Fonte: Divulgação [-] [+]
Nosso herói, Atílio Rosa, vulgo Miroldo estava desempregado e era recém casado. No vigor de sua juventude era pau pra toda obra, e precisava trabalhar.
Conseguiu colocação na funerária, “O meu, só a terra comeu”, como motorista, embora não possuísse carteira de habilitação.
Na oportunidade o dono da funerária, sr. Trabuco de Nouveia, vulgo “Boa Viagem”, falou que não precisaria da carteira de habilitação, mesmo porque ninguém para carro funerário..
O que era estranho nisso tudo é que o dono da funerária, não possuía funerária, só um belo carro importado, próprio para o transporte de defunto, com enfeites próprios para a ocasião com cortininhas interna.
O primeiro dia de serviço para Miroldo foi uma descoberta. Boa viagem mandou - o em companhia do ajudante buscar um defunto, na estrada velha do mar, Miroldo e o companheiro Pé de Mesa se dirigiram para o local .
Pensavam que carregariam um defuntão, mas tão logo estacionaram o veículo, já vieram algumas pessoas trazendo mercadorias e ajeitando as mesmas no interior do veiculo, dentro do caixão, etc.
Na verdade o carro funerário foi carregado com algumas milhares de caixas de lança-perfume, e wiskie importado, made no ABC.
Carregado o veiculo a entrega foi feita no jóquei clube, onde o esperavam; deveriam conduzir o carro em velocidade e com a sirene ligada.
Foi o que fizeram, porem na saída do clube, o porteiro questionou-os o que o carro funerário fazia ali no clube, se não havia defunto ?
Miroldo lhe respondeu :
- O senhor conhece o Manuel do restaurante ? Pois é, ele com pressa de enterrar um parente que faleceu recentemente e não tendo dinheiro pra comprar um terno pro defunto, alugou um. Cada 30 dias eu venho cobrar o aluguel do terno !
O vigia riu e mando-o passar.
As viagens com o carro funerário se sucediam. As entregas aconteciam a todo vapor. Todo dia tinha novidade.
Certa feita foram parados por rodoviários, quando Miroldo informou que o defunto faleceu de uma doença rara e necessitava ser enterrado com certa brevidade; foi liberado com pedido de desculpas pelo PM..
Miroldo estava se especializando em humor negro; mas esse veículo estava ficando manjado.
Quando estavam desocupados, a espera de alguma entrega, permaneciam estacionados defronte ao bar ‘Bicho De Pé”, onde conversavam com Xandão, um desocupado que gostava de ouvir histórias do Miroldo.
Xandão sempre queria saber a profissão do defunto e qual o último desejo do falecido.
Miroldo sem poder contar a verdade ia inventando histórias e epitáfios:
- Hoje transportamos um político famoso que solicitou o seguinte epitáfio: “AGORA, SIM, O REINO DOS CÉUS.”. Na semana passada levamos um defunto com fama de garanhão, com a seguinte lápide “ “MULHERES DO REINO DOS CEUS, ESTOU CHEGANDO... “ Outro dia foi o corpo de uma bichinha, que ao falecer não abria mão da mensagem, embora a família fosse contra : “PÕE TUDO, CARLÃO !”
Algum tempo depois, Boa Viagem arrematou em leilão um caminhão da companhia de força e luz.
Reformou-o e mandou confeccionar macacões iguais aos utilizados pelos funcionários da companhia, inclusive capacetes.
Como diz na gíria policial, “o boneco estava pronto’.
Retornaram as atividades de entrega dos pedidos com o caminhão. Só entrega, pois os transportes intermunicipais passaram a ser feitos em uma ambulância, adquirida para tal.
O êxito do empreendimento devia-se também as amizades que Boa Viagem possuía na polícia. Sempre que havia novidades Dr. Cannabis Flex lhes informava. E tudo ia indo bem até que o Dr. Cannabis informou que a Polícia sabia do esquema de entrega e preparava um flagrante.
Diante dos acontecimentos, Boa Viagem parou com esse negócio e deslocou os funcionários para o motel “Mandio-Okei”, também de sua propriedade, próximo da represa bilíngües.
Miroldo ficou com a função de porteiro durante o dia, e Pé de mesa, como manobrista.
Logo que assumiu Miroldo recebeu orientações de tratar todo mundo bem, ser educado, cortes, e seguir a principal recomendação: porteiro de motel tem que ser ‘cego, surdo e mudo’.
Miroldo, conhecia suas limitações e era medroso.
Um mês nessa atividade Miroldo conheceu as senhoras Brigit Maria que era amiga intima de Margot Antonia, cujo marido só a autorizava sair de casa em companhia da amiga, às segundas feiras para irem rezar e acender vela pras almas, na igreja do bairro.
Desconhecia que as duas iam pro motel. Brigit encontrar o amante, o coronel do Exército da Salvação, Zé Lindolfo, vulgo “Trombone de Vara”.
Enquanto Brigit e Trombone de Vara afinavam o instrumento no quarto, Margot os aguardava na portaria e após algum tempo já confidenciava à Miroldo alguns de seus problemas conjugais,
íntimos . . .
(semana que vem continua – a novelinha >>> )
José Wagner Sampaio é advogado
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