Fonte: Divulgação [-] [+]
Costumava fazer gozação quando algum casal achava caro o preço do quarto, indicando um motel ecológico próximo dali.
O casal ia e voltava sem encontrar o tal motel ecológico, ocasião em que Miroldo apontava um mato enorme.
Miroldo passou a conhecer os hábitos de alguns fregueses, seus parceiros, quem andava com quem etc.
Achou estranho, quando alguns homens começaram a ocupar juntos, sem mulheres, um quarto e ali permanecer dias e dias seguidos.
Miroldo ficou curioso e passou a observar melhor. O estranho é que faziam barulho no interior do quarto.
Suspeitando que havia qualquer coisa errada, comunicou o fato ao policial Frieira, encarregado da segurança na casa.
Frieira permaneceu alguns dias no motel e percebeu um entra e sai de veículos; entrava com o carro de uma cor na garagem do motel, abaixava a lona e quando saía com o mesmo carro em outra cor. Constatou que se tratava de uma quadrilha de ladrões de veículos, que usava o motel para modificar as características dos mesmos.
Frieira e outros policiais efetuaram as prisões e apreenderam os objetos próprios para pintura e pinos para alterar os números do chassi.
Na oportunidade, descobriram que os veículos que não tinham condições de serem modificados eram atirados na Represa Bilíngües, que ficava nos fundos do motel.
Miroldo era íntimo de alguns travecos que usavam o motel pra fazer programa.
Às vezes apareciam para o programa sem dinheiro, e pediam para marcar, o que era feito numa “caderneta rosa”.
Costumava brincar com os fregueses, afirmando que esse estabelecimento era o único local do mundo onde existia “o enrustido à prazo “.
Brigit Maria e Margot Antonia continuavam a vir para o motel de ônibus, às segundas feiras, onde Brigit encontrava-se com “Trombone de Vara”, e Margot aguardava na portaria a companheira afinava o instrumento, conversando com Miroldo.
Margot era uma pessoa amargurada, casada há anos com um beberrão, ciumento que vivia desconfiado da mulher.
Confidenciava tudo para Miroldo; certo dia desabafou:
- Ele chega em casa procurando meu amante. É tão desconfiado que inventava situações: O que esse homem faz em baixo da cama? Embora não existisse ninguém ali.
- Certo dia, me enchi e respondi:
- Embaixo da cama não sei, mas em cima, tenho certeza que ele faz maravilhas!
Na verdade Margot com essas confidencias estava conquistando Miroldo. Este era fiel, e não queria prevaricar fora do casamento.
Até que certo dia, Brigit e Margot convidaram e insistiram para Miroldo e Trombone de Vara, para um aniversário, na casa de uma amiga, conhecida por Sandrinha-lagartixa, onde Adamastor, outro amigo, organizara um bailinho.
Foram no Aero Willys do “Trombone de Vara”. O bailinho já acontecia ao som de Ray Coniff, Silvio Mazuca, Noite Ilustrada, Maysa e pela idade dos presentes, poderia ser chamado de “Baile da Menopausa”.
Enquanto o “bate-coxas” rolava solto, era servido aperitivo - rabo de galo, tremoço, amendoim, torresminho, pipoca, e outros salgadinhos.
Margot convenceu Miroldo a beber umas doses de “chá de vergalhão”, que tinha a fama de possuir propriedades de manter a “dureza braulina”.
Miroldo exagerou e tomou logo uma dez doses, acompanhando Margot; a bebida fez tanto efeito que Margot parecia haver descoberto o que possuía no meio das pernas: parecia um vulcão, uma planta carnívora, uma máquina de moer carne.
Miroldo correspondia e provocava.
Não teve jeito, chegaram aos finalmente dentro de um caminhão velho, tipo chevrolet onça, que estava nos fundos do quintal e que servia também de galinheiro.
O local inapropriado, os excessos de movimentos, os solavancos ritimados, (...) acabou acontecendo: quando o trem já mantinha a velocidade e o ritmo, invadindo o longo túnel, diga-se de passagem, sem manutenção há anos, coberto de capim gordura em toda a borda dos trilhos, Margot fez um movimento brusco com o braço acionando a buzina a ar do veículo, provocando um monumental susto em ambos.
A viagem foi interrompida naquele local, pois sem condições psicológicas para continuá-la e o maquinário com a manutenção comprometida, o marido desconfiado e procurando um Ricardão, tudo recomendava para pararem por ali.
Margot, que havia provocado esse acidente broxante, tentava de alguma forma reparar a situação, exagerando nos cuidados.
Já Miroldo, era bem conclusivo:
- Ele é que nem relógio, só vai dar ar de vida amanhã, é a tal de brouxidão perniciosa !
Nunca havia prevaricado fora do casamento, e quando resolve prevaricar, lhe acontece um acidente broxante! E o tal chá de vergalhão ! Pensava : “é tudo mentira o que se diz a respeito do tal chá”. Endurece nadinha. Dá é uma baita dor de barriga e ainda por cima o bráulio fica arriscado a enferrujar”.
Miroldo ficou ainda um pouco na festa conversando com Adamastor, que estava excitadíssimo com o fato do recém conhecido trabalhar num motel pensava organizar lá no “Mandio-Okei”, futuramente, um evento tipo “Pele, Pêlos e Pecados ”, ou “O Baile do Cabide”.
Adamastor contou a Miroldo, que no momento curtia uma nova conquista: Leonésia de Carvalho, recém chegada de São Tocantino da Gruta, e que veio para a cidade grande tentar a sorte; não conhecia nada, ficava deslumbrada com toda novidade; a levaria para conhecer o “Mandio-Okei”.
Continua na próxima, que nem novelinha >>>>>>>
Wagner José Sampaio é Advogado
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