Kat Cole, 34 anos, teve um início improvável na indústria de alimentos. Enquanto terminava o ensino Médio, na Flórida, Estados Unidos, ela trabalhava como garçonete do Hooters, servindo cerveja e asas de frango usando um shorts minúsculo laranja. Mas aos 19 anos, ela recebeu uma oportunidade única na vida: ajudar a rede de restaurantes expandir internacionalmente.
Cole não pensou duas vezes. Deixou para segundo plano a vontade de se tornar engenheira e advogada e optou pelo caminho de executiva no ramo de alimentos. Na década em que trabalhou no Hooters, Cole diz que passou de 100 lojas e uma receita de US$ 300 milhões para 500 lojas em 33 países, com uma receita de US$ 1 bilhão.
Agora, a jovem espera fazer mais uma mágica. Desta vez, como presidente da rede de confeitaria e assados, Cinnabon, que inclui Carvel, Auntie Anne’s Pretzels e Moe’s Southwestern Grill. Além de alcançar mil franquias em 50 países, a marca Cinnabom tem expandido em mercearias por meio de parcerias com líderes do setor, como Pillsbury e Kellogs. Cinnabon também está crescendo sua presença em outras redes de restaurantes fast-food, por meio de colaboradores como Burger King e Taco Bell.
Cole diz que está prestes a atingir US$ 1 bilhão em vendas no varejo e, em breve, a marca será considerada uma das “maiores empresas de alimentação do mundo”.
A escritora da Forbes, Jenna Goudreau, conversou com a jovem empresária para revelar o que está por vir de seus negócios e contar sua trajetória.
Jenna Goudreau: em qual velocidade anda os negócios da Cinnabon?
Kat Cole: a empresa está se tornando uma das maiores marcas do mundo no segmento alimentício. Eventualmente, terá a mesma representatividade de marcas como Oreo e Hershey.
J. G. - Essa é uma afirmação ousada para uma panificadora de shoppings.
K. C. - Não é apenas uma panificadora em shoppings. Isso ainda é o núcleo de um projeto muito maior. Demorou anos para Cinnabon começar a ficar conhecida no setor. Temos próprios ingredientes, o que deixa nossa canela mais especial. Isso nos faz ter credibilidade no mercado no espaço de confeitaria e, como o Pillsbury é o maior vendedor de massa refrigerada, unimos forças e colocamos nossa canela em seus pães e nosso nome na embalagem.
Continuamos crescendo em waffles e panquecas, o que levou a uma parceria com a Kellogs e outras pequenas empresas. Assim, temos agora mais de 60 produtos. Expandimos nossas lojas em supermercados, aeroportos, shopping e outros lugares com bastante movimento de pessoas.
J. G. - Você também está se aventurando em licenciamento de produtos. Como isso funciona?
K. C. - Criar produtos para outras redes de restaurantes é o objetivo final e que estamos prestes a atingir - US$ 1 bilhão em vendas no varejo, um marco importante da Cinnabon. O licenciamento é essencial para franchising e para os embalados, porque estamos desenvolvendo produtos para consumo imediato em outros restaurantes.
Temos uma rosca que fizemos para Taco Bell, chamada de Cinnabon Delights, e nós acabamos de lançar Cinnabon Minibons em mais de 7.000 lojas do Burger King. As redes querem algo que mexa com os consumidores, de modo que vão pagar por ele.
J. G. - Como você diminui os riscos por expandir tão rapidamente?
K. C. - Muitos líderes tomam a decisão errada em virar as costas para o seu núcleo e perseguir o próximo objetivo. Meus negócios de licenciamento teriam sobrevidas se as franquias fossem embora, por isso é fundamental reinvestir no berço do negócio. Nós temos, aproximadamente, 25% de nossas franquias reformadas. Elas ganharam uma fachada mais bonita, elegante, que não se parece nada com a padaria da vovó. Até o final do próximo ano, 50% delas serão repaginadas.
