Fonte: Marcos Rogerio Naitzk [-] [+]
Estarei abordando hoje um tema polêmico, mas sem a intenção de polemizar, apenas convidando o leitor à reflexão sobre um assunto que esteve presente na mídia nos últimos meses, o aborto.
O assunto é delicado, pois envolve diversos ângulos: político, social, jurídico, filosófico, moral, religioso e outros mais; sendo todos merecedores do maior respeito, seja qual for a posição de cada um.
Apresento uma ótica mais dentro da religiosidade, expondo meu pensamento como Espírita, mas adianto que a Doutrina Espírita não tem “dono”, e cada membro dessa grande família cristã pode ter uma posição adversa a qual acredito.
“O Livro dos Espíritos” é uma das principais obras de estudo do Espiritismo, foi codificado e publicado por Allan Kardec no ano de 1857. Esse livro é formado por perguntas e respostas, onde Allan Kardec formulou as mais diversas questões para os espíritos.
Na questão de número 344, Kardec questiona “em que momento a alma se une ao corpo” e a resposta do plano espiritual é: “A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento”. Karl Ernest Von Baer, considerado o pai da embriologia moderna, desde 1827 já afirmava que a vida humana começa na concepção.
A Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 5° declara que o direito à vida é inviolável. O Pacto de São José da Costa Rica, um acordo internacional do qual o Brasil participa, em seu artigo 4° prevê que “toda pessoa tem o direito de que se respeite a vida. Esse direito deve ser protegido pela Lei, em geral, desde o momento da concepção.”
Embora essas últimas considerações não sejam de cunho religioso, mas sim jurídico, fiz questão de abordá-las devido a importância sobre o assunto, e vemos claramente o mundo jurídico e científico em conformidade com o Espiritismo.
Gostaria de chamar a atenção para observarmos que a vida é uma criação Divina e está amparada pela nossa legislação (a qual muitas das vezes conseguimos burlar), mas não podemos esquecer que um dia teremos que prestar esclarecimentos nos tribunais de nossa consciência, que será regido pela Lei de Deus, que Vê sempre um crime quando se transgride Sua Lei. Não respeitar a vida é, portanto, um crime perante nossa legislação e perante a Lei de Deus.
É necessário compreender que a vida se inicia no momento da concepção, ou seja, quando o espermatozóide entra em contato com o óvulo, fato que ocorre nas primeiras horas após o ato sexual. Abortar essa vida que se iniciou, além de ser um crime, é também abortar todo um planejamento Divino, pois nada acontece por acaso.
Há casos que além da gravidez ser indesejada, a mesma vem acompanhada por uma agressão horrenda, o estupro. Nossa Lei faculta a mulher a escolha de prosseguir ou não com a geração dessa vida. Em análise ao “O Livro dos Espíritos”, constata-se que a única forma concebível de aborto é quando a vida mãe está em perigo.
Sendo o Espiritismo uma religião de estudo e meditação, não podemos nos apegar somente em um ponto, sendo necessária a confrontação com outros ensinamentos, e principalmente com os de Jesus Cristo que nos recomenda: “Não julgueis para não serdes julgados”, por isso acredito que temos que ter o respeito e a compreensão para com aqueles que decidem por tal gesto diante do estupro.
O assunto é extenso e conta com diversas questões, que são impossíveis de se tratar no espaço cedido gentilmente por este respeitado meio de comunicação. As discussões sobre o tema são de extrema importância, mas devem ser emolduradas com o respeito e o entendimento, pois não pode-se fazer de uma questão tão seria, como esta, uma briga de opiniões.
Temos que organizar formas de esclarecimentos que instruam as pessoas quanto suas responsabilidades, orientando que todos somos seres eternos e que estamos de passagem sobre a Terra para aprendermos a superar nossas limitações de amar. Que somos os únicos responsáveis pelos nossos atos, por isso devemos conhecer nossos direitos e deveres, e enquanto não conseguirmos praticar a Lei de Amor em sua plenitude, que o estado zele pelo direito a vida destes seres indefesos.
Gostaria de lembrar que não tenho a intenção de polemizar esse assunto, apenas convidar o leitor amigo a meditar sobre o tema. Lembro que o Brasil é um estado laico, mas nossas decisões nos trarão responsabilidades que teremos que assumir perante a lei maior, que é a Lei de Deus.
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