...O curioso é que em todos esses cartazes a figura do político aparece no mais largo e expressivo sorriso.
Mas, afinal, de que riem os candidatos?
Ririam da pobreza que assola a população, e que a eles não afeta, pois que, como dignos representantes do povo estariam (como de fato estão) imunes à miséria?
Ou ririam da falta de segurança que, agora, às vésperas da eleição, todos empunham como bandeira, mas não se atrevem a empunhar a bandeira pela reformulação das frágeis leis penais (talvez porque seriam os primeiros a serem atingidos por ela) ?
Não estariam rindo da crença de que pondo a ROTA na rua, o problema da segurança pública estaria resolvido, quando na verdade, o ponto não é este? De nada adianta prender o bandido hoje, se com a aplicação dos benefícios da própria lei (por eles feita) amanhã o delinqüente estará de novo solto, e, pronto para vingar quem o denunciou, ou quem o prendeu.
Não ririam eles, por acaso, da precariedade do ensino público, onde os professores são ridicularizados, desrespeitados, ofendidos, maltratados, ameaçados, mal pagos e tidos como seres de somenos importância, quando na verdade são os mais importantes em todo contexto nacional, pois deles depende a formação do futuro cidadão eleitor?
Não estariam rindo dos miseráveis doentes que amanhecem nas filas do INSS, à procura de algum milagre da saúde pública, quando sua saúde é mantida pelos melhores convênios médicos?
Vê-se que cada um tem o riso maior que de seu vizinho de poste.
Ou estariam eles rindo da ingenuidade (pra não dizer outra palavra) do eleitor, que acredita piamente nas promessas por eles feitas?
Não estariam eles rindo da falta de trabalho que assola nossa população, e que torna o dia a dia de nossos jovens incerto e inseguro, já que o desemprego não atingiria a eles?
Porque ririam, se tanta desgraça afeta seu eleitor?
Mas, afinal, de que riem tanto?
Não seria seu riso por causa da falta de preço do produto agrícola, que muitas das vezes fica mais barato deixar que apodreça na lavoura, do que colhê-los, para por no mercado, enquanto milhares de brasileiros morrem de fome?
Ou o riso deles, seria porque estão acima de todas estas desgraças sendo que o povo, amarga a desilusão e a desesperança?
Ora, porque então riem nossos candidatos?
Porque riem, se o dinheiro gasto na campanha, muitas vezes é muito maior que a soma dos proventos que irão ter, quando eleitos, durante todo seu mandato?
Porque riem, se o povo chora?
Porque riem, se o povo sofre?
Porque riem, se o povo já não tem mais esperança?
Porque riem, se o povo já não sabe mais quem escolher?
Porque riem, se o povo anda massacrado com tantos impostos, que o que sobra mal dá pra comer?
Porque riem, se o povo está a mercê dos marginais?
Afinal, de que riem os políticos?
Não seria mais lógico que, em meio a tantas desgraças, a tantos dissabores, nossos candidatos aparecessem com uma expressão mais séria, mais compenetrada?
O candidato ri, e o povo chora;
O candidato ri, e o povo sofre;
O candidato ri, e o povo é assassinado;
O candidato ri, e o povo morre sem socorro hospitalar;
O candidato ri, e o povo fica sem escola;
O candidato ri, e o povo vota em quem melhor mentiu;
O candidato ri, e o povo
... ora o povo...
JOAQUIM ROQUE NOGUEIRA PAIM
(Advogado em Jundiaí – Especialista em Direito Previdenciário)
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