Fonte: Divulgação [-] [+]
É o que mostra um estudo feito pela nutricionista Clarissa Fujiwara, da Universidade de São Paulo (USP), e apresentado nesta quinta-feira (26) no 14º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, na capital paulista.
Isso porque o método americano, amplamente usado por médicos e cientistas desde 2000, tende a subestimar a gravidade da doença. Ele considera a relação da idade com o peso, a altura e o gênero de cada pessoa. O resultado forma um gráfico com valores que vão de 5 (baixo peso), passando por 85 (sobrepeso) até 95 (obesidade). Uma mulher com índice de massa corporal (IMC) 30,8, por exemplo, não é considerada obesa grave pela medição americana.
A pesquisa da USP, que serviu como projeto de iniciação científica de Clarissa entre 2008 e 2010, abrangeu 289 crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos atendidos pelo Hospital das Clínicas.
“O risco é dar um falso positivo, ou seja, alguém achar que está com o peso normal e já ter sobrepeso. Ou pensar que é obeso leve e já se tratar de um caso grave”, explica a nutricionista.
Desse grupo avaliado na USP, 57,8% eram meninas e 42,4%, meninos. O IMC médio do grupo era de 33, quando obesidade já é considerada a partir de 30. A maioria tinha resistência à insulina, que pode levar à diabetes tipo 2, e alta presença de gordura no sangue. Alguns também apresentavam hipertensão e taxas elevadas de açúcar na corrente sanguínea.
Clarissa e equipe, acompanhada pelos endocrinologistas Alfredo Halpern e Marcio Mancini, entre outros médicos, chegaram à conclusão de que os parâmetros propostos em 2006 pelos pesquisadores Wolney Conde e Carlos Augusto Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública da USP, são mais adequados para classificar a obesidade na população brasileira.
“Muitos autores defendem que o país use dados segundo a distribuição de seus habitantes, e não se baseie em modelos estrangeiros”, disse a pesquisadora.
Os padrões de IMC da Organização Mundial da Saúde (OMS), adotados pelo Ministério da Saúde, também trabalham com pontos de corte para a obesidade, da mesma forma que a pesquisa paulista. A diferença é a população de referência.
“Os critérios do CDC sempre foram muito usados, depois mudamos para os da OMS (em 2006). Mas, como a população de lá é mais gorda, os níveis acabam sendo diferentes dos nossos”, explica Mancini. Na época, Conde e Monteiro analisaram dados de 25 mil crianças, adolescentes e jovens entre 2 e 20 anos.
O cálculo do IMC, de acordo com o estudo, é bom porque não envolve custo e é um método não invasivo. Mas sua limitação é que ele não avalia a composição corporal do indivíduo, o que no trabalho de Conde e Monteiro foi considerado, além do risco de mortalidade e doenças associadas à obesidade. (Fonte: Luna D’Alama/ G1)
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