Fui convidado pela Embaixada Americana a participar de evento com o Presidente Barack Obama, na semana da sua visita ao nosso país.
Não entendi até hoje o porquê da escolha.
Entre as exigências feitas para tal, incluía-se traje escuro, terno e gravata e deveria chegar ao local do encontro em veículo oficial, com uma hora de antecedência.
Veículo oficial?
Exatamente!
Conversei com o pessoal da garagem municipal local e, depois de muita explicação me arrumaram o veículo.
E num sábado de madrugada, rumei para o encontro.
Lá chegando, fui barrado pela segurança que queria saber o nome e prefixo do tal veiculo oficial.
Atrapalhei-me com a segurança, pois falo pouco inglês, aliás fiz curso a distância de um dia para tal, mas não fui bem sucedido.
O interlocutor americano, falando um inglês arrastado, explicou a exigência, exemplificando o que queria citando o avião presidencial, o “Air Force One”.
Diante da deixa e aproveitando o vento a favor defini o meu veículo oficial, como Jacarezinho Primeiro.
What ???????
Jacarezinho Primeiro.
Após uma pequena reunião entre os agentes americanos, um deles voltou com uma plaquinha de papelão identificando o meu veiculo como: “Little Alligator One”.
Adentrei ao recinto do encontro e juntamente com outros brasileiros, aguardei a conversa com o Presidente.
Ele chegou esbanjando simpatia e já no inicio percebi que o mesmo encontrava-se muito bem informando sobre nosso pais.
Ao se dirigir a mim, fiquei muito surpreso, vez que ele parecia saber mais da minha cidade do que eu próprio.
Traduzindo, ele falou mais ou menos o seguinte:
- Sr. Sampaio, o senhor é natural da cidade que possui o melhor ar do mundo, e estamos sabendo que seu povo está sitiado por todos os lados por N pedágios. O senhor quer que libertemos o seu povo?
Fiquei estarrecido, surpreendido, estupefato, demorou para a ficha cair.
- Não, Sr. Presidente, ainda nos resta algumas rotas de fuga. Mas, caso queira ajudar será bem vindo, porque estamos literalmente “num mato sem cachorro”.
- Whatt ????? O Presidente voltaria a me surpreender ao perguntar “como vai a cachaça Velho Barreiro?”
- Sr. Presidente, a cachaça não é mais feita em Itatiba, agora temos por lá outros alambiques menores e melhores. E aproveitando a deixa emendei – o senhor gosta de dar um tapa no beiço de vez em quando?
Embora ele tenha “captado” o espírito da pergunta, pois arregalou um olhão, os tradutores não traduziram a pergunta, e acabei ficando sem resposta.
- Sr. Sampaio, sua cidade Itatiba fica perto de Campinas?
- Sim.
- Em Campinas ainda existe aquele bairro chamando Itatinga?
- Sim, do mesmo jeito, bairro Itatinga, casa da Paraguaia, bar da lingüiça, tudo igualzinho.
- O Senhor conhece o bairro?
- Sim, na juventude passei um reveillón lá.
- Réveillón?
- Yes.
Dirigindo-se a todos o Presidente novamente nos surpreendeu: “Vocês foram protegidos pela mãe natureza, aqui não tem tsunami, maremoto, terremoto etc etc”.
- Não é bem assim, Sr. Presidente, o nosso tsunami é humano e dura normalmente quatro anos e por vezes seus efeitos devastadores são permanentes, não dá nem para reconstruir.
- Não entendi.
(Percebi novamente má vontade dos tradutores americanos em explicar do que eu estava falando).
- Posso fazer uma pergunta para o senhor?
- Pode.
- O Senhor é candidato a re-eleição?
- Sim. (...) Eu gosto da mesma fruta dos seus patrícios.
- Obrigado.
Algum tempo depois acordei com uma dor de cabeça imensa e conclui que não posso mais comer feijoada de lata, à noite.
As
opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade
pessoal do autor e não representam necessariamente a posição
do NJNews ou de seus colaboradores diretos.
Veja Mais noticias sobre SAMPASpress