Um bilionário chinês do setor de TI está seguindo os passos do presidente do conselho da Tesla Motors, Elon Musk, ao buscar construir carros elétricos no maior mercado automotivo do mundo.
Jia Yueting
(Foto), presidente do conselho de administração e fundador da Leshi Internet Information Technology (Beijing), disse nesta semana que a produtora de televisores com internet passou os últimos 12 meses desenvolvendo um carro elétrico e que tentará conseguir uma licença para fabricá-los na China. A Leshi contará com sua experiência na “gestão de mudanças inovadoras” e espera superar a Tesla, criando o carro elétrico mais conectado do mundo, disse ele, em comentários enviados anteontem, por e-mail.
A ambição do empresário de 41 anos de idade de se aventurar no ramo de carros elétricos surge em um momento em que a China propõe a concessão de licenças para empresas que não fabricam carros para incentivar a inovação e criar concorrentes locais para a Tesla, como parte de um plano mais amplo para diminuir a poluição atmosférica, reduzir a dependência do petróleo importado e liderar a indústria automotiva global.
“A Leshi vem tentando se diversificar e o desejo do CEO é que se torne maior e entre em novos setores”, disse Luke Xu, analista da iResearch em Pequim, por telefone. “O governo está incentivando o desenvolvimento da indústria de veículos elétricos e todo mundo vê uma oportunidade nesse mercado de rápido desenvolvimento”.
Musk, que ajudou a recriar o comércio on-line como cofundador da PayPal, mais recentemente sacudiu os setores aeroespacial e de energia solar. Ele disse em abril que a China acabará superando os EUA e se tornará o maior mercado para os carros elétricos da Tesla.
Jia fundou a Leshi em 2004 e a empresa com sede em Pequim realizou sua oferta pública inicial em 2010 em Shenzhen. A Leshi tem um valor de mercado maior que o da Youku Tudou, a empresa de TV com internet negociada em Nova York, e a participação de 44% de Jia está avaliada em cerca de US$ 2,3 bilhões pelos atuais preços de mercado.
Ele não é o único bilionário que ambiciona aproveitar o esforço da China para adotar veículos amigos do meio ambiente.
A Wanxiang Group, fornecedora de peças automotivas chefiada pelo fundador Lu Guanqiu, disse que espera receber uma licença para produzir veículos elétricos na China quando o governo terminar o projeto de uma política que permitiria que novos players produzissem veículos elétricos no maior mercado automotivo do mundo.
A proposta para garantir mais licenças de fabricação surge em um momento em que a China está aquém de sua própria meta de colocar mais carros amigos do meio ambiente nas ruas. Ao mesmo tempo, o governo oferece bilhões de dólares em subsídios e promessas para construir estações de recarga para o público.
Para poder pedir uma licença, as empresas devem ter mais de três anos de experiência com pesquisa e desenvolvimento de produto, ter capacidade para desenvolver um veículo e contar com capacidade de produção automotiva, segundo uma proposta que circulou até o dia 2 de dezembro para que pudesse receber comentários públicos.
Os carros elétricos inteligentes ligados à internet da Leshi terão “preços razoáveis” e contarão com diversas telas sensíveis ao toque, que substituem os consoles e painéis tradicionais, disse a empresa, em um comunicado à imprensa. Os usuários poderão contar com direção autônoma, estacionamento automático e funções de posicionamento e busca possibilitadas pela plataforma em nuvem da empresa, disse o comunicado.
A empresa mantém contato próximo com a BAIC Motor para a produção de carros elétricos e está disposta a cooperar com outras fabricantes de veículos tradicionais, disse He Yi, CEO da Leshi Internet of Vehicles, em uma entrevista coletiva hoje em Pequim.
A Leshi informou que no início deste ano investiu na fabricante de baterias Atieva, com sede nos EUA, em conjunto com a BAIC, e que mantém uma equipe de pesquisa e desenvolvimento no Vale do Silício.
Em seu e-mail, Jia preferiu não dizer como a empresa planeja financiar o desenvolvimento de veículos elétricos, dizendo apenas que será um modelo “inovador”. A empresa buscará “redefinir a indústria automotiva” e aceitará o desafio de apoiar a meta da China de limpar a qualidade de seu ar.
“Este é o nosso sonho e a nossa paixão”, disse Jia, por e-mail. “Veja o céu da China. Todos os cidadãos corporativos responsáveis querem fazer algo a respeito. Essa é a verdade”. (Fonte: Bloomberg/InfoMoney)
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