A intenção é transformar a cidade num Geoparque. Por enquanto, o Brasil dispõe de apenas um geoparque reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), localizado em Araripe, no sertão do Ceará. Com a criação da estrutura em Minas Gerais, especialistas acreditam que os fósseis de Uberaba devam ganhar uma nova aplicação, não se limitando apenas ao conhecimento científico: eles poderão contribuir para o desenvolvimento regional sustentável, através do geoturismo.
O reconhecimento do parque já foi feito pelo Serviço Geológico Brasileiro. “Mas para se materializar, o projeto depende das ações da sociedade organizada local”, explica Luiz Carlos Borges Ribeiro, responsável pelo Centro Paleontológico Price e Museu dos Dinossauros de Peirópolis.
Para o pesquisador, o que vem sendo feito na cidade nos âmbitos da pesquisa, projetos educacionais, divulgação científica, popularização da paleontologia e políticas públicas municipais de conservação do patrimônio paleontológico é considerável. No entanto, ele acredita que uma melhor sinalização e informações sobre o que deverá ser visitado são essenciais para a melhor caracterização de um Geoparque.
“Não há como falar de dinossauros sem falar de Uberaba. Das 24 espécies encontradas no Brasil, temos cinco numa única localidade. A relevância é muito grande”, afirma o especialista.
Uberaba é referência no período Cretáceo
O município abrica um dos mais importantes sítios paleontológicos do período Cretáceo. A região de Uberaba é pesquisada desde 1945, quando apareceram os primeiros fósseis de dinossauros na localidade de Mangabeira. O nome do centro de pesquisa é uma homenagem a Llewellyn Ivor Price, considerado um dos primeiros paleontólogos brasileiros, e quem iniciou os trabalhos na região. Price estudou o local até 1974. O município compõe um dos mais importantes sítios paleontológicos do período Cretáceo.
Em 2010, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e o Serviço Geológico do Brasil iniciaram as tratativas para a criação do Geoparque Uberaba. Para a Unesco, geoparque é uma área delimitada que tenha significativas exposições paleontológicas e que seja grande o suficiente para o desenvolvimento sustentável. Além disso, é preciso haver em seu interior uma população que seja beneficiada com sua criação.
O professor Ismar de Souza Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que o processo de implantação do geoparque tem diferentes etapas. “No momento encontra-se em fase de execução o levantamento das potencialidades regionais e a quantificação do patrimônio geológico existente.” Segundo ele, com as informações já obtidas, observa-se um grande potencial na área para a implementação de um geoparque.
Para o pesquisador, o estabelecimento de um geoparque em Uberaba serviria como estímulo ao turismo nacional e internacional, especialmente o turismo científico, possibilitando uma ampla difusão da história geológica do município, bem como da própria territorialidade nacional.
Patrimônio paleontológico – A pesquisa da fauna da região de Uberaba não se restringe aos dinossauros. Dos sítios paleontológicos de Peirópolis, a 20 km do município mineiro, foram descobertas 17 espécies novas, únicas no mundo, como crocodilos, tartarugas e peixes, o que proporcionou o desenvolvimento de várias publicações científicas.
Carvalho explica que Uberaba se localiza sobre uma bacia sedimentar (Bacia Bauru), que abrange rochas de um intervalo temporal de 85 a 65 milhões de anos. “A área registra importantes eventos relacionados ao final do período Cretáceo, o qual no hemisfério sul é responsável por grandes mudanças ambientais”, observa, ao fazer menção ao período em que América do Sul e África se separam por completo.
Especialistas acreditam que os dinossauros da região talvez sejam os últimos a habitar o planeta. Os fósseis são encontrados em rochas cujas idades são atribuídas ao Maastrichtiano, último intervalo de tempo geológico do Período Cretáceo. Há 65 milhões de anos desapareceram da Terra os grandes animais que dominaram o planeta por mais de 200 milhões de anos. “As aves atuais são seus representantes vivos, isto é um consenso da comunidade científica internacional”, observa Ribeiro. (Fonte: Terra)
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