Uma década após o choque de dois aviões nas torres principais do World Trade Center (WTC), a última vítima a ser resgatada dos escombros revela detalhes do momento em que percebeu que o prédio em que estava havia sido atingido.
Genelle Mcmillan passou 27 horas soterrada e se lembra claramente de estar no 60º andar conversando com uma colega de trabalho. Em seguida, ouviu um som alto e sentiu o edifício tremer. As duas não faziam a menor ideia do que poderia ser aquilo.Ela, então, desceu as escadas de mãos dadas com a amiga. No 30º andar, parou para tirar os sapatos, e o barulho foi ficando cada vez mais forte.
“Tentei correr atrás da minha amiga, mas muita coisa começou a cair em cima de mim. Achei que fosse um sonho, um sonho ruim. Fechei os olhos e, quando tentei me levantar, vi que não era. Não podia me mover e apenas tentei me preparar para morrer”, recorda.
Genelle não chorou nem gritou, apenas rezou e implorou por uma segunda chance. Ela pedia por um milagre, já que estava sob 110 andares de concreto e não sabia como sair dali.A sobrevivente esteve presente na cerimônia de homenagem às vítimas e conta que é triste voltar ao local onde perdeu muitos colegas.
No local para ajudar
O comandante do Corpo de Bombeiros Richard Picciotto estava no 35º andar da torre norte quando a sul desmoronou. Determinou, então, que todos evacuassem o prédio, e desceu as escadas sempre olhando para trás, para ter certeza de que ninguém havia ficado.
Picciotto não sabe como sobreviveu aos atentados, já que havia centenas de toneladas de entulho sobre ele e as vítimas. Ele lembra do barulho alto, da falta de eletricidade e do ar que jogava as pessoas para os lados como se fossem fantoches. “A sensação era de queda livre”, diz.
O chefe dos Bombeiros perdeu 343 colegas de profissão, a maioria seus conhecidos. A tristeza, segundo ele, vai persistir pelo resto da vida, mas ele explica como faz para seguir em frente: “Você tem que estabelecer prioridades na sua vida. É ótimo ter dinheiro, é bom ser bem sucedido, mas nada é mais importante do que a sua família e os seus amigos”.
Brasileiro conseguiu escapar
Tacito Cury era um dos brasileiros no WTC naquela manhã de terça-feira em 2001. Ao trocar de elevador antes de chegar ao andar em que trabalhava, percebeu pessoas feridas e gritando de desespero. Decidiu, então, ir embora.
Quando Cury voltou para o saguão, percebeu pessoas caídas, cadeiras de rodas rolando e sapatos espalhados. Percebeu nessa hora que algo muito grande havia atingido o prédio e começou a se preocupar, pois a área do saguão era muito pequena para abrigar todos os que buscavam a saída.
O brasileiro ligou para o pai, disse que estava bem e que ele não deveria se preocupar. Foi nesse momento que o segundo avião se chocou na torre sul –que acabou desmoronando primeiro. O impacto foi tão grande que ele pode sentir a parede tremer, e o celular caiu no chão.
“Já estava mais afastado, porque a polícia pediu para isolar a área, mas curioso, querendo ainda entender toda a situação. Comecei a olhar pra trás e ver o que estava acontecendo.Nisso, começou a cair a torre. E aquele momento é inesquecível. Parece câmera lenta, andar por andar da torre caindo”, conta.
Segundo Cury, todos os moradores de Nova York se consideram sobreviventes. Ele trabalhava com educação na época, e a escola onde dava aula faliu por falta de alunos.
Foi aí que o brasileiro começou a procurar outras coisas para fazer, e hoje atua na área de decoração.(Fonte: G1 com informações do Fantástico/Folha.com/AI)
As
opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade
pessoal do autor e não representam necessariamente a posição
do NJNews ou de seus colaboradores diretos.
Veja Mais noticias sobre Internacional