E vivendo com a falta de grana, sempre estava aprontando; tentava arrumar “algum” todo dia; acabou sendo transferido para a polícia civil do ABC-Paulista, onde foi meu colega de plantão.
A transferência era para castigá-lo; ele vinha de uma das DPs., mais concorridas na época, a Delegacia de Hotéis, do antigo DEIC.
O motivo da transferência logo ficou evidente; o cara era enrolado, cheio de problemas e o pai da vagabundagem.
Em Santo André ele começou por baixo: no plantão noturno, onde era comum encontra-lo procurando um lugar para acomodar-se, ou seja, vinha para o plantão para dormir...
Vivia fugindo das mulheres, ao que parece em numero de seis; que o procuravam diariamente na DP, querendo dinheiro etc etc, e exigindo explicações sobre seus sumiços.
As vezes havia duas mulheres procurando-o ao mesmo tempo, o que o deixava louco.
Certa feita comentando sobre sua vida, afirmou que essa transferência de delegacias, desarrumou sua vida financeiramente, que já não era boa...
Comentou que as seis mulheres, com as quais convivia, embora não sendo casado, ele ia levando sem problemas maiores; mas ele possuía um casamento indissolúvel, esse nem a lei de divorcio conseguiria separar ou dar um jeito.
Era seu casamento com o saldo negativo do seu cheque especial. Consta que era um casamento de mais de vinte anos e sem sexo; embora houvesse juras de amor, cobranças e pagamentos, ele estava cheio dessa convivência e embora quisesse livrar-se da “cara metade”, o mais rápido possível, não conseguia.
A “cara metade” estava lhe comendo por uma perna; o consumia mensalmente, na verdade, consumia mais que todas as outras seis mulheres juntas.
E com o tempo andando para a frente e sua situação piorando dia-a-dia, o desespero tomou conta de si, e não encontrando solução, resolveu praticar um assalto contra uma casa loterica.
Não entendia de ser bandido e foi com a cara, coragem e os apetrechos da policia para a ação criminosa: revolver, algemas, etc etc.
Durante o roubo um cliente da loteria não parava de se mexer. Nosso herói não teve dúvidas, algemou o cara num corrimão dentro da lotérica.
Feito o assalto fugiu com os valores roubados, esquecendo-se das algemas, onde constava o brasão da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo e o número do objeto.
Antes de chegar em sua casa já estava preso em flagrante.
Durante o interrogatório lamentava a “má sorte”, resmungou muito, chorou e desabafou:
- Não sirvo pra nada mesmo, sou igual a “água de salchicha” ou “barriga de freira”!
Wagner Sampaio é Advogado
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