A cada início de ano, multiplicam-se os rankings com tudo o que estampou as manchetes do ano anterior – de filmes do cinema e jogadores de futebol a políticos corruptos e saúde pública. A reportagem da revista Men’s Health reuniu as principais ameaças à vida que fizeram milhões de vítimas pelo mundo e alerta como se manter invicto a elas e sobre o cenário para 2012. Você não vai dar mole, certo?
Morte súbita dos atletas de fim de semana
Ameaça 2011
Não adianta querer tirar o atraso da semana sedentária na pelada do domingão. É como se exigisse do corpo que fosse de zero a 200 km/h em segundos. Sua máquina pode não suportar. Os moradores de Espinosa, em Minas Gerais, que o digam. No ano passado, em um único mês, três homems morreram de panes no coração jogando futebol. Pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association revela que os atletas de fim de semana aumentam em 2,7 vezes os riscos de terem um piripaque no amigo do peito.
Panorama 2012
No Brasil, não há dados oficiais sobre o total de vítimas de morte súbita relacionada ao exercício e ao esporte – casos instantâneos ou não, que podem ocorrer de 6 a 24 horas após a prática desportiva. Mas já não há dúvidas quanto às maiores causas dessa tragédia: arteriosclerose (acúmulo de gordura nas artérias, que entope o fluxo de sangue e deixa o coração sem energia) e hipertrofia do coração (músculo cardíaco com crescimento anormal, que aumenta o risco de uma parada cardiorrespiratória). Para você não apagar no meio do campo – ou pista de corrida, piscina do clube etc., – vale repetir o esforço físico regularmente, três vezes na semana, por 20 minutos, no mínimo. Controle também os fatores agressores do coração, como obesidade, tabagismo, diabetes, colesterol e triglicérides altos e hipertensão. Fora isso, preste atenção aos sintomas premonitórios, como falta de ar, palpitação e dor no peito.
Surto de E. Coli Alemã
Ameaça 2011
A história começou lá na Alemanha, com um lote de brotos contaminados, e terminou com 50 mortes e mais de 4.000 infecções pelo mundo. Mas o que fez esta cepa – linhagem dentro de uma espécie de bactérias – nunca vista antes ser a mais mortal da história moderna? Uma possibilidade: a bactéria alemã adere com muita facilidade ao trato gastrointestinal humano, segundo Robert Tauxe, vice-diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA. O resultado da invasão da E. coli foi uma sucessão de diarreia, febre, vômito e até falência renal, o que resultou em mortes.
Panorama 2012
Depois de tanto mistério em torno do surto, hoje já se tem algumas respostas. “A cepa europeia era um tipo mutante, com características incomuns em relação às bactérias do mesmo gênero e espécie”, conta Luis Fernando Camargo, infectologista do Hospital Albert Einstein (SP). Mesmo que a bactéria gringa não chegue por aqui, você corre o risco de topar com as que existem no Brasil. “A contaminação pode acontecer, por exemplo, pelas fezes de animais infectados em contato com os alimentos via adubação”, explica o biomédico Roberto Figueiredo, o Dr. Bactéria. Brotos, verduras, frutas e carnes cruas ou malpassadas, além de produtos à base de leite não pasteurizado, são focos de encrenca. Escalde os brotos em água fervente e lave muito bem as frutas e legumes. Carnes pedem altas temperaturas.
Coqueluche
Ameaça 2011
Parece doença dos velhos tempos, mas todo ano a coqueluche continua contagiando 18 milhões de pessoas e causando 300 mil mortes no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Para se ter ideia, a popular tosse comprida, o principal sintoma, fez 578 vítimas com 18 mortes no estado de São Paulo, em 2011, de acordo com o Sistema de Informações de Agravos de Notificação – SINAN. Mas não há números oficiais para o Brasil. “Essa doença é subnotificada devido às dificuldades em confirmar o diagnóstico”, diz Lucia Bricks, doutora em Medicina pela Universidade de São Paulo.
