....provavelmente onde tomou todas, num determinado trecho da estrada, embora estivesse dentro do seu carro, teria ouvido fortes piados vindos de fora.
Dentro deste contexto etílico, aqueles piados serem ouvidos por alguém dentro de um carro em movimento é puro milagre! Pois, sabe-se lá em que dosagem alcoólica esse ouvinte se encontrava.
Parou, desligou o veículo, apurou os ouvidos melhor e de fato constatou a existência dos piados intensos, vindo do mato.
Após muita procura e auxiliado por outros transeúntes, que por ali passavam e foram despertados pelo mesmo motivo, acabaram encontrando um pintinho, no meio de um capinzal alto.
Recolheu-o, colocou-o dentro do bolso da camisa e foi cumprir seu dever cívico: votar.
Diria o poeta, foi amor ao primeiro piado.
Consta, que quando se encontrava dentro da cabine indevassável, dedilhando seu voto, o pintinho piou várias vezes.
Eu disse piou; provavelmente ele estivesse protestando, chiando, discordando, antevendo a incompetencia que vinha daquele ato!
Um esperto fiscal eleitoral aproximou-se para ver o que estava ocorrendo, já pensando o pior.
Mas sossegou, ante a informação do policial de que se tratava da sua cola – sonora.
Nosso herói, o pintinho, foi colocado numa chocadeira e transformou-se num lindo galo multicolorido, com as linhagens da raça bem definidas, recebendo o nome de “Billy the Kid”.
O mesmo nome do lendário bandido americano tinha razão de ser, na medida em que o pintinho ia se transformando em um belo galo e literalmente pondo suas asinhas de fora, ou seja, dava estocadas (sacava rápido) contra os desconhecidos, que porventura aparecessem em seu galinheiro, “in casu”, todo o pátio da DP.
Sendo tratado a pão-de-ló e recebendo dengos diariamente, alguém sugeriu que o galo necessitava ser examinado por um veterinário-psicanalista, pois agia como se fosse cachorro, na medida em que costumava passear ao lado de seus amigos policiais pelo pátio da delegacia, às vezes indo até ao plantão, e como um cão, não gostava das pessoas desconhecidas.
Por vezes fora necessário contê-lo; parecia despertar dentro de si um verdadeiro “pit-bull”.
Com o passar do tempo, já não era mais possível deixá-lo solto no pátio, pois seu instinto animal de “galo de briga - pit-bull” falava mais alto. Ele investia contra todos os desconhecidos.
Reinava no pátio. Diante da situação insustentável, vez que dezenas de pessoas diariamente tenham acesso àquele prédio público, pois ali também funcionava a delpol de trânsito, e o setor de expedição de cédulas de identidade, resolveram por bem doá-lo para um criador especializado na raça, a fim de que o mesmo desse continuidade a sua apurada linhagem, de galo de briga.
Wagner Sampaio é Advogado
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