Agora, precisa decidir o que fazer com o dinheiro que sobrou. Será melhor trocar tudo por reais ou guardar para uma próxima viagem?
De acordo com o economista Franklin Lacerda, mestrando em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vale a pena manter o dinheiro em casa se você for viajar de novo nos próximos meses. Nesse caso, as sobras serão muito bem aproveitadas. "Esse dinheiro servirá para gastos menores, para pagar um táxi ou comprar um café", diz Lacerda.
Porém, se não há nenhuma perspectiva de viajar para o exterior em breve, o mais indicado é converter o dinheiro em reais em uma casa de câmbio. Guardar qualquer soma na gaveta por anos pode significar perder dinheiro.
"Há sempre o risco de as cédulas mudarem e, nesse caso, elas deixam de ser aceitas em casas de câmbio de outros países", diz o economista Lucas Radd, planejador financeiro pessoal da WG Finanças. Também vale considerar o risco de ter o dinheiro furtado ou roubado e até de ver a moeda perder valor, dependendo do tempo e da situação econômica do país de origem.
Aliás, para chegar a uma conclusão, é importante que o cenário econômico seja avaliado. Por exemplo, se as previsões indicam que ocorrerá uma desvalorização do real em relação à moeda estrangeira e existe o plano de voltar àquele país num prazo de dois anos, vale a pena guardar. Agora, se a perspectiva for de valorização do real perante o dinheiro estrangeiro, o melhor é vender, embolsar a quantia e, se necessário, recomprar no futuro.
Exceções exigem mais atenção
Moedas metálicas devem sempre ser usadas antes de retornar ao Brasil. Isso porque elas não são aceitas em casas de câmbio. Ou seja, se perceber que ainda está com muitas moedinhas e a sua viagem está chegando ao fim, dedique-se a gastá-las no território internacional: dando gorjetas, comprando uma garrafinha de água ou pagando o transporte público. O importante é livrar-se delas.
Moedas que circulam menos, da Turquia ou da Rússia, por exemplo, também devem ser passadas adiante o mais rápido possível. O ideal é trocar as sobras no próprio país de origem, por dólares ou euros. Como as casas de câmbio brasileiras raramente encontram compradores para essas moedas, esses estabelecimentos optam por não aceitá-las.
"Franco suíço, iene e peso argentino já são mais comuns e podem ser trocados no Brasil. No entanto, é recomendável a pessoa entrar em contato com a casa de câmbio ou banco para verificar a disponibilidade de fazer essa conversão ao fim da viagem, pois muitas dessas instituições só trabalham sob demanda", explica o consultor financeiro Marco Harbich, da empresa de investimentos Guidance.
Trocar uma grande quantia de dinheiro é possível, mas é preciso bom senso
"Se estivermos falando de mil ou dois mil dólares, realmente não há problemas. Entretanto, caso o montante seja de 15 mil dólares ou mais, será necessário apresentar comprovantes emitidos por instituições financeiras brasileiras, indicando que o portador realmente adquiriu aquele valor nos últimos anos", diz Franklin Lacerda.
Já o turista que voltar de viagem com um cartão pré-pago ainda abastecido não precisará se preocupar em trocar rapidamente a moeda, por medo de desatualização ou roubo. Mas, para decidir se manterá o montante, é necessário analisar as cláusulas do contrato de prestação de serviço do dinheiro de plástico.
"Alguns cartões têm prazo de validade e taxas que podem ser cobradas a partir de determinado período de inatividade. Desse modo, vale a mesma regra do dinheiro em espécie: se não houver perspectiva de viajar em breve, troque a moeda estrangeira por moeda nacional", diz Lacerda.
Por fim, vale considerar que a prática – relativamente comum – de vender a moeda estrangeira que sobrou para um amigo ou parente pode resultar em problemas com a Receita Federal e, por isso, não é recomendada. "Esse tipo de negociação só pode ser feito por agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio. Transações realizadas sem a intermediação desse agente são consideradas 'mercado paralelo'", explica o educador financeiro Adriano Severo Madeira. (Fonte: UOL/ Marina Oliveira e Thaís Macena)
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