Após mais de cinco meses de preparativos, o príncipe William e Kate Middleton se casam nesta sexta-feira, às 11h (7h de Brasília), na Abadia de Westminster, em Londres.
O casal trocará seus votos diante de dois mil convidados no interior da abadia, e de bilhões de pessoas que assistirão à cerimônia por TV ou internet ao redor do mundo.
A expectativa em torno da união é muito maior do que a que cerca qualquer casal comum: trata-se de uma esperança de renovação da monarquia britânica.
Especialistas na história da realeza do Reino Unido afirmam que membros da monarquia, da aristocracia e do universo político britânico acreditam que a união de Kate e William sobreviverá e será longa e feliz, ao contrário de muitas uniões recentes da família real do país.
Segundo o repórter da BBC especializado em monarquia Peter Hunt, a realeza "sobrevive ao ser notada e murcharia se fosse ignorada".
Por isso, afirma ele, casamentos são importantes para a família real, porque "revigoram instituições centenárias", renovam o interesse do público em suas atividades e prometem a chegada de uma nova geração - que perpetuaria a dinastia de Windsor.
Apesar de enormes mudanças na atitude da realeza desde que a rainha Elizabeth 2ª foi coroada - em 1952 - , pesquisas de opinião revelam que a maioria da população ainda é favorável ao status quo britânico. Na semana passada, o jornal The Guardian publicou consulta revelando que 66% do público acredita que a realeza é relevante para a vida do Reino Unido.
Futuro
De acordo com especialistas ainda há dúvidas, entretanto, sobre como será a "era William e Kate".
Há perguntas sem resposta, como qual será o futuro papel de Kate na família real? Ou como o casal lidará com a demanda cada vez maior por visibilidade, à medida que a rainha - já octogenária - inevitavelmente for reduzindo suas atividades públicas? E quais são os riscos de um casal jovem ofuscar o homem que será o futuro rei, o príncipe Charles?
As respostas surgirão nos próximos meses e anos. Sabe-se de imediato que William tem um destino a cumprir, como piloto da Força Aérea Britânica e segundo na linha de sucessão do trono britânico. Seu destino é, um dia, ser rei.
Já Kate terá que conquistar seu papel como membro sênior da realeza, e achar algumas causas de caridade para representar.
Acredita-se que William - que se ressente da perseguição dos paparazzi à sua mãe, a princesa Diana - tente obter um acordo para aplacar o sempre voraz apetite da imprensa britânica, e assim conseguir viver sua vida de casado com relativa privacidade.
Alguns especialistas acreditam que a opção do casal pela discrição já tenha sido demonstrada no planejamento do casamento - que será repleto de pompa e circunstância, mas não muito extravagante.
Sabe-se que a crise econômica vivida pelo Reino Unido não permitiria um casamento extremamente luxuoso.
Mas analistas insistem em afirmar que a escolha da Abadia de Wesminster - em vez da Catedral de Saint Paul, onde Charles e Diana se casaram - e por um coquetel seguido de jantar no palácio de Buckingham após a cerimônia religiosa, se deve também ao fato de que William e Kate querem ser a cara de uma monarquia mais simples, contemporânea e mais "pé no chão".
Programa oficial
Algumas tradições, entretanto, não serão abandonadas. O Palácio de Saint James, residência oficial dos príncipes William e Harry, afirmou que a cerimônia na Abadia de Westminster será a "epítome da britanicidade".
De acordo com a programação oficial do casamento, divulgada na quinta-feira, a noiva entrará na igreja ao som do hino de coroação "I was glad", de Sir Charles Hubert Hastings Parry, do salmo 122.
A composição foi concebida para a coroação do tataravô de William, o rei Edward 7º, na Abadia de Westminster, em 1902.
O príncipe Charles e sua esposa, Camilla Parker-Bowles, o príncipe Harry, os pais de Kate - Carole e Michael -, a irmã da noiva, Pippa, e seu irmão, James, serão testemunhas do casamento.
De acordo com os detalhes da cerimônia, a noiva prometerá "amar, confortar, honrar e proteger" o seu cônjuge.
