Cientistas que haviam previsto que geleiras se derreteriam durante os verões no Ártico em 2013 agora projetam que isso talvez demore mais alguns anos, mas ainda deve ocorrer nesta década – provavelmente em 2016
A previsão original, feita em estudo de 2007, rendeu uma onda de críticas ao autor, o cientista Wieslaw Maslowski. Agora, Maslowski e sua equipe trabalham com um novo modelo de computador – feito parcialmente por causa da onda de críticas – que identificou a data ‘estimada’ como sendo 2016.
Seu estudo foi apresentado no encontro anual da União Europeia de Geociências (EGU, na sigla em inglês).
O novo modelo foi projetado para reproduzir interações do mundo real, ou ‘cruzamentos’, entre o oceano Ártico, a atmosfera, o gelo e os rios que deságuam no mar.
‘No passado (…), estávamos projetando o futuro presumindo que tendências poderiam persistir, como foi observado em tempos recentes’, disse Maslowski, que trabalha na Escola de Pós-Graduação Naval, em Monterey, na Califórnia.
‘Agora, estamos tentando ser mais sistemáticos e desenvolvemos um modelo regional do clima do Ártico que é muito parecido com os modelos de mudança climática do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC)’, disse à BBC News.
‘Podemos fazer um modelo completo de cruzamentos para o passado e o presente e ver o que o modelo vai prever para o futuro quanto ao gelo do mar e o clima ártico.’
E uma das projeções identificou que o derretimento de verão pode deixar os mares do Ártico sem a presença de gelo por volta de 2016, ‘com margem de erro de três anos a mais ou a menos’.
Provas – Um dos ingredientes mais importantes do novo modelo é a informação relativa à grossura do gelo que flutua no mar.
Satélites são cada vez mais capazes de detectar essa grossura, geralmente a partir da medição de quão acima da superfície marítima está a geleira. A medição também indica a profundidade desse gelo.
A inclusão dessa estimativa no modelo de Maslowski foi um dos fatores que o forçou a rever a projeção de 2013, que levantou suspeitas e críticas quando foi anunciada em uma reunião ocorrida quatro anos atrás.
Desde um derretimento particularmente expressivo ocorrido em 2007, uma grande proporção do Ártico tem sido coberta por uma camada de gelo fino, que é formada durante uma única estação e é mais vulnerável a mudanças sutis de temperatura do que o gelo grosso.
Mesmo levando isso em consideração, a data projetada por Maslowski é anterior à prevista por outros cientistas.
Mas um deles – Walt Meier, do Centro de Informações de Neve e Gelo dos EUA, no Colorado – diz que o comportamento do gelo marinho se torna menos previsível à medida que se torna mais fino.
‘O modelo (de Maslowski) é bastante bom, tem bastante precisão e captura detalhes que estão perdidos em modelos climáticos globais’, disse. ‘Mas 2019 é daqui a apenas oito anos. Há modelos mostrando que (as datas prováveis do derretimento são por volta de) 2040 ou 2050, e ainda tendo a acreditar nisso.’
Ele agrega: ‘Ficaria muito surpreso (se o derretimento de verão) ocorresse em 2013. Menos surpreso se ocorresse em 2019′.
Método – O derretimento drástico de 2007 foi o maior já registrado pelos satélites, ainda que nos anos seguintes a perda de gelo foi inferior à média de longo prazo.
Mas alguns pesquisadores acreditam que o derretimento de 2010 foi tão marcante quanto o de 2007, já que as condições climáticas foram no ano passado mais favoráveis à durabilidade do gelo.
Ainda que muitos cientistas do clima e ambientalistas estejam seriamente preocupados com o futuro do gelo ártico, para outras partes da sociedade e dos governos o derretimento traz desafios e oportunidades.
Os governos da Rússia e do Canadá, por exemplo, estão de olho nas oportunidades de mineração que vão despontar no pólo Norte, e o Exército dos EUA expressou preocupação em perder parte de sua defesa na sua fronteira do norte durante uma parte do ano.
‘Não estou tentando ser alarmista nem dizer que ‘prevemos o futuro porque temos uma bola de cristal”, disse Maslowski. ‘Estamos tentando fazer os políticos e as pessoas perceberem que o gelo de verão (do Ártico) pode sumir até o fim da década.’ (Fonte: G1)
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