Após luta de 13 anos contra o câncer e 17 cirurgias, o ex-vice-presidente da República, José Alencar, faleceu, aos 79 anos, na tarde desta terça-feira, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Na nota de falecimento divulgada pelo hospital, os médicos apontam morte às 14h41 em decorrência de câncer e falência de múltiplos órgãos.
José Alencar Gomes da Silva nasceu no município mineiro de Muriaé, em 17 de outubro de 1931. Aos sete anos de idade, começou a trabalhar com o pai e,aos quinze, virou balconista de uma loja de tecidos. Aos dezoito anos, reconhecido pelo tino comercial, abriu o próprio negócio com dinheiro emprestado do irmão.
Mas foi em 1967 que fundou a Companhia de Tecidos Norte de Minas, a Coteminas, que se tornaria a fábrica mais moderna do setor no Brasil.
José Alencar esteve à frente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e chegou à vice-presidência da Confederação Nacional da Indústria.
Pouco antes de conquistar uma vaga no Senado, em 1998, José Alencar teve um primeiro susto: passou por uma cirurgia para retirada de um tumor no rim.
Em abril de 2002, José Alencar assumiu a candidatura à vice-presidente na aliança com o PT. Logo no começo do governo, José Alencar mostrou que não seria um vice discreto. Em junho daquele ano, começava a batalha incansável pela queda da taxa de juros do país.
José Alencar, um empreendedor, criticava duramente a transferência de renda do setor produtivo para o setor financeiro.
No Carnaval de 2004, o vice-presidente foi internado para a remoção da vesícula e passou os dias de folia no hospital.
Em 2006, deixou a pasta da Defesa para Waldir Pires e, em julho, passou por nova cirurgia para retirada de um tumor abdominal.
Em setembro de 2007, outra internação: dessa vez, uma cirurgia complexa, que durou seis horas, para a retirada de três tumores no abdômen.
O vice-presidente, disfarçando a preocupação, ironizou e disse que, com o procedimento, sua expectativa de vida havia baixado para 128 anos.
Em uma de suas declarações ao microfone da Jovem Pan, José Alencar enfrentava outro problema: a crise financeira. Em outubro de 2008, o vice-presidente tranqüilizava o setor farmacêutico, dizendo que a saúde seria prioridade para o governo.
Em 25 de janeiro de 2009, José Alencar passou por nova cirurgia para a retirada de 18 tumores no abdômen. O procedimento durou mais de 17 horas e era considerado de "alta complexidade" porque o câncer já afetava a bexiga e o intestino.
Na ocasião, José Alencar disse: "Não tenho medo da morte. A gente não sabe se a morte é melhor ou pior." E completou: "Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele".
José Alencar chegou a ir aos Estados Unidos, mais de uma vez, para tratamento do tumor maligno. Contudo, voltou a ser internado novamente no Brasil e destacou a importância do caso para o desenvolvimento da medicina.
A luta de 13 anos contra o câncer prosseguiu durante todo o ano de 2010, com pelo menos três sessões mensais de quimioterapia.
Nesse período, apresentou problemas cardíacos e precisou ser acompanhado de perto pela equipe do Hospital Sírio-Libanês.
Sempre que possível, José Alencar agradecia as mensagens de apoio que recebia de toda a população.
Em dezembro, voltou a ser internado e passou o Ano Novo no hospital, não podendo comparecer à posse da presidente Dilma Rousseff.
Alencar passou pela 17ª e última operação, que durou três longas horas, uma eternidade para o paciente e a equipe médica.
Mas, ao final, ele venceu mais essa batalha e lamentou não poder ir à cerimônia de posse, em Brasília.
No aniversário de São Paulo, o ex-vice-presidente José Alencar foi homenageado com a medalha 25 de Janeiro. Ele recebeu autorização dos médicos para comparecer ao evento e, em discurso improvisado, afirmou que, se morresse naquele dia, estaria feliz.
No último dia 28, o ex-vice-presidente da República foi novamente internado com uma obstrução no intestino e um sangramento. Devido à saúde frágil os médicos optaram por não realizar novos procedimentos cirúrgicos.
Hoje, Alencar voltou a apresentar uma perfuração no abdômen e a equipe do Hospital Sírio-Libanês anunciou que o esforço era para que ele não sofresse.
Ao todo, foram 17 cirurgias e dezenas de intervenções para a realização de exames ao longo de 13 anos de uma luta incansável.
A maneira com que José Alencar encarou cada dificuldade, sempre com bom humor e dignidade, é a marca deixada em todos.
Uma esperança para pacientes com câncer e um exemplo para todos os brasileiros.(fonte:Jovem Pan)
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