pé do ouvido:
- Querido, aqui tem dia que sou mulherzinha e tem dia que eu hominho. Hoje, para sua alegria, eu sou homenzinho. Em seguida lhe exibiu a enorme estrovenga de jumento.
Jr. ficou apavoradíssimo, não dormia de medo, nem comia, não saia do lugar, não trocava de roupa, não tomava banho.
A noite o pai foi avisado pelo carcereiro dessa situação, e recebeu a ordem de continuar mais um dia e posteriormente o retirassem dali para um xadrez isolado.
Assim foi feito; na quarta feira, quando o laudo do tóxico chegou com a informação de que, o pó examinado não era tóxico, o flagrante foi relaxado.
A Autoridade chamou Jr ao seu gabinete.
- Você está solto, te enganaram com a droga, você comprou pó de extintor, pó de mármore e farinha de trigo, como se fosse cocaína. Tem direito de registrar um bo., de estelionato contra o traficante vendedor.
- Não doutor, encerrei minha participação nessa vida criminosa, amanhã mesmo vou tirar minha carteira de trabalho e arrumar um emprego. Essa é a malandragem da vida. Cadeia não foi feito nem pra cachorro. Até logo, ou melhor, até nunca mais.
Wagner Sampaio é Advogado
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