... Alceuzinho, como era conhecido entre os munícipes; era uma pessoa muito querida naquela urbis.
Com formação inicial na cavalaria da PM, em São Paulo, sempre havia uma lembrança, um causo, um conto ou uma lenda a ser contada por ele.
Certa feita, ele contou sobre Damião, um burro que fez parte da cavalaria da Policia Militar, nos anos 50/60. Era uma exceção, provavelmente o único na história da instituição, vez que, animais dessa espécie não fazem parte daquela, que só utiliza cavalos.
Mas o burro Damião era um animal especial e de rara inteligência. Devido a essas qualidades, o animal era montado pelo comandante da tropa.
Havia ainda uma lenda que corria no quartel de que o burro era informante do comandante; qualquer deslize ou maus tratos a ele e aos seus semelhantes ele entregava pro chefe.
Havia um respeito “velado” ao animal, que, segundo a lenda, devido a essas e outras qualidades, fora promovido por seu comandante a sargento, entre os da mesma espécie...
Tal ato ocorreu quando em dia de cerimonia de promoção, e recebimento de patentes, o comandante, ao passar em revista a tropa antes do inicio da cerimônia, parou demoradamente defronte ao animal, seu amigo, e além de acariciá-lo demoradamente em sua testa, teria falado algo em seus ouvidos “nesse momento também te promovo por meritos a sargento desse regimento...”
Entre as qualidades de Damião, constava a que ao ser utilizado pelo comandante da tropa quando era necessário, nos confrontos que existiam naquela época contra estudantes e torcidas no estádio do Pacaembu, ele ia à frente garbosamente sem medo e enfrentava os manifestantes com muito vigor físico, sem recuar e, quando necessário, subia e descia as escadas do referido estádio, sem tropeçar, cair ou machucar seu cavaleiro.
Num desses confrontos com estudantes no centro de São Paulo, estes atraíram os policiais militares, na época conhecida coma Força Pública, para um local em aclive, e com a chegada da cavalaria, os estudante jogaram bolinha de gude no asfalto para derrubar os animais e seus cavaleiros. Nessa ocasião, Damião não conseguiu se desviar e caiu, fraturando uma perna dianteira, tendo sido sacrificado.
Foi enterrado com honras militares.
Hoje isso não aconteceria em virtude dos acessórios de proteção que os animais receberão para a Copa do Mundo, inclusive proteção nos cascos.
Wagner Sampaio é Advogado
(Fotos em anexo: Folha de São Paulo)
Leia também:
29 de ABRIL, por Wagner Sampaio
Veja Mais noticias sobre SAMPASpress