...O Golpe que teve como justificativa proteger a democracia, resultou em 21 anos de ditadura...
Vivemos esses 21 anos com muita luta pela redemocratização do país, muitas mortes, muita desinformação etc etc.
Com a abertura política e a volta da democracia, continuamos a viver momentos de instabilidade, de falta de credibilidade no regime, algum progresso na era FHC, e nada mais.
O momento atual é muito pior que aqueles dias, que antecederam ao golpe de 1964; vivemos uma farsa política; os governantes que tomaram o poder nos impuseram um verdadeiro “conto do vigário”.
O Zé Povinho foi esquecido; é só constatar as situações precárias da segurança, educação e saúde; no entanto, os escândalos se sucedem diariamente.
A proposito o filme “O Alfaiate do Panamá”, retrata bem o que é preparar ideologicamente um golpe, utilizando-se das nuances, das aflições populares e das oportunidades para chegar lá e tirar as vantagens pessoais.
Em tempos diferentes a ficção está plagiando a nossa realidade ou vice-versa. O Golpe de 64 e as consequências que estamos vivendo são muito próximos.
“O Alfaiate do Panamá”, o filme, se passa em 1999, quando da devolução do Canal do Panamá, até então sob controle dos EUA, para o governo panamenho. Andrew Osnard (Pierce Brosnan) é um sedutor espião britânico que foi banido do Panamá. Para conseguir as informações que precisava, ele recorre a Harry Pendel (Geoffrey Rush), um alfaiate britânico, ex preso, que refez sua vida e constituiu família naquele pais e esconde seu passado.
Costura para políticos e oficiais do país; tem facilidades para saber as novidades dos governantes; o espião, conhecendo seu passado, o chantageia a conseguir informações ouvindo as conversas de seus clientes.
O que o espião não sabe é que o alfaiate tem um dom para inventar histórias, que ganhariam consequências inesperadas e que poderiam colocar Harry e o Panamá em risco.
O espião joga com essas falsas informações de que na posse do canal, os governantes do Panamá iriam revendê-lo a outro país, com ideologia contrária aos americanos, para conseguir financiamentos para o golpe e se dar bem.
E os americanos, desinformados e com medo de que realmente tal situação se confirmasse, financia o golpe para que o canal permanecesse como estava, com malas e malas cheias de dólares e ataque bélico.
Nesse interim a farsa é descoberta, mas aí já é tarde, e nosso herói é visto dentro de um jatinho fugindo do país, com malas cheias.
Malas cheia de dólares, dinheiro na cueca, as semelhanças entre a ficção do filme e nossa realidade são muitas.
O filme é baseado na obra de John Le Carré.
Vivemos isso tudo até hoje por nada; o que se vê por aqui atualmente é muito pior ou igual aos dias que antecederam ao golpe de 64.
Os farsantes, aloprados, os incompetentes de punho cerrado, os nossos governantes estão aí para confirmar o engodo que vivemos.
Wagner Sampaio é Advogado
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