Isso é matemática.
Os candidatos já devem preparar dois discursos: um em caso de vitória e outro de derrota, com grande possibilidade de ser utilizado o segundo.
E agora, o que vou falar lá em casa? Eles que sempre foram contra essa loucura...
Tem que ter uma desculpa pronta para a família, para os amigos, para os mais chegados, enfim para a base eleitoral, como forma de sobrevivência política.
A primeira opção é a sinceridade: Não deu!
Em seguida, dá-se uma pausa estratégica, esperando pela segunda pergunta do interlocutor; se por ventura ele perguntar pela próxima disputa, você responde que começou a campanha ontem. Aqui é importante uma entonação de voz mais alta, firme e segura.
Se porventura seu ouvinte nada falar, você também fica na miúda, quieto, pois o silêncio nas derrotas, fala mais do que qualquer discurso...
Ou o amigo poderá lembrar-se de Janio Quadros, argumento que a derrota deu-se por “forças ocultas”; é uma forma de dar uma desculpa boa, mas não explique nada, porque embora essa expressão tenha sido usada há mais de 50 anos, até hoje ninguém sabe ao certo o que ela significa, nem seu autor soube explicá-la.
Odorico Paraguassu é outra boa opção. Deve-se convocar a imprensa informando que fará um pronunciamento à nação: “Estamos aqui reunidos num esforço herculistico para desfazer esse mal entendido contra a minha pessoa, contra meu futuro ex governo, pois estão querendo me desestabilizar, logo agora que começo minha marcha batida para o Planalto Central. Só Deus sabe o que estou sofrendo na epiderme, na derme, ou melhor, no meu braço ambidestro. Doravante temos que olhar prafrentemente, porque pratrasmente fui traído por essa imprensa marronzista e porque não dizer também, sanguinolenta, que jogou o povo contra minha pessoa.
Prafentemente vou tratá-los debaixo de pau, no cassete, vai ser paulada, machadada, enfim tudo o que termina em “ada”. Tudo o que fiz, foi pensando no bem estar desse povo, mas as minhas ações tiveram uma conotação depreciativa muito grande, imensa, inclusive de minha pessoa, influindo o povo dentro das nossas fronteiras e porque não dizer além das fronteiras e até no exterior, incluindo Paraguai, Jarinu, Passa Três. Mas isso tudo nos deixa uma lição “é de menino que se torce o pepino”. Essa imprensa ao invés de se preocupar comigo devera um estudo do tipo “como enriquecer fazendo sexo. E tenho dito!”
Podemos lembrar-nos da origem do PT, quando disputou as primeiras eleições no ABC. Na oportunidade seus postulantes a cargos eletivos, derrotados, falavam em “tubarões”, em “luta de tostão contra o milhão”, “império capitalista”. Essas desculpas são boas porque caem no gosto popular, vez que, de uma forma ou de outra o povão sempre teve problemas financeiros.
Eu aproveitaria o fato do maratonista Vanderlei Cordeiro, estar liderando a prova olímpica e ser agarrado por um louco, prejudicando-o. “Se nem ele ganhou, que liderava a maratona, porque eu ganharia?”
Se você estiver justificando para um eleitor estudioso, letrado poderá citar Abraham Lincoln que disputou e perdeu oito eleições, antes de ser presidente dos Estados Unidos.
Poderá também afirmar que essa “sonífera ilha”, perdeu muito com sua derrota, pois você se via em situação de melhorá-la!
Nesses momentos de adversidade citar o adágio popular “tem mal que vem pra bem”, cai redondinho e dá mostras de estar com o espírito desarmado de qualquer magoa interior.
Não descarto a possibilidade e radicalizar, mostrar-se muito nervoso, revoltado, injustiçado e praticar algumas ações como: “chutar a Santa, por fogo num Pataxó, por fogo em mendigo, atirar um cachorrinho contra a parede, matar e picar o amante, usar e desfilar com a camisa do Corinthians”; posteriormente mais calmo poderá afirmar que abandonou o barco, a política, saindo com classe, usando os versos do Adoniram Barbosa: “apaga o fogo Mané, eu não volto mais”.
Não se deve em hipótese alguma citar o Pelé, afirmando que “o povo não sabe votar”.
Brincadeiras a parte, o jogo democrático através das eleições livres e diretas é uma das maiores conquista do povo, e o derrotado hoje poderá ser o vencedor amanhã. Aí está a beleza democrática!
Wagner Sampaio é Advogado
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