De acordo com Geraldo Alves, gerente de operações da Fitta DTVM, apesar de ter havido uma sinalização do desenrolar sobre medidas para conter a crise na Zona do Euro, ainda não há uma conclusão sobre o que realmente deve ocorrer. "Entretanto, em caso de definição externa, o dólar deve operar com menor volatilidade", afirma Alves, ao contrário do observado nas sessões do primeiro semestre.
Alves projeta a divisa norte-americana entre R$ 2,04 e R$ 2,07. "O primeiro cenário seria o mais real, enquanto o segundo seria mais agressivo. Entretanto, caso haja muita oscilação, o BC tem condições para mexer nas cotações da divisa através de diversas operações, por mais que ele tente não interferir na cotação da divisa, afirma.
Já o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki, ressalta que a crise na Europa deve ser levada bastante em consideração, já que os mercados estão bastante intrincados. Isso porque o mercado europeu é um dos maiores consumidores de produtos chineses, estimulando a segunda maior economia do mundo. Assim, se a Europa entrar em crise a China exporta menos e leva também a menores importações, isso afeta a economia brasileira, que tem uma grande parte dos seus produtos destinados a esse país, avalia.
"Assim, enquanto não se resolver a crise na Europa, ainda haverá uma pressão compradora da divisa norte-americana. Desse modo, é bem difícil que a divisa atinja os patamares do final de 2011, de R$ 1,70", conclui Sasaki.
BC atuante
De acordo com o já explicitado pelo BC, um dólar abaixo de R$ 2,00 não é interessante, sendo que, caso ele esteja muito abaixo desse patamar, é provável que realize novas medidas, o que mexe com o mercado, afirma o gerente de operações da Fitta DTVM. Alves avalia que a autoridade monetária atuou de diversas maneiras para controlar a moeda, exemplificando que, em meados de junho, o Governou reduziu de cinco para dois anos o prazo no qual o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incidente sobre operações de empréstimo no exterior.
Já de acordo com o gerente de análise da XP, a moeda tende a manter o patamar acima dos R$ 2,00, cenário esse reforçado pelas declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central. Aldo Mendes afirmou em entrevista na última terça-feira (3) que a autoridade monetária pode atuar na compra de dólares, o que mexeu com o mercado cambial. Além disso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também afirmou que considera esse patamar aceitável para a divisa.
Com essas sinalizações, o intervalo aceitável pelo BC para a moeda norte-americana, que estava entre R$ 1,90 e R$ 2,10, passou para um piso de R$ 2,00. Com os dados de produção industrial ainda bastante fracos - na última terça-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reportou queda de 4,3% na atividade do setor em maio -, as expectativas são de que o governo continue atuando em caso de uma valorização do real - com uma moeda nacional forte, as exportações ficam mais caras e as importações mais baratas, piorando a atividade no setor, ressalta Sasaki.
O corte da taxa básica de juro também reforça a idéia de que o patamar do câmbio ficará acima de R$ 2,00, já que o consenso do mercado aponta para mais dois cortes de 50 pontos-base na Selic nas próximas duas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), afirma o gerente de análise da XP. "Esses cortes afastam os investidores estrangeiros de renda fixa no Brasil, retirando dólares do País e ajudando a valorizar a divisa frente à moeda nacional", avalia.
Primeiro semestre volátil
O ano começou com uma forte valorização da moeda brasileira frente à norte-americana, com a melhora do humor dos mercados, o ambiente brasileiro propício aos investimentos e diante da falta de atratividade dos mesmos nos países desenvolvidos. Entre janeiro e março, o dólar chegou a cair 2,3% na comparação com o real, sendo que, apenas no primeiro mês do ano, a queda foi de 6,5%.
O governo adotou diversas medidas no começo do ano para conter esse movimento de queda do dólar, que gerou dificuldades principalmente à indústria - ao tornar os produtos importados mais baratos e os exportados mais caros.
Dentre as medidas, estiveram o leilão de compra de dólares no mercado à vista, aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), além dos leilões de swap cambial reverso. Na época, a presidente Dilma Rousseff mostrou insatisfação com o "tsunami monetário", ou seja, a expansão de liquidez que os países estavam injetando no mercado global para conter a crise.
Com isso, a partir de março, a divisa norte-americana engatou uma forte alta, impulsionada também pela piora no humor do segmento internacional e em meio aos cortes nas taxas de juro. A partir de abril, entretanto, o dólar começou a ter uma forte alta, o que fez o BC atuar no sentido contrário - através da realização de operações de swap cambial tradicional - que equivale à venda de dólares no mercado futuro. (Fonte: Money)
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