Os ventos atingiram cerca de 110 km/h por volta das 14h, logo após uma forte tempestade atingir o Estado, com velocidades e cargas contrárias, o que favorece uma 'torção" do vento, uma das principais características desse fenômeno. O prefeito Miderson Janello Milléo decretou estado de calamidade pública nesta segunda-feira (23), depois que metade da cidade ficou sem luz e sem telefone.
Segundo Vagner Anabor, professor de meteorologia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria-RS), além dos registros fotográficos da clássica nuvem em formato de funil, que ajudam a confirmar a ocorrência do evento, a velocidade registrada está próxima da primeira escala de intensidade dos tornados, a F1, que abrange ventos de 117 km/h a 180 km/h --na categoria F5, a mais intensa, os ventos variam entre 420 km/h e 511 km/h.
O professor afirma que os tornados têm mais chances de ocorrer nos Estados do Sul do país --chegando, inclusive, aos municípios paulistas que estão próximos à divisa do Paraná, como é o caso de Taquarituba--, no Paraguai e no Norte da Argentina.
"A climatologia indica que a região [do Cone Sul] apresenta entre oito a dez dias favoráveis para a ocorrência desses eventos. Para comparação, a região central dos Estados Unidos, o 'corredor dos tornados', apresenta registros climatológicos para ocorrência de mais de 14 dias por ano."
Tornado em Taquarituba (SP) mata duas pessoas
Já o meteorologista Fábio Rocha, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), afirma que o fenômeno foi isolado em Taquarituba e que será investigado pelo órgão --segundo informações do Corpo de Bombeiros de Avaré, cerca de 60 quilômetros de Taquarituba, o tornado durou apenas cinco minutos no centro da cidade.
Ele diz que o tornado foi provocado pelo encontro de uma frente fria vinda do Sul do país com uma massa de ar quente que cobria o Estado de São Paulo –o que resultou apenas em chuva e ventanias na maioria da região.
O tornado pode variar de alguns minutos até uma hora e estende-se, horizontalmente, por algumas dezenas de metros a um quilômetro. Ele se forma, geralmente, após uma tempestade, quando uma corrente de ar frio sai de uma nuvem em direção ao solo. Quando a atmosfera está muito seca, a rajada ganha velocidade e gira bastante, sofrendo uma "torção". É aí que, "serpenteando" pelo chão, o funil de vento suga o que encontra pela frente e espalha para fora do seu caminho os destroços.
Muitas vezes, diz Anabor, o caso extremo de vendaval, chamado de microburst (microexplosão, em inglês), é confundido com os tornados, devido à magnitude de seus danos. "Mas ele apresenta características peculiares: não possui nuvem funil nem ventos rotantes [como foi presenciado em Taquarituba]. Seu dano é característico e pontual, pois espalha os destroços direcionalmente com a rajada de vento, que chega até 180km/h." (Fonte: UOL)
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