"ESTIVE LA"

Havia adquirido os ingressos há mais de ano, através do meu filho que lá reside.

Confesso, que na semana que antecedeu ao jogo e em que eclodiram as manifestações pelo país, pensei seriamente em ficar quietinho em casa.

Fui voto vencido. E na véspera do jogo viajei de carro para Minas Gerais; até Betim, onde chegamos por volta das 16h30min, estava tudo em ordem; lá a rodovia estava bloqueada com manifestações, aliás várias, em locais diferentes.

Ficamos parados cinco horas, até por volta das 21h30min, quando o trânsito passou a andar muito rápido. Eu estava na pista da esquerda e não tinha como mudar de pista, e não podendo mudar de pista com destino ao centro de BH, acabei entrando erroneamente em Contagem.

Esse erro foi minha sorte. A partir daí contratei um táxi que me conduziu até meu hotel, evitando as manifestações.

Cheguei ao por volta das 22hs45min e a carraspana me impressionou tanto, que pretendia não sair do hotel no dia seguinte, esquecer o jogo, vez que havia a informação na Internet de que manifestantes estavam dispostos a fechar os acessos ao estádio, para impedir o jogo, num gesto de flagrante confronto !

No dia seguinte pela manhã, após o café, desci ao hall do hotel para acessar a internet as publicações/intimações da Aasp, e conversando com um coreano, já todo trocadinho para ir pro campo, ele me informou que estava acompanhando a seleção; estivera no Ceará, na Bahia, ia ao Mineirão e pretendia no dia seguinte viajar para o Rio.

Perguntei-lhe se tinha receio das manifestações etc. Ele respondeu com firmeza, embora falasse com muita dificuldade a nossa língua, “o táxi me deixa na porta do estádio e evita os baderneiros”.

Minha paúra acabou aí! Se o coreano com toda dificuldade em falar a nossa língua, não tinha receio algum, porque eu teria?

Combinei com meu pessoal e fomos para o estádio antes do almoço; pretendíamos almoçar no restaurante JK Deck, que fica na esquina do Mineirão.

Chegamos rapidamente ao estádio e não conseguimos entrar no Restaurante; além da fila havia um custo de R$30,00, na portaria e a advertência de que provavelmente não seríamos atendidos.

Ficamos com fome. O padrão Fifa não estava funcionando.

Ingressamos no estádio por volta das 13hs, e aí sim conhecemos o decantado “Padrão Fifa”.

No Mineirão existe a tradição, nos bares, de vender o “Tropeirinho”. Estava receoso e conversei com a dona do boteco sobre a comida. Ela falou que o padrão Fifa exigiu, que ela contratasse uma nutricionista; ela foi além e contratou uma Engenheira de Alimentos e Nutricionista; e a comida era garantida.

De fato a comida era excelente, composta de feijão tropeiro, arroz, bisteca de porco, ovo frito, torresmo e couve, num mamitex, quente, boa aparência e sabor ótimo. Paguei R$12,00, pelo marmitex e não achei caro; já a cerveja Budwaiser a R$12,00, a Brahma R$9,00, refrigerante e água R$6,00, achei-os bem caro.

Os preços e a qualidade são exigências do Padrão Fifa de qualidade.

Ninguém queria saber dos preços, no intervalos os bares internos estavam todos lotados.

O jogo foi excelente. Estávamos atrás do gol do Brasil, no meio da torcida do Galo”, quando sofremos o pênalti e nosso goleiro pegou, e também no gol do Paulinho. Pensei que o estádio ia cair.

A torcida é um espetáculo a parte; as manifestações a favor do Brasil, contra o Uruguai, contra o Galvão Bueno são indescritíveis; precisavA viver essa emoção para entender o que eu estou dizendo.

Terminado o jogo havia orientação do pessoal da Fifa, com megafones, da GM e da Policia Militar, orientando os torcedores no trajeto a seguir, a fim de evitar os locais onde estavam ocorrendo os tumultos.

Saímos do estádio sem problemas, e na rua, alguns PMs., ainda se prontificaram a chamar táxi para nós. Chegamos e saímos sem problemas e sem ver as manifestações que lá ocorreram.

Tiramos algumas conclusões: Temos estádios e time; internamente os problemas estão caminhando a contento para as soluções. O caos vai ocorrer nos transportes: Não temos estradas em bom estado, aeroportos estão sucateados, ferrovias inexistem, ou seja: o Bananão não se preparou para o Campeonato Mundial nem tampouco para as Olimpíadas.

Já compramos e pagamos os ingressos para o terceiro jogo do mundial no Mineirão; não sei quem vai jogar, mas meu lugar já está garantido.

Wagner Sampaio é Advogado

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