"Aquela cadeira deveria estar lacrada, porque já tinha apresentado defeito", afirmou Bichir Ale Junior, advogado de Vitor Igor de Oliveira, 24, e Marcos Antonio Leal, 18, operadores do brinquedo La Tour Eiffel. "Quinze minutos antes do acidente, eles disseram ao supervisor que a trava estava com problemas. Foi avisado e ignorado."
Na segunda-feira (27), uma perícia feita no local não constatou problemas mecânicos no brinquedo. O delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior chegou a dizer que, até então, os indícios apontavam para falha humana.
Ainda não está claro, no entanto, se a cadeira onde Gabriela Yuakay Nychymura, 14, estava sentada chegou a passar por perícia.
Segundo o advogado da família da garota, Ademar Gomes, fotografias mostram Gabriela sentada em uma cadeira da extremidade do bloco que subiu --assento que não deveria ser utilizado por questão de segurança.
O brinquedo é formado por cinco blocos com quatro cadeiras cada um. No bloco em que Gabriela estava, segundo o Hopi Hari, um dos assentos nunca foi utilizado, já que um visitante com braços e pernas longos poderia, eventualmente, passar perto da estrutura de metal que simula a Torre Eiffel.
Gabriela morreu na manhã de sexta-feira após cair a cerca de 25 metros do chão. Testemunhas disseram que a trava do assento dela se abriu durante a queda.
A mãe da vítima, Silmara Nychymura, também depôs à polícia na tarde de hoje. O pai da menina ainda será ouvido. Eles não quiseram falar com a imprensa.
Funcionários da Polícia Civil levaram as supostas fotografias para o parque hoje à tarde, onde peritos iriam comparar as imagens com o equipamento.
INTERDITADA
Gabriela morreu por volta das 10h30 e foi enterrada no sábado (25), em Guarulhos (Grande SP). Ela foi encaminhada ao hospital com traumatismo craniano, mas chegou sem vida ao local.
Gabriela vivia no Japão e estava passando as férias na casa de familiares em Guarulhos. Ela estava no parque com a mãe e o pai, que são brasileiros.
Os advogados da família de Gabriela afirmam hoje que, no momento do acidente, a adolescente ocupava uma cadeira que deveria estar interditada.
A família pretende entrar com ação de indenização por danos morais e materiais contra o parque, segundo o advogado Ademar Gomes. Ele disse que uma nova perícia será solicitada para que sejam apuradas as condições de uso da cadeira que Gabriela ocupou.
"Houve falso testemunho de dois funcionários, e a cadeira vistoriada pela perícia não é a mesma em que Gabriela sentou", disse.
No elevador, como é conhecido o brinquedo, cada visitante sobe cerca de 69,5 metros em uma cadeira com trava individual e despenca em simulação de queda livre, podendo chegar a 94 km/h. Dos cinco blocos com quatro cadeiras cada um, dois estavam em manutenção no dia do acidente.
OUTRO LADO
Procurado, o Hopi Hari não comentou as declarações dos operadores do brinquedo La Tour Eiffel. O parque não respondeu se algum supervisor foi avisado sobre problemas no brinquedo.
Em nota divulgada hoje, o Hopi Hari disse que "reitera veementemente a cooperação absoluta com todos os órgãos responsáveis na apuração definitiva deste caso".
Na sexta-feira, o parque disse lamentar "profundamente o ocorrido" e afirmou que presta toda a assistência à família da vítima e aos responsáveis pela investigação das causas do acidente.
Segundo a assessoria de imprensa, o brinquedo La Tour Eiffel permanecerá fechado até que as causas do acidente sejam esclarecidas. O restante do parque segue aberto desde sábado.
A reabertura, segundo o parque, ocorreu para atender "aos visitantes que, como em todos os finais de semana, se programam com antecedência para vir ao parque".
A empresa afirmou que possui profissionais habilitados e com o devido reconhecimento do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) para realização de um "extenso programa de manutenção, que faz parte de seu padrão de segurança". (Fonte: Folha.com)
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