Entretanto, a exemplo do que ocorreu no casamento de Diana e Charles, o termo "obedecer" foi excluído dos votos matrimoniais.
Em mensagem publicada no programa oficial do casamento e divulgada na quinta-feira, William e Kate dizem estar "incrivelmente emocionados" com o afeto da população em relação a eles desde o anúncio do noivado.
Eles agradecem "sinceramente a todos por sua gentileza", e afirmam: "Estamos felizes que você pode se unir a nós nas comemorações do dia que, esperamos, será um dos mais felizes de nossas vidas".
William passou a noite de quinta-feira com seu pai, sua madrasta e seu irmão, enquanto a noiva e sua família ficaram hospedados no requintado Hotel Goring.
Convidados
Cerca de 50 chefes de Estado estrangeiros estão entre os 1,9 mil convidados para a cerimônia religiosa do casamento.
A lista causou polêmica nos meios políticos britânicos. A primeira crise envolveu o príncipe herdeiro do Bahrain, Salman bin Hamad bin Isa Al Khalifa, que cancelou sua participação no casamento afirmando que não poderia deixar seu país em um momento de crise. O governo do Bahrein vem sendo criticado pelo governo britânico, devido à repressão a protestos populares.
Na quinta-feira, o embaixador sírio em Londres foi desconvidado para o casamento por iniciativa do Ministério do Exterior, que disse que a presença dele seria "inaceitável" mediante os relatos vindos da Síria nos últimos dias de ataques contra civis por forças do governo.
Também causou controvérsia a ausência dos ex-primeiros-ministros trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown da lista de convidados para a cerimônia na abadia. Os ex-premiês conservadores Margaret Thatcher e John Major receberam convites, o que surpreendeu parlamentares trabalhistas e despertou suspeitas de uma possível preferência política.
Segundo porta-vozes da família real, entretanto, Major e Thatcher foram convidados não por serem ex-chefes de governo, mas apenas devido a uma questão de protocolo. Ambos são membros da Ordem da Jarreteira, enquanto Blair e Brown não receberam a honraria, considerada a mais alta da rainha Elizabeth 2ª.
A Ordem da Jarreteira foi estabelecida pelo rei Eduardo 3º em 1348, para honrar aqueles que contribuíram à vida nacional ou serviram ao detentor da coroa.
Visitantes
A agência de promoção do turismo na Grã-Bretanha, VisitBritain, estima que 600 mil pessoas a mais que o normal estarão na capital na sexta-feira. As autoridades ferroviárias estimaram que cerca de 400 mil pessoas usem esse meio de transporte para se deslocar para o centro de Londres na sexta-feira, 15% a mais que em outro feriado normal.
Muitos acreditam que o casamento dê um impulso à economia britânica, que passa por uma das mais graves crises de sua história - com turismo, vendas e comunicação entre os setores que seriam mais beneficiados.
Analistas de varejo estimam que cerca de 707 milhões de euros (cerca de R$ 1,6 bi) sejam gastos na Grã-Bretanha como resultado do casamento. Segundo projeções, donos de restaurantes e hotéis podem esperar dois anos de aumento nas cifras do turismo, com o casamento em 2011 seguido pelas Olimpíadas, em 2012.
Empresas de mídia também podem esperar números de audiência excepcionais. Alguns economistas acreditam que o evento possa até mesmo estimular a confiança dos consumidores, levando pessoas a gastar mais.
"Eventos extemporâneos podem aumentar a sensação de bem-estar econômico, além de outras sensações de bem-estar", diz o professor
Stephen Lea, da Universidade de Exeter, especializado em psicologia econômica.
Mas alguns são mais cautelosos, afirmando que os gastos serão tanto modestos quanto temporários.
Segundo eles, o casamento real não deve mudar o rumo da economia britânica, que encolheu 0,5% no trimestre final de 2010. Além disso, afirmam, qualquer benefício vindo do evento pode ser ofuscado pela perda de produtividade durante o feriado decretado no dia do casamento pelo premiê David Cameron.(Fonte:G1/Folha/UOL/Estado/R7/Globo)
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