J. G. - Seus produtos não são alimentos saudáveis. Cada pão de canela tem cerca de 800 calorias. Como você equilibra a responsabilidade social com a empresarial?
K. C. - Há um lugar no mercado para as marcas indulgentes. Mesmo dando o exemplo saudável, o presidente Obama come um hambúrguer gorduroso de vez em quando. Nós não estamos pedindo as pessoas para comer nossos doces todos os dias, mas em dias que queiram sair da rotina, dar um agrado a si mesmos. Nossos doces têm mais prazer por caloria do que qualquer outro da concorrência.
J. G. - Você está à frente de grandes empresas de alimentos desde seus 20 anos. Outros líderes ainda têm resistência à sua idade?
K. C. - Se fizeram isso, não demonstraram. A juventude está ao meu favor. Eu sou humilde o suficiente para saber que também cometo erros com assuntos que ainda não entendo. Peço ajuda as pessoas e elas são generosas comigo.
J. G. - Sua carreira começou em uma posição incomum para uma empresária: garçonete do Hooters, na Flórida.
K. C. - Apenas tinha minha mãe que trabalhava em três empregos e nos alimentou com US$ 10 por semana. Assim que a lei permitiu, comecei a trabalhar. Eu vendia roupas no shopping depois da escola, antes de ser recrutada pelo restaurante. Aos 18 anos, eu era garçonete e adorei a ideia. Quando o cozinheiro saia, eu aprendia suas funções na cozinha e, quando o gerente se ausentava, eu aprendia a fazer a gestão do restaurante.
Depois fui para a University of North Florida, planejando me formar em Engenharia e Direito. Quando tinha 19 anos, porém, tive a oportunidade de abrir o primeiro restaurante Hooters na Austrália. Fiquei em Sydney por 40 dias e quando voltei fui convidada para abrir outro restaurante na América Central. Então foram na América do Sul, Ásia, África e Canadá. Com 20 anos, abri restaurantes na maioria dos continentes e não tinha título educacional. Então procurei me tornar chefe de treinamento corporativo do Hooters.
J. G. - Eu soube que você tem um MBA. Como você conciliou os estudos com a carreira?
K. C. - Me tornei vice-presidente da Hooters e fui instruída a voltar para a faculdade. Eu tinha 29 anos e pensei: “meu deus, eu já sou vice-presidente de uma empresa de US$ 1 bilhão. Eu realmente preciso voltar e terminar meu bacharelado?”. Recolhi todas minhas cartas de recomendação, inclusive de Ted Turned, e fui aceita no programa de MBA da Georgia State, estudando todas as noites e fins de semana entre 2008 e 2010. Me formei dois meses depois que comecei a Cinnabon.
J. G. - O que te fez ir para a Cinnabon?
K. C. - O CEO da Hooters tinha morrido e me pediram para levar a compra da empresa, lidando com analistas, corretores e investidores. Entre as negociações eu pensava: “graças a Deus fui para a aula de ontem, ou eu não saberia o que aquilo significava!”. Iniciei a Cinnabon após a Hooters assinar o contrato de compra.
J. G. - Você tem alguma capacidade multitarefa sobrenatural?
K. C. - Eu não tenho filhos. O trabalho é extremamente gratificante e eu me divirto, por isso é fácil realizá-lo. A educação foi o mais difícil.
J. G. - Qual conselho você daria para outros jovens que esperam ter sucesso no negócio?
K. C. - Aprender com todas experiências. Ser voluntário e proativo. Faça parte de alguma organização da indústria. Eu comecei como a senhora do crachá, distribuindo crachás em eventos da Women’s Foodservice Forum. Em um desses eventos, ajudei uma mulher a encontrar seu assento.
Acontece que ela era a fundadora da revista Pink e acabamos nos tornando amigas. Quando você faz as coisas certas pelas razões certas, sempre tem seu retorno. (Fonte: Luiza Belloni Veronesi/InfoMoney)
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