Segundo a Associação dos Amigos da Serra dos Cocais, "Cerca de um quarto dos registros de mortes de peixes no Estado de São Paulo em 2014 ocorreram na área das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
Segundo o Relatório "Qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2014″ da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), os mananciais da região tiveram 50 casos de morte de peixe registrados no ano passado, o que corresponde a 23,5% do total de 213 ocorrências do Estado.
Em cinco anos, a mortandade de peixes em São Paulo cresceu 71,7%, mas na Bacia PCJ o aumento foi ligeiramente inferior (66,6%), uma vez que durante o ano de 2009 o relatório apontou a morte de 30 peixes.
O relatório da Cetesb destaca que em fevereiro do ano passado, período de reprodução dos peixes, foi registrada uma grande mortandade de peixes no rio Piracicaba, causada pela queda na concentração de oxigênio dissolvido na água em decorrência da baixa vazão do rio.
De acordo com Silvia Gobbo, bióloga e professora de Ecologia da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), a estiagem que atinge os mananciais desde 2013 e persiste neste ano contribuiu para reduzir a vazão dos rios, e consequentemente o nível de oxigênio disponível aos peixes.
"Isso é reflexo de uma situação que está se prolongando nos últimos anos, de baixa vazão. Tem muita pouca água nos rios e afeta o ecossistema. Com a menor quantidade de água, o que ocorre é que dilui menos a poluição, que fica concentrada e reduz o nível de oxigênio. A temperatura da água também fica mais quente e causa alteração", explicou.
A queda na qualidade da água nos rios das Bacias PCJ foi confirmada pelo relatório da Cetesb. Dos 70 pontos monitorados, 63% pioraram no ano passado. As situações mais adversas são as dos rios Piracicaba e Capivari a partir da captação de Campinas, dos rios Atibaia, Piraí, Ribeirão dos Toledos e Pinheiros, que apresentam alto grau de poluição, com indicativos de contaminação por esgoto domésticos.
"A qualidade da água piorou. Essa poluição tem principalmente nutrientes, que vem do esgoto urbano e de fertilizantes", completou.
Caso o período de estiagem e as altas temperaturas se prolonguem neste ano, a tendência é que a mortandade de peixes persista, principalmente no fim do período de seca. Segundo Silvia, a tendência é voltar a ter mortandade do meio para o final da estiagem, quando começa a ter maior stress hídrico do peixe.
"Se não chover e prolongar os dias de alta temperatura, pode ter mortandade sim", estimou.
A especialista lembra, ainda, que a primeira chuva após a seca prolongada mata grande número de peixes mortos. Isso porque a chuva lava o solo e leva para o rio a poluição das ruas e do campo. Ela afirma que todas as espécies de peixes são prejudicadas com esta situação e avalia que os prejuízos causados ao ecossistema levarão anos para se recuperar.
"Todas as espécies são afetadas, porque eles não se reproduziram, houve mortandade e hoje o rio está mais pobre. Vai levar algum tempo para se recuperar. É torcer para que a estiagem seja curta e essa população consiga se recuperar nas próximas piracemas"." (Fonte: Associação Amigos da Serra dos Cocais)
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