Michael Petyo (Foto) é carpinteiro, veterano da Marinha, avô, director do coro na igreja ortodoxa da sua terra e gabarolas do seu bolo de noz caseiro. Acontece que Michael Petyo também é candidato à presidência dos Estados Unidos da América. Este homem de 66 anos, do estado de Indiana não tem grandes apoios financeiros, nem grande experiência política, tirando duas tentativas falhadas de ser eleito para o Congresso, e a sua possibilidade de chegar à Casa Branca é zero. Mas isso não o impediu de achar que é o homem certo para suceder ao Presidente Barack Obama.
O carpinteiro Petyo faz parte de um grupo crescente de norte-americanos que aspiram a ser Presidente, num fenómeno que os peritos descrevem como sendo uma mistura de um enorme narcisismo, desilusão com os políticos e a capacidade das redes sociais para chegar a audiências cada mais vastas.
Ao juntar-se aos mais de 1500 candidatos, segundo os números da Comissão Eleitoral Federal, Petyo admite que muito dificilmente vai chegar a algum lado, mas diz que só precisa que lhe dêem alguma atenção: “Como é que alguém pode ter a certeza que eu não sou o tipo que se segue?”
O número de candidatos à Casa Branca mais do que triplicou entre 2012 (417) e 2016, com alguns candidatos a avançarem com nomes fictícios como “Disco Daddy” e “Darth Vader”. Alguns não existem de todo, muitos não vão chegar às primárias que se realizam este mês de Fevereiro, mas dezenas vão mesmo a votos no New Hampshire, onde a quantia de mil dólares lhes compra um lugar no boletim de voto. A lista inclui candidaturas como a de Susan Young, uma professora de sociologia da Califórnia que tem como objectivo dar uma lição sobre democracia aos seus alunos. Também lá estão o pastor evangélico Terry Jones, que ficou conhecido por incendiar Corões em público, e John McAfee, pioneiro dos programas antivírus.
Outra candidata, Edie Bukewihge, incluiu a receita de chili da avó no site da sua campanha (www.vote4edie.org), juntamente com a promessa de que os últimos dois anos do seu mandato serão aborrecidos porque entretanto ela já terá “reparado as avarias” do país.
A falta de atenção mediática não diminui o entusiasmo destes candidatos quase anónimos. Michael Petyo gosta de se comparar com o David da Bíblia, o pastor que deus escolheu para ser rei. Tal como David, “as palavras saem dos meus lábios com o mel sai de uma colmeia”, diz Petyo, que, em termos constitucionais, tem tudo o que é preciso para ser Presidente dos EUA: tem mais de 35 anos e nasceu em território norte-americano.
“Não vejo como é que alguém pode representar o povo se não for do povo”, diz o carpinteiro que é hoje dono de uma pequena empresa de construção e tem andado a distribuir cartões-de-visita em eventos políticos um pouco por todo o Midwest. No seu site (www.petyoforpresident.com) podemos ficar a conhecer algum do seu pensamento político que está pejado de teorias da conspiração: que a sede do IRS norte-americano fica em Puerto Rico, que os terroristas do 11 de Setembro tiveram ajuda do te: governo norte-americano, que a principal agência de protecção civil está a construir campos de detenção por todo o país…
Para candidatos como Petyo, o mais importante é encontrar americanos dispostos a ouvir as suas ideias, explica Bart Rossi, um psicólogo que trabalha na área da política. “Querem deitar cá para fora os seus pensamentos e ideias. Querem estar no campo de jogo mesmo sabendo que não vão ganhar”.
Michael Maccoby, um psicoanalista perito em técnicas de liderança considera que o mundo está a atravessar mudanças profundas e que há cada vez mais pessoas a desconfiarem dos líderes actuais. “É compreensível que existam muitas pessoas a pensar que são elas que têm a resposta certa.”
Petyo é um republicano que rejeita o rótulo partidário já que é um grande apoiante dos sindicatos, uma posição tipicamente democrata, ao mesmo tempo que defende que as empresas americanas deviam pagar poucos ou nenhuns impostos. Pode, desde já, contar com um voto. O seu amigo de longa data, Jim Wright, um engenheiro reformado de 65 anos, que distribui panfletos para o seu candidato e diz que vai votar em Petyo mesmo sabendo que ele “não tem qualquer hipótese”. (Fonte: REUTERS /UOL)
Foto:
Michael Petyo foi a Chicago distribuir os seus cartões-de-visita (Jim Young/Reuters)
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