Após ser superior por todo o jogo e perder uma série de chances, parte por falhas ofensivas e parte pela série de milagres operados pelo goleiro Justo Villar, o Brasil está fora da Copa América após uma participação vexatória na decisão por pênaltis, tendo perdido todas as quatro cobranças, sendo três para fora.
E olha que no começo, a impressão era de que a tarefa seria fácil. O Brasil começou melhor a partida e, logo aos 4 minutos, já teve uma grande chance, com Ramires. Ele recebeu a bola no meio, partiu em diagonal e soltou a bomba ao lado do gol. Dois minutos mais tarde, foi a vez de Pato dar o ar da graça. Ele disparou pela esquerda e tentou lançar para Ganso, mas a bola desviou em Da Silva e sobrou para Neymar, que mandou um voleio por cima do gol.
Jogando tranqüilo, o Brasil rondava a área do Paraguai que, em seu único chute nos 20 primeiros minutos, mandou para longe com Estigarribia. Depois disso, o jogo ficou duro, com uma sequencia de faltas duras dos dois lados que, no entanto rendeu apenas um amarelo para o paraguaio Vera.
Aos 27, uma boa chance brasileira. A defesa do Paraguai saiu jogando errado, Ganso recuperou e rolou para Robinho, que serviu Neymar na direita que, com gol aberto mandou ao lado do gol, tirando tinta da trave oposta.
Seis minutos mais tarde, Villar operou um verdadeiro milagre - ainda que no reflexo. André Santos cobrou a falta no meio da área e Lucio, de carrinho, mandou para o Gol. Villar, defendeu com suas, assim por dizer, "partes baixas" e evitou o primeiro gol do Brasil. André Santos ainda teve mais uma chance, mas mandou por cima do gol após grande lançamento de Ramires.
Inconformado com o zero no placar na etapa inicial, o Brasil implantou o esquema do "abafa". Nos cinco primeiros minutos, a equipe teve duas grandes chances, com Neymar e Maicon, que levou muito perigo ao gol paraguaio.
Mesmo jogando bem, acidentes acontecem. Exemplo disso foi a "espirrada de taco" que Maicon deu em falta perigosa para o Brasil. Neymar rolou a bola e o lateral furou feio. Acontece. Na sequencia, aos 12, houve mais uma das raras chegadas do Paraguai em falta perigosa cometida por André Santos. Para sorte do Brasil, a infração foi mal-cobrada.
E a Seleção perdia chances. Ganso lançou Maicon aos 17 e o lateral partiu em diagonal. Robinho, "atravessando" o lance, bateu de primeira ao lado do gol de Villar. Cinco minutos mais tarde, o goleiro, enfim, foi apresentado a Paulo Henrique Ganso. E, diga-se de passagem, com classe. O camisa 10 recebeu na entrada da área e bateu com força no cantinho. "San Justo Villar" operou o segundo milagre da tarde. E ainda teria o terceiro. Cruzamento na área, a bola ficou com Pato que, na cara do gol, viu o goleirão paraguaio crescer e salvar o Paraguai mais uma vez, em uma prova de que o gol estava duro de sair.
Aos 30, um susto. Neymar, na primeira disparada ao seu estilo, cruzou para a área e prendeu o pé de apoio no gramado, levando a mão ao joelho. Fred chegou a ser chamado, mas o garoto voltou para o jogo por mais cinco minutos, quando deu lugar ao próprio camisa 19.
Nos minutos seguintes, outros milagres de Villar, na verdade mais golpes de sorte. Primeiro, Alexandre Pato entrou livre na cara de Villar, que rebateu a bola. No rebote, ele mesmo cabeceou para fora. A seguir, em cobrança de escanteio, Fred mandou para o gol e até trespassou o goleiro, mas não passou por Barreto que, em cima da linha, salvou a pátria paraguaia. Nos últimos instantes, Valdez ainda tentou mudar a situação, mas os deuses da bola - e Villar - quiseram que a partida fosse à prorrogação.
Mais sofrimento - O início da Prorrogação foi marcado pelo cansaço, com o Paraguai apostando no jogo lento e o Brasil aceitando a proposta do rival. Fora um lance individual de Robinho, que pedalou sobre dois rivais, antes de servir a Pato (que cruzou em cima de Villar), nada foi criado no jogo.
Aos 8, outro lance duvidoso. Cruzamento de André Santos na área e Da Silva tirou de peito antes da defesa afastar. Apesar da reclamação brasileira, nada foi marcado (corretamente, diga-se de passagem). A seguir, Mano promoveu a entrada de Lucas no lugar de Ganso, para tentar fugir do ritmo imposto pelos paraguaios.
Como não poderia deixar de ser, houve tumulto em campo. Após uma jogada em que sobraram "pernadas" para todo o lado, Lucas Leiva chegou dividindo e saiu na pancadaria com Alcaraz. Resultado: ambos foram expulsos.
Vira o campo - Com dois jogadores a menos em campo, aumentaram os espaços e a Seleção resolveu acelerar a partida e apostar nas bolas na área. Na primeira, Lucio errou. Na segunda, André Santos cruzou de "rosca", mas a zaga paraguaia afastou.
O ímpeto inicial ficou por aí. Mesmo com Elano, um excelente cobrador de faltas, a equipe não conseguiu uma bola parada sequer e caiu no jogo paraguaio, que ainda teve uma chance de bola parada no minuto final, que Julio César, corajoso, afastou com um soco. Após 120 minutos, mais um favorito iria decidir sua sorte na Copa América na marca da cal.
Loteria Porteña - Após perder uma infinidade de chances, o Brasil teria "San Justo Villar" pela frente, agora em um a um, para testar se, de fato, a quota de milagres do arqueiro paraguaio estava esgotada.
A história dava vantagem ao Brasil. Em 17 de julho de 1994, o Brasil venceu a Itália nos pênaltis e conquistou a Copa do Mundo. Em Copas Américas, o Paraguai perdeu as duas decisões por pênaltis de que participou.
O primeiro a enfrentar o milagreiro paraguaio foi Elano que, de maneira inacreditável, mandou cerca de cinco metros acima do gol, lembrando a cobrança de Roger, quando ainda jogava no Corinthians, alguns anos atrás, ou para relembrar 1994, Roberto Baggio.
Mas, como a bola estava fadada a não entrar. Barreto mandou para fora, uma nova lembrança daquela data, que também começou com dois pênaltis perdidos. Ainda estava zero a zero.
A segunda série começou com Thiago Silva. E Justo Villar tratou de acabar com a escrita, pegando o pênalti. Estigarribia bateu e, com uma bomba no meio do gol, enfim abriu o marcador.
A seguir, André Santos bateu para o Brasil e, repetindo Elano, mandou para a arquibancada, para a alegria da torcida paraguaia, que abraçou a bola como um troféu. Riveros bateu para o Paraguai, outra vez no meio e abriu dois a zero.
Estava tudo nas mãos de Fred. Ele precisava fazer o gol para manter o Brasil na disputa. E, seguindo o exemplo de seus colegas, incrementou o vexame também batendo para fora. O Brasil, após parar nas mãos de Justo Villar foi eliminada de forma ridícula da Copa América.(Fonte: Joven Pan Oline/ por Danilo Meira/Folha)
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