O Programa de Saúde Mental da Cidade de Itatiba conta com uma nova ferramenta no auxílio aos pacientes do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), a horta terapêutica
O projeto foi retomado e reformulado por quatro funcionários e tem mostrado resultados positivos na socialização dos pacientes. “A retomada da horta fazia parte dos nossos planos e conseguimos colocar em prática, com a chegada de novos funcionários e voluntários”, conta o auxiliar de enfermagem Gilberto Cardoso.
Os objetivos terapêuticos da oficina são a socialização, o trabalho em equipe e a autonomia, entre outros. Márcia Tuon, estagiária de psicologia no Caps desde abril, explica que para trabalhar o paciente psiquiátrico é necessário um cuidado especial. “O primeiro passo é trazer ele para a oficina. Ele virá se aquilo acrescentar algo a sua vida. O projeto tem que cativá-lo. Quando ele começa a participar da horta, o tratamento é acoplado, tem a presença, as oficinas, a socialização, a medicação. Para cada paciente é um trabalho terapêutico individual”, explica Márcia. “Alguns pacientes são mais participativos e outros são mais assíduos. Mesmo os pacientes que têm dificuldade de se inserir, se comunicar, já estão se interessando pela horta”, conta Patrícia Maria Rossetti, estagiária voluntária de psicologia no Caps desde maio
Efeitos
Para quem convive diariamente com os pacientes, o efeito benéfico da horta terapêutica é notório. Juarez Mota da Silva, 47, freqüenta o Caps há 15 anos e se encantou com a oficina: “É muito bom, faz bem para a cabeça e para o corpo. Dá para se distrair e aprender várias coisas. É minha atividade preferida no Caps, se dependesse de mim, ficava só na horta”.
O auxiliar de enfermagem Gilberto explica que a horta é fundamental, pois há ainda a questão terapêutica física. “É um complemento do tratamento. O paciente acaba dormindo melhor, passa a ter um aspecto físico mais relaxado, tranqüilo”, acrescenta.
Outro que encontrou na horta um apoio é Adão Ferrara Parise, 50. Há três anos ele freqüenta o Caps. “Cheguei no início do projeto. É bom, é uma distração. A gente molha, aduba, planta, prepara o canteiro, esterca, limpa e colhe. E ainda arrecada um dinheiro. É um trabalho bom, afinal o alimento vem da terra”, analisa o paciente. Na primeira colheita, a produção foi vendida e os pacientes puderam utilizar o dinheiro para suprir algumas necessidades. “Comprei pasta e escova de dente e uma bolsinha para guardar essas coisas. Dá para comprar várias coisas. É bom isso”, conta Adão.
O Guarda Municipal José Carlos Mota trabalha no Caps desde janeiro de 2010. Ele conta que a mudança no comportamento é visível. “Eles ficam mais sociáveis. Um cuida do outro, ajuda no trabalho. Com esse trabalho em equipe eles estão aprendendo a respeitar mais um ao outro”.
Passeio
A terapia continua após a colheita, com a venda e até mesmo, com a utilização do dinheiro arrecadado. “Uma preocupação é o que fazer com o dinheiro arrecadado na horta. Como retribuir o trabalho para eles. Há o risco de que alguns façam mau uso do dinheiro, com bebida e outras coisas. Temos que pensar nisso, mas também na questão da participação deles. Nesse primeiro momento queremos fazer a integração, sair com eles, comer uma pizza. O dinheiro será revertido nesta recreação social”, explica Gilberto.
José Donizetti César, outro paciente que adora a horta espera ansioso por este passeio. “Gosto de trabalhar na horta. Ontem, baldeamos tijolos para fazer os canteiros. Colhemos alfaces, almeirão e fomos vender. Vamos dar um passeio com esse dinheiro. Quero ir comer pizza”, disse José.
Para o grupo que coordena a horta, este passeio será importante, pois gera uma motivação para que haja continuidade no processo. “Para que eles percebam que o trabalho que realizam proporciona um retorno através de um momento alegre”, disse a voluntária Patrícia. “Sair é uma coisa tão natural para a gente. Para eles, não. O propósito é que eles participem dessas atividades como todo mundo faz inclusive para quebrar preconceitos”, explica a estagiária Márcia. (Fonte: ACPMI)
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