Fonte: Divulgação [-] [+]
Bere era empregada doméstica e não possuía sorte com namorados.
Sonhava o dia inteiro com alguém que lhe levasse pro altar. Considerava-se a mulher das músicas do Wando.
Era uma sonhadora. Dava duro o dia inteiro cantarolando musicas bregas. Pretendia se casar vestida de branco de véu e grinalda, no mês de maio, na Igreja de Santo Antonio, com um arranjo flor de laranjeira, o futuro marido trajando terno azul, igual àquele que viu no crediário da loja da esquina.
Mas o tempo ia se passando e Bere nada de desencalhar.
Todo dia era aquela dureza. Levantava-se muito cedo. Após um café ralo, pegava o circular para ir trabalhar do outro lado da cidade. Nesse horário, o coletivo estava lotado. Nunca aparecia um cavalheiro que lhe desse um lugar sentado. Tinha que ir e vir em pé, no meio daquele povão.
No coletivo, sempre tinha um espertinho que se encostava na sua “zona de lazer” e viajava ali encostado, curtindo o sacolejar do veículo.
Bere percebia o volume crescer, mas precisava arrumar marido, então ficava quieta esperando que a coisa acontecesse. Mas nada.
Porém, ultimamente, um marmanjo grande estava tomando o ônibus no mesmo horário dela e portava-se como dono do pedaço.
Era só Bere entrar no coletivo e ficar em pé que ele já se achegava “como um sem terra”, a tomar conta da “área de lazer”. Mas ficava só nisso, não assumia compromisso, não falava em namoro, se omitia. Na verdade, o mancebo só queria curtir o sacolejo da morena no coletivo.
Bere já tinha dado uma examinada na “mercadoria” e aprovado o moço como futuro companheiro.
Porem, não concordando mais com essa situação, resolveu agir. Pensou muito naquele fim de semana, e tomou a decisão.
Na segunda-feira, Bere tomou o mesmo coletivo, no mesmo horário, com o propósito de pôr um ponto final na situação e, para tal, armou-se com um alfinete, esperando que o ônibus estivesse lotado.
Logo que Bere chegou, o marmanjo foi se encostando, como que encaixotando-a, não dando margens para que ela fugisse daquela posição. Tão logo ele encostou em seu traseiro, tomou uma alfinetada bem na “testa”.
O marmanjo deu um pulo pra traz, como se estivesse num rodeio montando no touro “Bandido” e, logo em seguida, foi um sangramento só.
Foram parar na Polícia. O marmanjo se queixando de agressão, Bere de assédio sexual e que sua atitude era de legítima defesa. O marmanjo dizia que se acostumara com a situação e que ela permitia. Ela, que o acostumara pensando em fisgá-lo. Discutiram, trocaram acusações, ofensas e, finalmente, os números dos celulares.
O certo é que saíram juntos do D.P. e Bere passou o resto do dia fazendo curativo pro marmanjo, no motel “Sonho de Noiva”, onde descobrira que o mesmo se chamava Wando, como seu grande ídolo.
José Wagner Sampaio é advogado
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