Fonte: Divulgação [-] [+]
Naquela época havia somente dois partidos: a favor e contra o governo.
O partido do governo fez convenção e apontou três candidatos à Prefeito, naquela época isso era possível, já a oposição não tinha ninguém, para enfrentá-los, vez que, juntos eram imbatíveis.
Como não havia ninguém, Dr. Péricles foi o escolhido.
A partir de então, embora fosse o azarão, alguns fatos estranhos passaram a acontecer com nosso herói.
Inicialmente foi pichado, seu nome numa estátua de um jegue que havia numa praça pública.
Esse fato foi marcante e selou o destino daquela campanha.
Essa estátua ficava defronte ao Centro Cultural Nordestino, local de eventos com presença de grande público nos fins de semana.
Essa pichação ofendeu a comunidade nordestina.
O segundo fato marcante na campanha aconteceu num sábado. Dr. Péricles residia numa casa defronte ao maior hospital da cidade, onde centenas de pessoas fluíam diariamente.
Ali, defronte sua casa pela manhã, apareceu uma rapariga, que no passado tivera com caso com nosso herói, a chamar-lhe pelo nome; ficou nuazinha e gritava palavras obscenas.
Foi um escândalo gigantesco; a cidade toda tomou conhecimento desses fatos. A polícia interveio, a moça foi removida dali, mas Dr. Péricles acabou sendo expulso de sua casa.
Foi morar nos fundos do sindicato.
A desgraça ainda não acabara, logo em seguida sofrera um acidente de veículo e ficou manco, tendo de usar muletas pro resto da vida.
A campanha continuava. Dr. Péricles pensou seriamente em abandonar a candidatura; seus assessores e profissionais de marketing não concordaram, passaram a orientá-lo e traçaram uma estratégia para a mesma.
Primeiro ato da campanha: compraram um jegue, que passou a ser o símbolo da candidatura e recebeu o nome de Junior.
A rejeição do nosso herói era de 103%, vez que, além de toda a cidade, a esposa, a filha e a ex também não votariam nele.
Segundo ato da campanha: Contrataram uma pessoa, “o Primo”, para cuidar do Junior. Um “Encantador de Jegue”. Os adversários o chamavam de ‘Primeiro Ministro”.
Primo e Junior passaram a ser unha e carne; o jegue entendeu o espírito da coisa e passou a acompanhar a comitiva em todos os comícios, passeatas, encontros etílicos, religiosos, mundanos, quermesses, portas de fabricas, visitas publicas, intimas, coletivas etc.
O jegue se apresentava com uma faixa com o nome do candidato, e chamava a atenção dos presentes, a um simples toque ‘mostrava os documentos”, para alegria dos presentes.
Novamente o destino se meteu na campanha. Um repórter de uma TV da capital resolveu entrevistar o jegue, através de um intérprete que, segundo consta entendia a linguagem do muar.
Em suas falas, Junior, o jegue, deixava claro que era jegue e não burro ou asno, embora nada tivesse contra esse pessoal; que pretendia, com sua influencia junto ao candidato melhorar a vida dos seus semelhantes, como também a construção de um “mulodromo”; solicitaria a criação do “disk alfafa”. Caso ocupasse algum cargo importante, não se esqueceria do povo esquecido etc etc.
Após a entrevista ir ao ar, esse fato teve grande repercussão na cidade.
Dr. Péricles, temendo que Junior tivesse mais votos que sua candidatura, registrou outras alternativas como Burro, Burrão, Jegue, Junior etc.
Na campanha, Junior passou a ter tratamento Vip; para onde ia, acompanhava-o um “frigo-jegue”, com alfafa, milho, ração, cenoura, água filtrada.
O resto da campanha foi uma festa; o comício de encerramento foi um fato apoteótico, na praça defronte ao centro cultural nordestino. Havia uma multidão para assistir ao showmício com a presença de cantores de renome nacional.
Junior parecia entender o que estava acontecendo e mantinha o bom humor o tempo todo.
Veio a eleição e Dr. Péricles obteve 74% dos votos, mais do que todos os candidatos juntos. Posteriormente foi re-eleito Prefeito e duas vezes eleito deputado federal.
Para os profissionais da campanha restou uma definição:
“O povo gosta de homem polêmico!”
José Wagner Sampaio é advogado
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