Fonte: Divulgação [-] [+]
Dr. Chiken era uma autoridade extremamente cuidadosa com seus casos policiais. Ao chegar ao plantão, costumava se informar se havia ficado algum caso sem solução ou sem atendimento do plantão anterior, para saná-lo. O certo era não deixar caso sem solução.
Naquele dia após o plantão, encontrando-se em sua casa descansando, Dr. Chiken foi surpreendido com o noticiário da TV local, sobre um caso policial que havia acontecido em seu plantão, o qual não lhe chegou ao conhecimento.
Segundo a notícia, uma pessoa havia sido baleada após invadir nu, um barraco vizinho na favela. Tudo levava a crer, que o marido enciumado efetuara o disparo.
A vítima atingida pelo tiro dera entrada no pronto socorro e estava internada para ser operada; o projétil encontrava-se alojado em um local nobre: o saco!
Aquela notícia do crime em seu plantão, que lhe era desconhecida, foi o suficiente para Dr. Chiken perder o apetite, o sono, a tranqüilidade, enfim, quase teve um infarto.
Após sofrer em silêncio e meditar, concluiu que nem tudo estava perdido: havia uma vítima de tiro, com vida, que poderia dar explicações; havia outra vítima, a dona do barraco onde houve a invasão.
Menos mal, investigaria logo em seguida, registraria os fatos, e pronto, a omissão estaria sanada.
E assim foi feito. Ligou para seus tiras “Quero o Meu” e “Trinta por Cento”, encontraram-se e partiram para realizar o serviço.
Foram à casa da vítima que sofrera a invasão.
A dona do barraco contou que foi tudo muito rápido; acreditava que sofrera a invasão em sua casa de um homem nu pela janela, e do outro lado, pela porta entrou alguém atirando, que acabou atingindo o homem nu.
O indivíduo que efetuou o disparo fugiu em seguida, sem ser identificado; o que fora atingido, caiu em seu barraco e posteriormente foi removido para o pronto socorro. Não conhecia nenhum dos dois.
Ouviram a história com reservas; era muito estranho a versão desta vítima, não dava pra acreditar. Provavelmente a mulher estaria acobertando os fatos.
Acreditavam num triângulo amoroso.
Dr Chiken perguntou pros tiras – o que vocês acham ?
“Quero o Meu” foi taxativo – vai dar bicho de chifres!
Dr. Chiken – você está certo, estamos com todos os ingredientes para um típico caso de “Tentativa de Cornocídio”.
Sem alternativa para solucionar o caso rumaram para o hospital para conversar com a vítima atingida pelo disparo de arma de fogo.
Como a vítima encontrava-se ainda lúcido, nos preparativos para a cirurgia, solicitaram permissão aos médicos e conversaram com o mesmo.
- O que aconteceu meu filho?
- Sabe doutor, a semana inteira eu estava de olho nela. O marido viajou... ela ficou dando sopa, sabe cumé que ié...
- Como o senhor sabe que o marido viajou?
- Ela é fogosa, quando ele está no barraco, ela faz um barulho infernal a noite toda: ela geme, suspira, funga, pede pra parar, pede pra não parar, pede pra bater, pede pra bater mais forte, pede pra parar de bater, pede isso, aquilo, umas coisas que eu não entendo direito, fala umas coisas incompreensíveis...
- Incompreensíveis como?
- Tipo cavalinho, burrinho, jumentinho, politiquinho...
- Oooooooooooooooooooooooooooo quuuuuuuuuuuuueeee Politiquinho também ?
- Sim.
- E o que é isso?
- Eu não sei.
- O senhor está com gozação comigo.
- Não doutor, eu percebi que essa semana ela me chamava – a noite inteira ela falava – Jacinto, Jacinto, jacin, cin etc.
- Quem é Jacinto?
- Jacinto Coisas às suas ordens, doutor.
- Não acredito, o senhor está novamente com gozação comigo, fale somente o que eu perguntar, e fale a verdade, senão acaba sobrando pro senhor.
- Eu acordei ouvindo ela me chamar, fiquei totalmente exitado, a cabeça estava a mil por hora, eu só pensava na prenda. Ela provavelmente estava sonhando comigo, conclui, é só entrar e executar a fatura, matar o dragão de uma estocada só e pronto; tirei a roupa e mergulhei no barraco; entrei pela janela que estava só encostada.
- Na penumbra escura do barraco vi a Doralice toda carnuda, semi nua, acordar assustada. Nesse momento levei um tiro de alguém que estava entrando pela porta; não entendi até agora o que aconteceu; fiquei caído ali no barraco, contundido e a mina do meu lado, semi nua, me tratando com o maior carinho. Que ironia do destino, doutor!
- Não entendi.
- Ironia do destino doutor; A mina do meu lado, toda carnuda, semi nua e eu em dia de vegetariano...
- Vegetariano ... vá pqp. Foi o marido dela que atirou em você?
- Não doutor, absolutamente.
- Ela ia ser assaltada?
- Provavelmente.
- E o senhor estava com outra intenção?
- Eu estava troncho de tanto pensar naquilo doutor.
- Naquilo o que?
- Naquilo dela, doutor.
- E agora como vai ser? Você ficou roncoio.
- Roncoio não doutor, depauperado; o medico falou que eu vou ficar melhor que antes.
- Você esta novamente com gozação comigo, esta me tratando como se fosse um asno...
- Não doutor, absolutamente ...
José Wagner Sampaio é Advogado
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