É o que diz Fernando Quaresma, presidente da APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo), organizadora da parada. O evento acontece a partir do meio-dia na avenida Paulista, região central da capital.
O termo usado por Quaresma faz referência ao deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP), atual presidente da CDH (Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara).
"Mas o Feliciano é apenas a ponta do iceberg. Haverá manifestação contra o [pastor Silas], Malafaia, contra o [deputado Jair] Bolsonaro, contra a [ex-atriz e deputada estadual] Myrian Rios, contra a Joelma [da banda Calypso]. Essa última, por exemplo, não ocupa um cargo eletivo, mas é formadora de opinião", disse Quaresma.
Feliciano colocou na pauta da CDH a discussão do projeto que ficou conhecido como "cura gay" e recebeu o apoio do deputado Bolsonaro (PP-RJ). O pastor Malafaia chegou a comparar homossexuais a criminosos na TV aberta, e Myrian Rios (PSD-RJ) polemizou ao relacionar gays com pedofilia. Já a cantora Joelma se posicionou contra o casamento gay e comparou homossexuais a drogados em recuperação.
"Nosso protesto é contra pessoas que ocupam cargos para os quais não estão capacitadas. O político, quando é eleito, é eleito para representar toda a população, não apenas um grupo", afirmou Quaresma.
O tema da parada este ano será "Para o armário nunca mais! União e Conscientização na luta contra a homofobia". O objetivo dos organizadores é lutar contra possíveis retrocessos nos direitos já conquistados pela comunidade LGBT. A manifestação contra figuras públicas que de alguma forma se posicionaram contra os homossexuais será feita no último dos 17 trios elétricos a desfilar pela avenida Paulista.
Homofobia
Embora reconheça que a eleição do pastor Feliciano na CDH e a legalização do casamento gay no Brasil pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tenham contribuído para a exaltação dos ânimos em torno da discussão dos direitos dos homossexuais, Quaresma afirma que a preocupação com homofobia é constante, não apenas no dia da Parada Gay.
"A homofobia preocupa toda a população, e preocupa 365 dias por ano. Não só na parada. Neste ano o debate está acalorado justamente porque uma pessoa incompetente está no cargo de direção da Comissão de Direitos Humanos", afirmou.
Segundo Quaresma, após a vitória do casamento gay, a comunidade agora luta pela aprovação do PLC (Projeto de Lei Complementar) 122, de 2006, que inclui crimes contra público LGBT e também contra idosos e pessoas com deficiência na lista de crimes de ódio e delitos de intolerância.
"É uma batalha. Fala-se muito que no Brasil não há preconceito, mas o preconceito aqui é velado", afirmou o presidente da APOGLBT.
Segurança reforçada
A Polícia Militar anunciou no início da semana que aumentará em 50% o efetivo de policiais que fará a segurança da parada: de 1.200 PMs no ano passado para 1.800 neste ano. Além dos PMs, haverá 1.009 agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) no evento.
A PM informou que, a fim de evitar a ação de grupos de intolerância, realiza um acompanhamento constante de blogs e redes sociais por meio do seu serviço de inteligência. Além disso, de acordo com o coronel Reynaldo Simões Rossi, comandante da região central da capital, os policiais foram orientados pelo Instituto Latino-Americano de Direitos Humanos sobre como lidar com o público LGBT durante o evento.
Neste ano, Parada Gay terá um show de encerramento na praça da República (região central). A apresentação da cantora Ellen Oléria -- vencedora da primeira temporada do reality show The Voice Brasil, da TV Globo-- está marcada para as 18h30 e deve terminar por volta das 21h30.
O policiamento começará às 9h de hoje, domingo (2), e se estenderá até as 6h de amanhã, segunda-feira, (3). (Fonte: Débora Melo/UOL)
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