O casal Emerson Viegas, 32, e Jaqueline Barbosa, 26, fez os dois e hoje fatura R$ 2,5 milhões ao ano enquanto conhece novas cidades e países.
Para trabalhar, eles alugam casas já com mobília e internet em sites como Airbnb ou Alugue Temporada. A experiência os levou a criar o site Nômades Digitais, com dicas para quem deseja trabalhar viajando como eles.
Viegas conta: "Trabalhamos nas casas que alugamos, mas também em cafés, quiosques de praia, parques, bares e onde mais tiver uma conexão a internet. Nós conseguimos transformar lugares inspiradores em escritório só abrindo o laptop".
Mas não foi fácil. "Não se larga tudo de uma hora para outra. Por um ano fizemos sacrifícios de 'classe média', não compramos roupas, não fomos a restaurantes, baladas ou cinema", diz Viegas, sobres os esforços para juntar dinheiro.
O casal se conheceu em 2009. Barbosa atuava como tradutora e professora de inglês e estava próxima do topo da carreira. Viegas trabalhava há dez anos como publicitário, ganhava R$ 12 mil por mês e comandava uma equipe de dez pessoas.
"Eu tinha o que as pessoas buscam, e o que eu também buscava, mas estava em um momento de muita frustração profissional", ele afirma, e continua: "Isso se estende a uma frustração com a vida pessoal, pois, quando você não está feliz com seu trabalho, você acaba 'vivendo' só aos finais de semana".
Depois de muito planejamento e economia, os dois saíram de seus empregos para se dedicarem integralmente a dois sites que criaram, o Hypeness, sobre inovação e tecnologia, e o Casal sem Vergonha, que fala sobre sexo e amor para casais.
A verba inicial era suficiente para sustentá-los por um ano e sua ocupação passou a ser cuidar dos sites, mas nunca trabalhavam aos finais de semana, para preservar o relacionamento.
Viegas afirma: "Nosso faturamento em 2014 foi de R$ 2,5 milhões. Os negócios ligados ao Hypeness representam 60% do nosso faturamento anual; ao Casal sem Vergonha, 30%; e ao Nômades Digitais, 10%".
Ele ainda diz que hoje o Hypeness tem 5 milhões de visitas e 4 milhões de visitantes únicos por mês. Já a audiência do Casal sem Vergonha é de 7 milhões de visitas e 5 milhões de visitantes únicos por mês.
A empresa tem 13 funcionários nas áreas de conteúdo, tecnologia da informação e comercial. Além da publicidade nos sites, Viegas afirma que a dupla se preocupou em diversificar as fontes de receita: "Fazemos consultoria para marcas dentro do mercado de cada site, analisamos protótipos e produzimos conteúdo para várias marcas".
Além disso, Viegas afirma que investir em produtos próprios é o caminho para produtores de conteúdo na internet fazerem dinheiro. Assim, eles estão lançando seu primeiro produto dentro do Casal sem Vergonha, o livro "Mulheres boas de cama - Guia prático para você revolucionar sua vida sexual", pelo selo Novas Ideias da Editora Nova Conceito.
Devem também disponibilizar no final de março o primeiro curso em vídeo do site. "Será um curso voltado para casais, para que sejam mais felizes no sexo e no amor, quase uma terapia de casal, mas será do nosso jeito, mais prático", diz Viegas.
ERRO DE PRINCIPIANTE
Viegas conta que, no início, eles erraram ao não investir todo o tempo de trabalho que podiam no projeto. "Quando fizemos isso tudo mudou, a audiência e as relações comerciais melhoraram muito", diz.
Outro erro foi ficar muito preocupado em manter a lucratividade e demorar para contratar. Ele afirma: "Acabamos acumulando todas as funções, mas não devemos ser o motor da empresa, e sim o volante que dá a direção certa".
Ele também aconselha empreendedores a delegar e criar processos que não dependam de si, para que haja tempo para criar novos serviços interessantes. "Quando automatizamos o negócio a audiência e faturamento aumentaram", ele conta.
No começo dos negócios, a dupla viveu por um ano e meio em uma agrovila em Ilhabela, litoral de São Paulo. "No começo de 2014 começamos a vida de nômade digital. Já havíamos viajado para fora em algumas ocasiões, mas em 2014 o roteiro foi sem parar: Florianópolis, Rio de Janeiro, Búzios, Los Angeles, São Paulo, Zurique, Amsterdam, Berlim, Barcelona, Ilhabela, Las Vegas, São Francisco e Denver", diz Viegas.
Eles acabam de montar uma casa em Florianópolis que deve ser uma base para onde voltam entre as viagens e descansam, mas ainda em 2015 devem passar por Toronto (Canadá), Nova Zelândia e Suíça, ficando ao menos um mês em cada destino.
Viegas afirma que o casal escolhe o destino pela relação custo-benefício, mas também realizam viagens patrocinadas por anunciantes que, nesse caso, escolhem o destino. Ele diz que eles não têm planos de seguir determinado roteiro ou passar por todos os continentes, por exemplo.
"Seguimos o que os nômades antigamente faziam. Enquanto uma localidade os fazia felizes e supria a suas necessidades, eles ficavam. Quando desejavam estar em outro lugar, eles simplesmente partiam", diz.
A regra de não trabalhar aos fins de semana permanece e o casal chega a trabalhar 14 horas seguidas para em seguida tirar uma tarde para aproveitar a cidade em que está.
A maioria dos empregados dos sites também é 'nômade digital' e vive em São Paulo, Curitiba, Berlim, Barcelona, San Francisco e Portugal. (Fonte: Folha com GABRIELA STOCCO, de São Paulo)
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