Seu relato comparativo se propõe a ser um exemplo para o Brasil: na Nova Zelândia, o Poder Judiciário é motivo de orgulho para a população, e seus integrantes são respeitados. Lá, as pessoas vivem sem medo de ser assaltadas, e, quando alguém comete um delito, é julgado e punido de forma rápida e exemplar.
O artigo toca também na atividade de dois advogados safados, proprietários de uma corretora, que deram um golpe e lesaram muitos clientes. Os dois foram julgados rapidamente e condenados a cinco anos de prisão. Tiveram de vender seus bens particulares e os da empresa para ressarcir os lesados. Mas, o dinheiro não foi suficiente para indenizar todas as vítimas.
O juiz da causa, então, decidiu que cada membro da Associação Neo-Zelandesa de Advogados deveria pagar uma quantia anual até que toda a dívida fosse paga. Ao proferir a sentença, o magistrado sustentou que "o objetivo de comprometer toda a classe com a indenização era incentivar a fiscalização entre os colegas".
Em outras palavras - se transpuséssemos o caso para o Brasil - seriam chamados todos os inscritos na OAB para contribuir para um fundo comum, capaz de ressarcir os clientes lesados em atividades ilícitas do tipo da apropriação indébita.
Leia a íntegra do artigo
"A justiça que funciona"
“Em nossas andanças pelo mundo, conheci alguns bons exemplos de civilidade. A Nova Zelândia foi um deles. Por lá, encontrei casos surpreendentes de senso de justiça, tanto em povoados quanto em Auckland, a maior cidade do país. A Nova Zelândia está em primeiro lugar na lista de países menos corruptos do mundo, com a Dinamarca. Nessa lista, o Brasil ocupa a 69ª posição. Na Nova Zelândia, o Poder Judiciário é motivo de orgulho para a população, e seus integrantes são respeitados. Lá, as pessoas vivem sem medo de ser assaltadas, e, quando alguém comete um delito, é julgado e punido de forma rápida e exemplar.
Há 12 anos ancoramos em “Opua”, uma pequena e charmosa vila na entrada de várias enseadas. Um lugar realmente lindo. Naquele tempo, a população local não passava de 460 habitantes. A vila toda tinha menos pessoas do que alguns condomínios de grandes cidades. Nosso barco foi o primeiro veleiro brasileiro a aportar naquela região. O lugar logo nos cativou. Seu povo é amável, ético, justo e com uma simplicidade sem par.
As frutas eram vendidas em barracas à beira da estrada. Não havia ninguém para cuidar delas. Uma placa dizia: “Leve a sacola e coloque o dinheiro na caixa em cima da mesa”. A caixa era de papelão e não estava presa. Em Auckland, os jornais eram vendidos no meio da calçada em um cavalete. Havia uma caixinha ao lado para colocar a moeda de pagamento, que podia ser facilmente furtada. Parecia que estávamos num mundo da fantasia.
Nesse lindo país, enquanto estávamos lá, a população se surpreendeu com um escândalo nacional sem precedentes. Dois advogados, proprietários de uma corretora, deram um golpe e lesaram seus clientes. Os dois foram julgados rapidamente e condenados a cinco anos de prisão. Tiveram de vender seus bens particulares e os da empresa para ressarcir os lesados. O dinheiro não foi suficiente para indenizar todas as vítimas. O juiz então decidiu que cada membro da Associação de Advogados deveria pagar uma quantia anual até que toda a dívida fosse paga. Ao proferir a sentença, ele alegou que o objetivo de comprometer toda a classe com a indenização era incentivar a fiscalização entre os colegas.
Nunca me esqueci daquele episódio. Com ele, entendi que a caixinha de papelão de “Opua” e o coletor de moedas de jornal eram reflexo de um senso de justiça amplo e consolidado em todo o país.
Um belo exemplo para o Brasil.”
Vilfredo Schürmann
(Fonte: extraído de www.espacovital.com.br – 20/03/2012/ Encaminhado por Dr. Mario Sergio Sobrinho)
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