Naquela oportunidade, o cidadão pra ser candidato a algum cargo do executivo, tinha que vencer uma eleição interna no partido.

Consta, que o nosso herói era candidato a candidato, com pequena rejeição devido a problemas particulares; embora possuísse os demais requisitos necessários para tal candidatura, como muito dinheiro, ser muito conhecido na cidade, era nativo da terra; o prestigio era uma incógnita, pois estava matriculado na irmandade de São Cornélio há algumas décadas.

Aliás, consta que gozava de uma situação igual a telesena, chifre de hora em hora.

Se olhasse no espelho, o adorno na testa se manifestava.

Havia muita resistência do candidato, como diz o adágio popular “passarinho que come pedra, sabe o bico que tem”.

Já os adversários afirmavam que diariamente nosso herói olhava-se e perguntava “espelho, espelho meu, existe adorno maior que o meu?”

Os seus assessores políticos, não se sabe por que razão, concluíram que, se, houvesse um transplante dessa situação, ou seja, transplante dos chifres, ou reversão dessa situação, a candidatura poderia ser viabilizada.

Como se isso fosse possível !!!!!

Bolaram um plano e dar uma publicidade escandalosa a tal transplante...

Aí começa nossa história.

Era uma sexta-feira, começo do plantão policial noturno; estavam de serviço Dr. Cinquentinha, os tiras “Quero o Meu” e “Ju-Flor”, este último simpatizante do movimento “G.L.S.”

De repente aportaram no plantão policial, a PM apresentando um casal “VIP”, com ocorrência policial de adultério e agressão.

Juntamente com o casal vinha uma penca de gente, posteriormente identificados como assessores políticos e repórteres locais.

Dentro do “cirquinho” armado pelos assessores, do qual, os policiais só desconfiaram posteriormente, era bem nítida a intenção de que o caso fosse adiante, embora alguns assessores demonstravam temor pelas conseqüências na futura candidatura; era unanimidade que o escândalo não vazasse...

Como se isso fosse possível, vez que eles próprios trouxeram a imprensa.

Essa situação era totalmente confusa para os policiais, estando todos falando ao mesmo tempo.

Dr. Cinqüentinha perguntou ao marido (o galhudo) o que tinha acontecido.

- Doutor eu tenho uma amante há muito tempo, e hoje minha esposa nos surpreendeu e nos agrediu, conforme o senhor pode ver aqui no meu rosto. Eu exijo corpo de delito.

- Isso procede minha senhora?

- Sim doutor, esse cachorro tem uma amante há muito tempo e hoje eu os surpreendi e não me contive.

- Bem, cadê a amante?

- Ela aproveitou-se da confusão e fugiu – completou a agressora.

- A senhora sabe o nome dela, ou o endereço.

- Não tenho a mínima noção.

O Dr. Cinquentinha percebendo que era uma briga de marido e mulher, uma pequeníssima agressão, ponderou se não era melhor jogarem uma pá de cal em cima dos fatos e os esquecessem.

Ante a hesitação do casal, e a insistência dos assessores em prosseguir com os fatos, o Dr. Cinquentinha desconfiou da armação.

Dando um tempo para refletir, a autoridade policial se afastou para outra sala com seus tiras.

- O que vocês acham? É muito estranho; alguns assessores querem que a ocorrência vá adiante, outros não querem, estão fazendo o tipo “morde e assopra”.

- Não aconteceu nada doutor, pode acabar aqui, falta a amante, que poderia comprovar tudo isso, afirmou “Quero o Meu”.

Voltando ao plantão Dr. Cinquentinha registrou o caso como desinteligência / agressão e solicitou exame de corpo de delito para a vitima, explicando que não faria o registro do adultério ante a ausência da parte adulterina.

Resumo da ópera: o caso teve grande repercussão na cidade, mas ninguém acreditou naquela armação, mesmo porque, a vitima era conhecidíssimo como frouxo, como diria “Odorico Paraguassu” um “corno juramentado”, com registro em carteirinha e RX positivo e de uma hora pra outra não iria mudar para pegador ...

A figura conseguiu ser candidato do partido, mas perdeu a eleição.

Moral da história: embora a medicina evolua dia-a-dia, com descobertos diárias, num progresso extraordinário, chifre é como DNA, é pessoal, impossível de ser transplantado!

Wagner Sampaio é Advogado

Leia também:
MORDENDO O PRÓPRIO RABO, por Wagner Sampaio