As pesquisas tentam dar fim a um debate que começou em 1994 sobre a chamada hipótese das “células-tronco cancerígenas” (CSC, na sigla em inglês).
Frequentemente, um tumor que desapareceu do corpo volta meses depois. Alguns pesquisadores acreditam que isso seja causado por um tipo raro de células que consegue sobreviver à radio e à quimioterapia e acaba por formar esses novos tumores meses ou até anos depois.
A hipótese acabou em um intenso debate nas últimas décadas já que o modelo mais aceito afirma que todas as células do câncer podem causar o crescimento e metástase. O modelo das CSC, por outro lado, afirma que só (ou principalmente) elas conseguem fazer novas cópias idênticas e também de outros tipos que formam o tumor.
Em 1994, pesquisadores do Hospital da Criança de Ontario, no Canadá, publicaram um artigo na revista Nature em que relatavam o isolamento células parecidas com as tronco ao estudar pacientes com leucemia. Essas células poderiam causar leucemia quando transplantadas em ratos com sistema imunológico debilitado. Era a primeira evidência da hipótese, mas desde então foi difícil achar mais evidências dessas possibilidades, de como as CSCs “abastecem” o tumor.
Agora, três grupos de pesquisadores – independentes um do outro – usaram técnicas para marcar as células e acompanhar sua proliferação em tumores. Na Bélgica, os cientistas descobriram que tumores papiloma (um precursor do câncer de pele) em rato deviam a maior parte de seu crescimento às CSC e publicaram as descobertas na Nature. Na mesma revista, pesquisadores da Universidade do Texas em Dallas (EUA) acharam resultados parecidos em tumores cerebrais em roedores.
Os americanos ainda descobriram que as CSCs permaneciam “adormecidas” durante a quimioterapia, apesar de o tratamento matar a maior parte das outras células do tumor. Quando o uso dos medicamentos cessava, elas “acordavam” ilesas e formavam um novo câncer.
O terceiro texto é de pesquisadores da Holanda e foi divulgado pela Science. Cientistas do Instituto Hubrecht, em Utrecht, observaram os intestinos de roedores para descobrir quais células formavam adenomas (um tipo de lesão precursora do câncer). As cobaias carregavam marcadores genéticos que pintavam as regiões do intestino com cores diferentes de acordo com o tipo de célula que dava origem àquela região. Nas vísceras coloridas, os adenomas tinham uma cor que indicava que cresciam a partir células com um gene chamado Lgr5+, que é encontrado também em células-tronco intestinais.
Em entrevista à Science, Sean Morrison, da Universidade do Texas e que não esteve envolvido com os estudos, afirma que há evidência suficiente para dar credibilidade ao modelo em alguns casos de câncer. Contudo, ele adverte que dois dos estudos se focaram em estruturas precursoras do câncer.
Em seu site, a agência americana dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) afirma que a hipótese apareceu pela primeira vez no século 19. Em 1855, o patologista alemão Rudolf Virchow propôs que o câncer surge a partir da ativação de um tipo de célula dormente e do tipo embriônica, mas que estava presente em tecidos maduros.
A agência ainda explica que a hipótese não implica que outros tipos de células-tronco, como aquelas usadas em pesquisas contra doenças do coração e para devolver movimento a paraplégicos, tenham potencial para causar câncer. (Fonte: Portal Terra)
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