Fonte: Divulgação [-] [+]
Ao passar próximo do mercado central, avistaram o conhecidíssimo marginal Pulmãozinho e seus familiares entrando numa perua Kombi.
Após uma rápida conversa, os tiras concluíram que Pulmâozinho não interessava à investigação naquele momento, embora no passado possuísse uma vasta folha de antecedentes.
Aproximaram-se da Kombi, e tão logo Pulmãozinho avistou os policiais, desceu e veio em direção dos tiras “falando pelos cotovelos”.
Falou que mudara de vida, atualmente trilhava o caminho do bem. Que Deus é pai e não padrasto; que no momento era um próspero comerciante, e que seu negócio era ecologia.
Concluiu afirmando “preserve o verde”, entregando ao Ronqueira um cartão de visitas de sua firma.
Ronqueira pegou o cartão branco, impresso em verde e achou interessante, lendo com os olhos: La Paz Del Espírito - Representante exclusivo do afrodisíaco “Elvis não morreu” - Pulmãozinho. Telefax 1717 - Disk ecológico - Preserve o Verde.
O policial achou aquilo estranho, mas guardou o cartão. Anotou a placa da Kombi e se despediu.
Já no buteco “Bafo na Nuca”, os policiais passaram a conversar sobre o encontro com o marginal Pulmãozinho e concluíram que o mesmo havia sumido da delegacia, havia se estabelecido e parece que estava se dando bem.
Na delegacia, Ronqueira checou no computador os dados da perua Kombi, e verificou que estava tudo em ordem; era mais um dado no seu convencimento de que o marginal havia mudado de vida.
Na semana seguinte Ronqueira fez uma visita ao estabelecimento comercial do Pulmãozinho; ali o encontrou atendendo pedidos pelo telefone, mas não havia mercadoria em estoque. Só encontrou embalagens do afrodisíaco vazias e material de propaganda.
Conversaram. Pulmãozinho lhe disse que à tarde receberia mercadoria e deu ao tira algum material de propaganda.
Saindo dali, Ronqueira passou a ler os prospectos comerciais que falavam das propriedades e das vitaminas que compunham o afrodisíaco “Elvis não morreu”, e concluiu que o mesmo era recomendado para “manter a dureza braulina”.
Passados alguns dias, Ronqueira pediu a um conhecido para ir até o estabelecimento do Pulmãozinho adquirir alguns frascos do afrodisíaco. Tinha a intenção de tomar uma dose por dia. Abriu o primeiro frasco e do mesmo saiu um cheiro conhecido e característico; abriu o segundo frasco e também o mesmo cheiro, e assim foi se sucedendo com os demais. Não teve dúvidas: cheirava maconha - remeteu tudo para exame no Laboratório de Toxicologia do IML; e pediu urgência .
No dia seguinte, de posse do resultado preliminar retornou à firma do Pulmãozinho e apreendeu todos os frascos de afrodisíacos, o telefax verde, a perua Kombi e prendeu-o em flagrante por tráfico de entorpecente, mais precisamente de Cannabis Sativa L, a popular “Maconha”.
O marginal esbravejou, xingou, esperneou e algum tempo depois, já calmo, pediu ao Ronqueira para ler o resultado do laudo do afrodisíaco. Ronqueira mostrou-lhe o laudo, e leu em voz alta a conclusão que falava que a composição continha princípio ativo de Cannabis Sativa L ( maconha) na proporção de 20%, para 80% de “estrume de muar” (besta, burro, mula, jegue).
Depois que ouviu as explicações de Ronqueira sobre o que era os 80% da composição do afrodisíaco “Elvis não morreu”, Pulmãozinho não se conteve e disse:
- Não é possível, não existe mais fornecedor honesto !
José Wagner Sampaio é advogado
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