Panorama 2012
A traiçoeira Bordetella pertussis, bactéria que se aloja em células que recobrem as regiões do nariz e laringe, multiplica-se facilmente, atrapalhando o funcionamento das artérias e brônquios. Daí a razão da tosse sem fim. E, verdade seja dita, o cenário da doença para 2012 não é muito promissor. Mesmo que você tenha tomado a vacina quando criança, é preciso reforçar a dose na fase adulta. Já contraiu a doença? Saiba que ela pode aparecer mais de uma vez na vida. “A imunidade não é permanente, dura, em média, de cinco a dez anos”, enfatiza Antonio Carlos Campos Pignatari, infectologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.
A invasação silenciosa da hepatite C
Ameaça 2011
Os números falam por si só: a hepatite C é a causa direta da morte de 2 mil pessoas por ano, de acordo com o Ministério da Saúde. O crescimento de casos fatais foi de 83% em dez anos no país. Comparada aos tipos A e B, a hepatite C foi a mais mortal no período. E, atenção: 60,7% dessas vítimas eram homens. Para piorar a situação, entre 3 e 4 milhões de pessoas carregam o vírus do tipo C no Brasil, sem ao menos saber disso – segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBD). Há quem diga que, se não houver rápida intervenção para conter essa epidemia “silenciosa”, a mortalidade
pela hepatite C poderá superar a do HIV.
Panorama 2012
O tipo C é uma doença viral que ataca o fígado. “Ela evolui com freqüência para formas crônicas, incluindo cirrose hepática”, diz o infectologista Pignatari. No pior dos casos, o diagnóstico vira câncer de fígado. Hoje, a hepatite C é responsável por 40% dos transplantes do órgão entre os brasileiros. A boa notícia é a liberação pela Anvisa de duas novas drogas para a rede pública, que impedem a replicação do vírus. Especialistas acreditam que elas sejam seis vezes mais eficazes que os medicamentos atuais. Mas, de fato, não há vacina que segure o vírus inimigo. A prevenção é por sua conta. Saiba que a hepatite C é transmitida por qualquer exposição a sangue contaminado. Redobre a atenção caso se submeta a transfusões, uso de seringas, agulhas de tatuagem, ao compartilhar lâminas de barbear etc.
A bomba do energético com álcool
Ameaça 2011
Com a promessa de dar disposição aos baladeiros, o boom das vendas de bebidas energéticas no mercado nacional ultrapassou os 300% de 2006 a 2011, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir). E, é claro, parte delas foi parar nas mãos de barmen – a maioria dos energéticos é usada para drinques alcoólicos. A polêmica é que a bebida à base de cafeína não só camufla o gosto do álcool como também a embriaguez. “Os dois atuam no sistema nervoso central e, juntos, intensificam sua ação estimulante, tornando a pessoa menos inibida e mais liberativa”, alerta Alfredo Salim Helito, clínico-geral do Hospital Sírio-Libanês (SP).
Panorama 2012
Há um Projeto de Lei (419/11), em tramitação na Câmara, elaborado na tentativa de controlar o comércio dos energéticos. A ideia é que desapareçam dos supermercados e se limitem a farmácias e drogarias. Fora isso, a vigilância sanitária aperta a fiscalização: a fórmula do energético deve conter menos de 0,5% de álcool e, no máximo, 350 mg/l, de cafeína. Iniciativas estas que, talvez, reduzam o consumo do produto, que raramente é visto longe de uma garrafa de vodca ou de uísque. Então, fique esperto e pegue leve. “Em doses altas, tanto um quanto o outro exercem efeitos diretos no sistema cardiovascular, aumentando a pressão arterial e a frequência cardíaca, o que favorece arritmias”, explica Marco Aurélio de Magalhães, coordenador da Cardiologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).
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@minsaude Todo cuidado é pouco! Inca estima 134 mil novos casos de câncer de pele em 2012.
@institucionalMS Atenção, consumidores! Panificadoras terão de produzir pão francês com menos sal.
@minsaude É importante frisar que a hepatite B pode ser transmitida por meio das relações sem camisinha.
@institucionalMS Brasil pode ser o primeiro país a desenvolver uma vacina contra a dengue, em até 4 anos.
@institucionalMS Pesquisa aponta que indústria de tabaco engana fumantes sobre a segurança dos aditivos em cigarros.
(Fonte: Personal Trainer Bárbara Campana/ Revista Men’s Health/Thaís Ferreira)
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