Logo após o recebimento da notificação que determinava o bloqueio, na quarta-feira (16), o Sinditelebrasil, associação que representa o setor, divulgou um comunicado no qual dizia que as teles tinham decidido cumprir a decisão judicial.
Em fevereiro, a Justiça no Piauí também havia exigido o bloqueio do aplicativo, mas, naquele momento, as teles recorreram imediatamente e individualmente.
Desta vez, a Oi foi a única a admitir publicamente que tinha recorrido para que não houvesse o bloqueio do WhatsApp. A empresa não concorda em punir terceiros por problemas com a Justiça, além de prejudicar seus clientes que usam o aplicativo.
Do lado oposto, ficou a Vivo, controlada pela espanhola Telefónica. A operadora não cogitou contestar o pedido judicial. A empresa trava uma guerra com os aplicativos. A matriz da operadora já deixou claro o interesse em investir nesse ramo de negócio para competir com o WhatsApp e outros aplicativos do gênero.
TIM e Claro têm parcerias com o WhatsApp, que pode ser usado pelos clientes sem custos adicionais dependendo dos planos de cada um. Ambas as operadoras disseram ter cogitado entrar com recurso na Justiça contra o bloqueio, mas, na prática, esperaram que isso acontecesse pelas mãos de terceiros. São amigáveis com os aplicativos, mas também têm pontos de atrito.
A surpresa nesse episódio partiu de José Félix, presidente no Brasil da América Móvil, que controla a Claro, em entrevista ao "Teletime".
Embora o executivo tenha achado o pedido de bloqueio um "exagero", Félix disse ao informativo especializado que o WhatsApp estaria deliberadamente buscando outras "portas de acesso" para furar o bloqueio, uma estratégia que, segundo o executivo, "é típico de sites criminosos, de pirataria, pedofilia".
Em agosto, o presidente da Vivo, Amos Genish, também chamou o aplicativo de "pirata" por motivos diferentes.
No setor, a declaração de Félix fez ressurgir os rumores de que a America Móvil e a Telefónica estariam avançando em uma parceria para criar uma grande empresa de aplicativos capaz de fazer frente ao WhatsApp.
MESMA BRIGA
O único ponto em comum na disputa das teles contra os aplicativos se dá na oferta de serviços típicos da telefonia, como envio de torpedos e chamadas de voz via internet.
Esses serviços são regulados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), mas os aplicativos estão fora do controle da agência.
As operadoras de telefonia já enviaram documento ao governo exigindo "isonomia". Para elas, aplicativos como o WhatsApp estão prestando um serviço "pirata". Até concordam que os aplicativos prestem esse serviço, desde que elas sejam desobrigadas a cumprir as regras hoje estabelecidas para o serviço de voz e textos. (Fonte: Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP/UOL- Folha SP/ Julio Wiziack)
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