Provavelmente sua cabeça não para de trabalhar, procurar as melhores formas para ensinar, a melhor postura, as palavras definitivas, que não causem nenhuma dúvida sobre o assunto ensinado.
Nesse teatro educativo, a postura conta muito, como também um gesto, a entonação da voz, a pausa, o epílogo e a conclusão.
Os exemplos são também muito importantes para transmitir o conhecimento.
Alguns exemplos falam por si; um exemplo bem colocado, incute no aluno essa memória para o resto da vida.
O professor se prepara em tempo integral para a aula; faz um treinamento como se fora um jogador de futebol profissional. Se estiver bem treinado consegue marcar até o craque, se não tiver toma baile de cabeça de bagre; do grosso; com o professor acontece o mesmo; se não tiver com a aula bem definida na cabeça, não consegue transmitir seus conhecimentos totalmente e causará mais dúvida do que certeza.
Na verdade, o professor se prepara diuturnamente para a cátedra; ninguém vê esse esforço hercúleo e na maioria das vezes não é reconhecido; é tipo sutiã de freira: todos sabem que existe, mas ninguém vê.
Fiz todo esse tro-lo-ló para contar que ouvi há algum tempo, um professor universitário, num curso sobre as novidades do Código Civil, fazer uma declaração de amor a um animal, precisamente uma vaca.
Uma vaca holandesa!
Com as mudanças introduzidas pelo, então novo Código Civil, alguns conceitos foram totalmente reformulados, outros desapareceram e alguns mantidos, vez que o código revogado fora concebido em 1916.
O professor utilizou o exemplo de seu imenso amor por esse animal, a vaca, para explicar o que é “retrovenda”, que nada mais é do que a opção que o vendedor contrata com o comprador de um bem, caso ele, no futuro, vá se desfazer desse bem.
Na oportunidade, o professor contou, que ainda jovem, herdou uma fazenda neste Estado e como não soubesse administrá-la, acabou perdendo todo o rebanho e as máquinas, só conseguindo manter as terras.
Conforme ia lhe faltando dinheiro, ele ia se desfazendo de seus bens, começando pelos maquinários, depois os animais, até que chegou na última vaca, seu grande amor.
Por sinal esse animal tinha um valor inestimável; era a melhor do seu rebanho, era uma rainha exuberante de saúde, postura, caráter e docilidade, além do que, todo ano lhe dava uma cria, com as mesmas características marcantes da mãe.
O amor e o valor inestimável desse animal tinha uma razão, ela era a primogênita do rebanho.
Tipo amor antigo, enrolado, com cumplicidade, complicado, com música do Wando, com presentinhos no dia dos namorados etc etc.
O nosso herói estava protelando vendê-la, chegando a essa decisão após muita resistência e teria chorado quando o fez.
Posteriormente, pensando melhor, fora reconfortado pelo fato de que o animal iria para um local melhor, maior, com mais recursos e também pela concordância do comprador em aceitar a tal retrovenda.
Enfim, sua amada iria continuar cumprindo sua finalidade maior por aqui: dar muito leite diariamente e criar seus lindos bezerros.
Não é minha praia lidar com contratos e suas nuances, mas o professor conseguiu seu objetivo: explicar o que é uma retrovenda.
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