Em entrevista à CNN, o chefe de polícia disse que o irmão mais velho, Tamerlan Tsarnaev, 26, ficou sem munição após troca de tiros com policiais.
Segundo o chefe de polícia, na noite de quinta-feira (18), após matarem um policial no campus do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT, na sigla em inglês), os irmãos foram até Watertown em dois carros, um Mercedes SUV e um Honda.
O celular do dono do SUV ainda estava no carro, o que permitiu à polícia rastrear o aparelho e descobrir a localização do veículo. Pelo rádio, o policial que primeiro avistou os veículos roubados chamou reforços. Era 1h da manhã.
Antes que o apoio chegasse, os irmãos pararam os veículos em uma rua residencial. Quando o policial sozinho se aproximou para abordar os suspeitos, Tamerlan começou a disparar contra ele, e começou a troca de tiros.
Quando os demais policiais chegaram ao local, os irmãos atiraram contra eles quatro bombas - aparentemente, do mesmo tipo das usadas na maratona de Boston. Dois dos artefatos explodiram, e dois não. A troca de tiros durou entre cinco e dez minutos, estima o chefe de polícia, e cerca de 200 disparos foram efetuados.
Sem munição
Após algum tempo de tiroteio, Tamerlan saiu das sombras de onde estava escondido e caminhou em direção aos policiais, ainda disparando, até ficar mais perto dos agentes. Então parou de atirar.
"O cara mau ficou sem munição", afirmou o chefe de polícia à "CNN". Neste momento, um policial empurrou o suspeito e três o cercaram. Começou ali uma luta corporal para botar Tamerlan no chão e algemá-lo.
Quando o suspeito já estava no chão e prestes a ser algemado, seu irmão, Dzhokhar Tsarnaev, 19, acelerou um dos carros roubados contra os policiais, que pularam na calçada para desviar do veículo. O adolescente então atingiu o próprio irmão e o arrastou pela rua por uma pequena distância, segundo o chefe de polícia. Depois fugiu, deixando Tamerlan no local.
Segunda fuga
O irmão mais velho morreu no hospital. O mais novo fugiu debaixo de tiros, e abandonou o carro a três ruas do local do confronto. Ele fugiu a pé e foi encontrado e preso quase 24h depois, na sexta-feira (19). Achado escondido em um bote no quintal de uma casa, ele tentou resistir à prisão e disparou contra policiais antes de se render. Quando foi retirado, ele estava encharcado de sangue.
Segundo a polícia, foi a cor vermelha que chamou a atenção do morador da casa cuja embarcação estava estacionada.
O médico que recebeu Talerman ferido disse que ele sofreu múltiplas lesões, o que causou uma parada cardiorrespiratória. Questionado sobre a quantidade de tiros que ele levou, o médico afirmou: "incapaz de contar".
Obama fala
Na noite de sexta-feira (19), já com Dzhokhar preso, presidente dos EUA, Barack Obama, disse em pronunciamento que "fechou-se um capítulo muito importante" da tragédia em Boston.
Obama também agradeceu aos policiais e lembrou das vítimas, mas disse que ainda há muitas dúvidas, como a motivação dos jovens. "Seja o que levou esses homens a fazer o que fizeram, nós não vamos aceitar. Por que esses irmãos se viraram contra o país? Eles tiveram ajuda? Nós vamos descobrir o que houve", disse. "Eles falharam porque nós nos recusamos a ser aterrorizados", afirmou.
Atentado
O atentado ocorrido durante a Maratona de Boston na última segunda-feira (15) deixou três mortos e mais de 170 feridos. Mais de dez feridos ainda estão internados em um hospital de Boston, três em estado grave.
Mesmo com o suspeito preso, a polícia afirma que as investigações vão continuar.
Dzhokhar e o suspeito morto Tamerlan Tsarnaev, 26, são apontados pelo FBI –polícia federal norte-americana– como responsáveis pelas duas explosões da maratona. Segundo o FBI, as explosões foram provocadas por bombas caseiras, montadas em panelas de pressão e transportadas em mochilas deixadas no local das explosões, onde havia uma concentração de milhares de pessoas.
Os dois suspeitos são russos, provenientes de uma região próxima à Tchetchênia, e residentes legais nos Estados Unidos há no mínimo um ano.
Os fatos motivaram uma reação de Moscou condenando o terrorismo, e do dirigente pró-russo da Chechênia criticando a polícia de Boston por matar um cidadão com origem étnica na região. Ele disse que a violência foi motivada pela criação que os rapazes tiveram nos EUA.
O tio dos rapazes afirmou que os irmãos chegaram aos EUA no começo da década passada. Apesar de não afirmar que seus sobrinhos cometeram os atentados, ele especulou sobre o que os levaria a cometer tal ato.
"Eu digo o que eu acho que está por trás disso - serem derrotados", disse Ruslan Tsarni a jornalistas em Washington. "Não serem capazes de se estabelecerem e, portanto, odiarem todos que conseguiram."
Ligação com islamismo
Nas redes sociais, Dzhokhar se descreve como integrante de uma minoria do Cáucaso, área que abrange a Chechênia, o Daguestão e a Inguchétia e venera o Islã.
Uma conta no Youtube em nome de Tsarnaev Tamerlane - nome do irmão mais velho - também continha conteúdo com conotação islâmica.
Morador da cidade russa de Makhachkala, o pai dos irmãos, Anzor Tsarnaev, disse à agência russa "Interfax" que o serviço secreto americano fez uma armadilha para seus filhos por eles serem muçulmanos. A mãe dos rapazes disse que o FBI vigiava seu filho mais velho há três anos.
O FBI disse apenas que seus agentes interrogaram Tamerlan em 2011 a pedido de um governo estrangeiro, mas nenhuma informação suspeita foi encontrada na ocasião. (Fonte: Agências internacionais/Folha/AP)
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