Como o esperado, as revelações diárias sobre as investigações da Operação Lava-Jato agitaram o cenário político de Brasil nesta segunda-feira, 1 de fevereiro, ainda mais que novidades surgiram tanto para aproximar mais o ex-presidente Lula do sítio em que costuma descansar em Atibaia como pela divulgação do teor do depoimento do ex-ministro José Dirceu ao juiz Sergio Moro, no qual o petista naturalmente se defende e ao mesmo tempo insinua responsabilidades outras em questões envolvendo o petrolão, inclusive citando o senador Aécio Neves e o PSDB nessas insinuações.
O clima chegou a tal grau de tensão que levou o PT a decidir utilizar as inserções que tem direito a partir de hoje no horário político no rádio e na televisão quase que exclusivamente para fazer a defesa de Lula, deixando em segundo plano a própria apresentação do partido e a defesa do governo Dilma como é de hábito.
A recuperação da imagem de Lula preocupa demais porque, além do ex-presidente ser o grande líder e o símbolo do partido, o PT ficaria de mãos abanando na disputa eleitoral de 2018. Discretamente, alguns partidos da aliança governista, como o PDT e o Pros, já estudam a viabilidade de sustentar a candidatura do ex-ministro Ciro Gomes à sucessão de Dilma como opção para os governistas de hoje, em lugar de Lula.
Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, o PT dispõe de pesquisas indicando que em qualquer cenário que se sonde a preferência dos eleitores para 2018, Lula é vencido. O instituto de pesquisa Ipsos divulgou ontem (1), uma pesquisa do mês passado indicando que apenas 25% dos eleitores disseram acreditar que o ex-presidente é um político honesto. Durante o escândalo do mensalão, em 2005, eram 49%. Conter e reverter essa sangria passou a ser a prioridade petista.
Ainda consequência do petrolão, o desgaste dos partidos também é generalizado, não apenas o PT está atingido: 82% acham que todas as legendas são corruptas e os mesmos 82% dizem não ter nenhum partido de preferência. 71% consideram o PT mais corrupto que outras legendas. 79% avaliam o governo como ruim e péssimo e 92% acham que o Brasil está no rumo errado. A política está achando o fundo do poço.
O Palácio do Planalto percebeu que todo esse ambiente, juntamente com a deterioração do quadro econômico - medo maior dos políticos em ano eleitoral- , pode dificultar ainda mais as já complicadas tratativas para levar o Congresso a aprovar as medidas mais urgentes da reforma fiscal ainda pendentes – tais como a recriação da CPMF e a prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União). Sem contar as encantadas reforma previdenciária e trabalhista.
O pacote anunciado no Conselhão continua gerando dúvidas e ceticismo. Segundo o “Valor Econômico”, a agência de classificação de risco Fitch diz que as medidas de estímulo ao crédito provavelmente não ajudarão a estimular a economia; para a Moody’s, a preocupação são os bancos públicos.
Por isso, resolveu fazer uma ofensiva mais pesada sobre o Congresso e os aliados. Assim, depois de desdenhar a sugestão do ex-ministro Delfim Neto de que fosse pessoalmente ao Congresso hoje para entregar a mensagem presidencial de praxe, com a lista de suas prioridades e respaldada na autoridade presidencial, Dilma decidiu atravessar o pequeno espaço na Praça dos Três Poderes que separa o Planalto das duas cúpulas da Câmara e do Senado e ir entregar pessoalmente o texto - em um gesto ao mesmo tempo de reconciliação e demonstração de respeito de um lado e de pressão direta de outro. A presidente vai apelar também para um esforço total no combate à dengue. (Fonte: José Marcio Mendonça/InfoMoney)
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