Parece magia, mas esse sistema já é real. Ele foi desenvolvido e patenteado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e pode chegar ao mercado em breve.
“O calor gerado pela geladeira vai para o ambiente e é dissipado. Com o sistema, esse calor deixa de ser perdido e é utilizado para esquentar a água”, comenta o professor José Roberto Simões Moreira, coordenador do Laboratório de Sistemas Energéticos Alternativos do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli.
Para entender como funciona o sistema, é preciso entender o funcionamento da geladeira: o processo de circulação refrigerante é feito através de um gás, que é aspirado pelo compressor e comprimido, o que resulta em aumento da pressão e temperatura do gás. Esse gás prossegue para um condensador — uma espécie de serpentina que fica na parte posterior da geladeira doméstica, onde o calor é dissipado, e assim a geladeira é gelada.
A energia térmica liberada pela geladeira pode chegar a 60 °C. “Inserimos um tanque de água entre o compressor e o condensador permitindo, assim, que o calor do gás quente fosse transferido para a água em vez de ser dissipado para o ambiente em que se encontra a geladeira”, acrescenta.
O sistema deve custar ao consumidor cerca de R$ 200, se houver fabricação industrial. De forma artesanal, o custo estimado para a instalação seria de R$ 400. O uso pode ser para geladeiras residenciais e comerciais.
Projeto – A pesquisa, coordenada por Simões, durou oito meses e teve a parceria do aluno de graduação Lucas Zuzarte. Segundo os pesquisadores, o invento pode, em teoria, ser utilizado em todos os refrigeradores do País, número estimado em 50 milhões pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nos testes em laboratório, feitos com uma geladeira comercial de 565 litros e um tanque de 25 litros de água acoplado ao sistema, a temperatura final da água chegou a 55º C, com aumento médio de 5º C por hora. Quanto mais o equipamento é utilizado, mais rápido e intenso é o aquecimento. “Se formos levar em conta o custo para aquecimento dessa quantidade de água por mês, a economia seria de aproximadamente R$ 35 ao mês”, disse.
Consumo – Outra vantagem do sistema é que ele melhora o desempenho da geladeira e diminui o consumo de energia elétrica. Nos testes, o coeficiente de performance do refrigerador, que mensura sua eficiência energética, aumentou mais de 13%. Já o consumo de energia do compressor caiu entre 7% e 18%.
“Além de garantir água quente, a instalação do equipamento melhora o desempenho da geladeira. Além disso, ele pode diminuir o consumo de ar condicionado, já que o calor que iria para o ambiente e aumentaria a temperatura do local onde a geladeira está”, garante.
Potência – Simões pondera que o processo é mais eficiente em refrigeradores comerciais por causa da potência dos aparelhos. “Creio que para restaurantes, lojas de conveniência de postos combustíveis e outros pontos comerciais do gênero será uma inovação muito bem vinda, porque pode otimizar a economia de energia de fato, mas em residências sua aplicação também é viabilizada”.
Além disso, o sistema tem como vantagem ser fácil e barato de instalar. “Pode ser facilmente instalado por qualquer técnico de refrigeração”, diz. Trata-se, basicamente, de um tanque, que no caso dos testes foi feito em aço inox, mas pode ser confeccionado com material mais barato, e alguns tubos de cobre e de PVC.
Mercado – Simões acredita que, como a patente já foi concedida e as pesquisas demonstraram todo o potencial de aplicação do sistema, é possível que a inovação chegue efetivamente ao mercado em alguns meses. Segundo ele, a indústria levaria menos de três meses para fazer as adaptações necessárias e o desenvolvimento final do produto.
“Em princípio, a ideia é apresentar o sistema aos fabricantes de geladeiras, que teriam condições de oferecê-lo como opcional na compra do aparelho”, conta. (Fonte: UOL)
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