“O cálculo conceitual, teórico, para reduzir 15 metros cúbicos por segundos no Cantareira precisaria de um rodízio de dois dias com água por cinco dias sem água. Se for necessário, para não chegar no zero na represa, não ter mais água nenhuma para distribuir, lá no limite, se as obras não avançarem na velocidade que estamos planejando, podemos correr esse risco de um rodízio drástico”, afirmou o diretor.
Yoshimoto disse nesta terça-feira (27) que a medida pode complementar ações já adotadas, como redução da pressão e pedido de diminuição do consumo pela população.
No evento, Alckmin não deu declarações sobre o rodízio. O governador falou da transferência do Rio Guaratuba para o sistema Alto Tietê e sobre as obras de transferência da água da Represa Billings.
Segundo Massato, a implementação da medida vai depender da análise dos órgãos reguladores de recursos hídricos.
“Se a Agência Nacional das Águas (ANA), o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), que são os órgãos reguladores de recursos hídricos, chegarem à conclusão nos seus estudos que a Sabesp tem que retirar muito menos do que ela está retirando do Cantareira, a solução no limite seria a implantação de um rodízio muito drástico”, disse Yoshimoto.
O diretor não fez previsões sobre quando o rodízio poderia começar a ser adotado.
“Eles [órgãos reguladores] é que definem a vazão de retirada do Cantareira. Ainda temos uma expectativa, pequena, mas temos expectativa de que as chuvas de verão voltem”, disse Massato.
Metade da média – As chuvas acumuladas neste mês no Sistema Cantareira representam 49,5% da média histórica.
A ANA determinou na semana passada que a Sabesp reduza ainda mais a captação do Cantareira, levando a companhia a adotar como meta chegar à retirada de 13 metros cúbicos por segundo, sendo que ainda explorava, nesta terça, 16 metros cúbicos. Para Massato, a implementação do rodízio 5×2 será necessário se o limite for ainda menor.
“Se nós tivermos que retirar somente 10, 12 metros cúbicos por segundo, seria necessário implantar rodízio de dois dias com água, cinco dias sem água. O equivalente a isso para ter uma economia necessária lá no Cantareira e não deixar que [o nível] continue caindo.”
O diretor avalia que as medidas já adotadas conseguiram reduzir a vazão do Cantareira.
“Com essa tecnologia, com a adesão da população reduzindo o consumo e mais as transferências [de outros reservatórios], nós estávamos produzindo no Cantareira 32 metros cúbicos por segundo. Hoje nós estamos produzindo 16,5 metros cúbicos por segundo. Então, para fazer um rodízio, nós teríamos que fazer um rodízio muito pesado. Se as chuvas insistirem em não cair no sistema Cantareira, seria uma solução de um rodízio muito pesado, muito drástico.”
Ano mais crítico – O diretor da Sabesp disse que o planejamento inicial para a falta de água começou em dezembro de 2013 e que a foi evitado que a falta de água ocorresse já no ano passado.
“Qual era nosso planejamento? Que a partir de outubro, na primavera, ocorresse pelo menos as vazões mínimas das mínimas históricas. Acontece que o ano hidrológico 2014/2015 está sendo mais crítico do que foi 2013/2014. Está chovendo muito menos em outubro de 2014 do que choveu em outubro de 2013. Então sucessivamente estamos batendo novos recordes de baixas precipitações.”
Governador divulga obras – Durante a visita a Suzano, Alckmin informou que a oferta de água para parte da Grande São Paulo foi aumentada em 500 litros por segundo com a ampliação da transferência de água do córrego Guaratuba para o Sistema Alto Tietê.
O Sistema Alto Tietê está com 10,4% do seu volume. Ele abastece 4,5 milhões de pessoas em parte da zona leste de São Paulo e em Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, além de parte de Mauá, de Mogi das Cruzes e de Santo André.
O Alto Tietê deve ser beneficiado, ainda sem prazo definido, pela transferência de vazão da Represa Billings, como o governador anunciou na semana passada. Nesta manhã, ele detalhou que o Alto Tietê tem capacidade para tratar e distribuir o volume extra.
“Aqui (no Alto Tietê) nós temos capacidade de tratar mais cinco metros cúbicos por segundo e produzir e distribuir mais cinco metros cúbicos por segundo. Não adianta você colocar água em um local que não tem capacidade para tratar mais. Aqui você tem ambas as condições. É onde precisa, porque é onde menos está chovendo e é onde pode ajudar o Cantareira”, disse.
A ajuda ao Sistema Cantareira é indireta. Desde o começo da crise, o Alto Tietê passou a atender mais um milhão de clientes da Sabesp, que eram atendidos pelo Cantareira. Por causa dessa migração e do fraco regime de chuvas, o Alto Tietê apresentou aceleração na queda de suas reservas. (Fonte: G1)
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