A baixa umidade e as temperaturas altas, típicas dos meses de agosto e setembro, proporcionaram as condições para que o número de queimadas, nos primeiros dias deste mês, superasse em 62% o registrado no mesmo período do ano passado.
Apesar do evidente aumento de queimadas na comparação com períodos anteriores, meteorologistas e órgãos do governo garantem que as condições de clima e temperatura estão dentro da normalidade.
“O que tivemos de diferente nos últimos meses foi a baixa frequência de frentes frias, principalmente sobre o Sudeste. Tivemos uma condição de bloqueio atmosférico”, explicou Olívio Bahia do Sacramento Neto, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe).
Segundo ele, as eventuais frentes frias que ocorrem neste período do ano não foram suficientes para amenizar a massa de ar seco instalada sobre as regiões do país que mais têm sentido a elevação de temperaturas. “Não houve queda de temperatura recentemente, porque as frentes que chegaram no continente alcançavam, no máximo, o Rio Grande do Sul e seguiam para o oceano. Por isso, não trouxeram o ar frio ou o mínimo de chuvas. Isto explica as temperaturas acima do normal”.
Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mapearam mais de 101,6 mil focos de incêndio no país. Os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, da Bahia, do Maranhão, Tocantins e Pará têm liderado o ranking de ocorrências nos últimos meses. Apenas no mês de setembro, Corumbá (MS) registrou 1,2 mil queimadas. São Félix do Xingu (PA), Cotegipe (BA) e Cárcere (MT) seguem com mais de 400 ocorrências este mês.
O bloqueio atmosférico que durou mais tempo do que o esperado explica as temperaturas 4 graus Celsius ou até 7 graus Celsius acima da média desta época do ano em cidades do Sudeste e Centro-Oeste do país. “Em algumas cidades, não chove há mais de 90 dias”, destacou Sacramento. Entre elas, estão os municípios do Triângulo Mineiro, Piauí, oeste da Bahia, Tocantins, de Mato Grosso e extremo norte de Mato Grosso do Sul.
O meteorologista ainda alerta que em cidades como São Paulo, que registrou a última chuva há dez dias, o volume de água é pouco significativo. “Às vezes passa despercebido. A chuva não é suficiente para mudar a situação da população ou dos agricultores”, acrescentou.
O cenário não deve mudar, pelo menos, até o final do mês. As previsões climáticas só apontam chuvas em volume significativo na segunda quinzena de outubro, quando a probabilidade de chuvas para a Região Sul é de 45% de volume de água superior ao normal. No caso do Norte, as condições de chuvas ainda não atingirão o nível normal no próximo mês.
Por enquanto, a preocupação da Secretaria Nacional de Defesa Civil está voltada para a Região Centro-Oeste. Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa da Defesa Civil explicou que as estratégias são estaduais e municipais, e apenas quando os órgãos locais não conseguem contornar o problema o governo federal apoia os estados e municípios no combate direto aos incêndios ou ainda com equipamentos e retirada da população de áreas de risco.
Assim como os meteorologistas, representantes da Defesa Civil Nacional trabalham com cenário de baixa umidade e temperaturas altas até a segunda quinzena de outubro, quando a expectativa é o retorno à frequência normal das chuvas. (Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil)
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