O Dia Nacional da Luta Antimanicomial em Itatiba foi marcado pela integração. “..Não podemos esquecer nunca que são pessoas que precisam de ajuda..”, lembra o Prefeito João Fattori.
Comemorado no dia 18 de maio, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial marca a reformulação do modelo de Atenção à Saúde Mental, através do fechamento dos hospitais psiquiátricos e a criação de serviços substitutivos, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Com a mudança, o trabalho passou a enfatizar o convívio na família e na sociedade, além do exercício da cidadania entre pacientes com transtorno mental.
Para marcar a data, a municipalidade uniu o CAPS II e o CAPS AD em uma ação na Praça da Bandeira. “Pensamos sempre naquelas pessoas que no passado ficavam trancadas em hospitais psiquiátricos, quando não tinhamos ainda tratamento ambulatorial. Hoje, as pessoas vão as unidades de saúde, são atendidas pelos médicos, passam o dia no hospital, no CAPS AD, no CAPS II e voltam para casa, sem se separarem da família, sem ficarem trancadas em um local sem cuidados humanos. A luta antimanicomial vai continuar. Os serviços ambulatoriais foram montados para dar condições para que as pessoas não precisem mais ficar sabe-se lá quanto tempo de suas vidas trancadas em um hospital psiquiátrico”, disse o Psiquiatra do CAPS AD, Dr. Daniel Cordeiro.
O evento teve início com uma caminhada saindo do CAPS AD que reuniu cerca de 80 pessoas. O grupo se dirigiu para a Praça da Bandeira, onde, aconteceu uma sessão de alongamento. Durante todo o dia, na Praça da Bandeira, funcionaram barracas de exposição dos trabalhos realizados pelo CAPS AD, CAPS II, CTA e PSF Nações/Desafio Jovem, campanhas de esclarecimentos, orientações em álcool e drogas e a funcionalidade dos serviços de saúde envolvidos. Um dos trabalhos desenvolvidos foi a abordagem da população por meio de uma pesquisa. “Temos atendido no CAPS AD pacientes com complicações graves. A ideia é sensibilizar a população a se aproximar das pessoas que elas não sabem que são pacientes. Pessoas que abusam de álcool, que usam drogas, fumam e não tem maiores complicações. Nessa abordagem sobre o consumo de álcool, tabaco e outras drogas podemos nos aproximar dessa população que não se acha doente, que não tem maiores complicações e explicar um pouco sobre dependência química”, explica o Dr. Cordeiro.
Conscientização
Uma das tendas que chamava a atenção de quem passava pelo local era a do projeto ‘Sexo, Drogas e Rock’n’Roll’, desenvolvido no PSF do Ceci no Jardim das Nações. “Notamos um envolvimento muito grande dos adolescentes com drogas e iniciando a vida sexual muito cedo, sem saber sobre as doenças que podem ser adquiridas. Juntamos o PSF do Ceci, a Emeb 'Profª. Guiomar Almeida Ciarbello' e a comunidade. Vamos à escola e lá fazemos palestras para adolescentes e crianças sobre vários assuntos, inclusive o uso de drogas. O título foi escolhido para chamar a atenção. Como trabalhamos com crianças também, acabamos abordando outros temas como trânsito, bulliyng e outros”, explica a Agente Comunitária de Saúde, Alessandra Maria Tomaz Barra.
Importância
O Movimento Antimanicomial se caracteriza pela luta dos direitos das pessoas com sofrimento mental. Dentro desta luta está o combate à idéia de que se deve isolar em nome de pretensos tratamentos, idéia baseada apenas nos preconceitos que cercam a doença mental. O Movimento da Luta Antimanicomial faz lembrar que, como todo cidadão, estas pessoas têm o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direto a receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos. “A luta é importante para que não aconteçam mais essas internações em manicômios. É preciso cuidar, dar uma maior atenção. Não adianta esquecer uma pessoa em um lugar, ela não vai se curar sozinha. Aqui em Itatiba, com o CAPS AD, o CAPS II, há uma ajuda para esses pacientes. Está tudo bem estruturado", comenta Guilherme da Silva Paiva, 20 anos, Corintinha.
Pacientes do CAPS II e do CAPS AD e familiares participaram do evento e comemoraram as conquistas. Marília Toaldo Marques, 27 anos, Itatiba Park, conta: “É muito bom. Minha mãe participa do Programa de Saúde Mental, pois tem depressão. Participar do grupo do CAPS AD tem ajudado bastante. Ela fica o dia todo e depois volta para casa. Isso é importante, pois nós podemos estar sempre junto dela, dar apoio. É muito bom o CAPS de Itatiba, é um apoio para que muitas pessoas possam se curar”.
Claudia Aparecida Alves de Lima, 22 anos, Jardim Ipê, é paciente do CAPS II. “É um evento muito legal. Nós precisamos ser valorizados. A esquizofrenia não pode ser motivo para sejamos excluídos. As pessoas precisam ter mais visão sobre isso e interagir com a gente”, disse ela.
Tanto no CAPS II como no CAPS AD, a integração com a comunidade é uma realidade. Entre diversas ações, os pacientes e seus familiares participaram dos desfiles de Carnaval da Escola de Samba 'Tamanho Família Feliz', do Fundo Social de Solidariedade. Os pacientes são presença freqüente nas Festas promovidas pela Cidade de Itatiba no Parque Luís Latorre, onde comercializam artesanatos produzidos em oficinas realizadas como parte do tratamento.
Lucimara Aparecida de Pula Silva, 48 anos, Novo Horizonte, elogia: “É muito bom. Vemos que as pessoas precisam dessa ajuda, de estarem junto dos seus familiares, sem ficarem presa em um lugar.. o resultado é visível. Maria Ofélia de Paula, 56 anos, Afonso Zupardo, comprova: “Eu bebia bastante e com a ajuda do CAPS AD consegui parar. Estou muito feliz, arrumei amigos de verdade, amigos do coração”. (Fonte: ACPMI)
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